Livro: De volta para você Página 2

... bem! Olívia fechou os olhos por um instante. Como poderia dar alegria e disposição a alguém, se ela mesma já vinha se sentindo deprimida há tanto tempo? "E agora mais esta", pensou, com um profundo suspiro. Não, ela decidiu. Por nada no mundo poderia voltar à Fazenda Gallangher e defrontar-se com Samuel. Isto seria simplesmente impossível. Tomando fôlego, explicou: — Elza, você sabe o quanto quero bem a você e a toda sua família. — Nós também a adoramos, querida - a velha senhora afirmou, lisonjeada. Num tom confidencial, acrescentou: — Escute, eu não contei a ninguém que você voltou para a América. De fato, Olívia escrevera para Elza um mês antes, comunicando seu regresso, depois de quatro anos de ausência. Na carta, pedira-lhe que não comentasse o fato com os conhecidos, pois o que menos Olívia desejava era ser abordada com perguntas que ela não poderia responder. A primeira coisa que sem dúvida as pessoas indagariam seria: "e então, como foi sua experiência?" E Olívia teria de mentir, ou de dizer que, de algum modo, havia fracassado. — Imagine só como o meu Jimmy, Kathleen, Samuel e Nick ficarão felizes por vê-la aqui. - Elza estava exultante, longe de supor os pensamentos sombrios de Olívia. "Quanto ao velho sr. Jimmy Gallangher, Kathleen e Nick, tudo bem", Olívia disse para si. "Mas quanto a Samuel. Aposto que ele detestaria uma surpresa desse tipo." — Escute, Elza, quando eu lhe recomendei discrição a respeito de meu regresso à América, não estava pedindo segredo com relação a sua família. — Claro, querida. Eu sei disso. Mas achei que seria uma boa idéia fazer uma surpresa para todos eles. Sobretudo para Kathleen. Armando-se de coragem, Olívia tentou recusar: — Você não imagina como fico feliz com esse convite, mas. — Oh, isso quer dizer que você virá? - a velha senhora a interrompeu. — Não - Olívia apressou-se a responder. — Eu. Sinto muito, mas. Elza torno ...

a interrompê-la: — A menos que você tenha um motivo muito grave para recusar o convite, não aceitarei um "não" como resposta. — Elza, você não compreende. — Dê-me um motivo que seja mais forte do que a alegria que você trará a nós todos, com sua presença. Mais forte do que a felicidade que minha filha Kathleen sentirá, por revê-la! — Eu simplesmente. — Você simplesmente está proibida de dizer "não" - a velha senhora sentenciou, rindo. Olívia levantou-se do sofá e, com o telefone nas mãos, andou nervosamente de um lado a outro da sala. Tudo o que tinha a dizer era: "Sinto muito, Elza. Eu adoraria rever vocês todos, mas não posso ir até a fazenda Gallangher. Não posso deparar com Sam novamente. Nós dois nos dissemos "adeus" há quatro anos e juramos nunca mais nos encontrar." Mas Elza jamais soubera do amor de Olívia por Samuel Gallangher. Aliás, ninguém da família ficara a par do romance. "Sam deve saber que eu continuo a amá-lo", ela pensou, com uma pontada de dor. "Mas ele nunca se interessou pelos meus sentimentos." Olívia estava pronta para reafirmar sua negativa, quando de repente ocorreu-lhe que não deveria deixar que Samuel Gallangher a impedisse de rever o resto da família. Ele já a havia magoado seriamente uma vez, no passado. Mas, agora, tudo poderia ser bem diferente. Se ela não permitisse que aquele homem a ferisse de novo, talvez pudesse desfrutar um bom feriado, ao lado da família mais maravilhosa que conhecia: os Gallangher. Esse pensamento, reforçado pela insistência da velha Elza Gallangher, acabou por fazer Olívia decidir-se: — Está bem, minha querida. Eu aceito o convite. CAPÍTULO I O celeiro da Fazenda Gallangher ficava próximo da casa onde a família vivia. Cerca de quatrocentos metros separavam a antiga mas bem conservada construção do casarão principal da propriedade. Samuel Gallangher saiu do celeiro, caminhando pela estreita estrada de cascalho, e ...

Comentários:

Deixe aqui seu comentário sobre este livro: