Livro: Casados ao Amanhecer Página 3

... éia de direção para o pessoal. A verdade era que ele não sabia qual rumo deveria tomar em sua própria vida, quanto mais com a empresa. Mike hesitou por um instante, depois ajustou os óculos no nariz e se despediu. Caminhou pelo estacionamento com passos lentos e a cabeça baixa. Olhou para trás umas duas vezes até entrar na velha camioneta de cor verde e se afastar rapidamente. Carter deixou escapar um suspiro desanimado e girou nos calcanhares. Então, rumou para o seu apartamento. Após deixar as chaves do carro sobre a prateleira de vidro próxima da porta, ele se acomodou no sofá e decidiu abrir o pacote que Mike lhe entregara. Tratava-se de um gato de pelúcia em tamanho natural com uma pelugem branca misturada com cinza e parecia muito real. Carter procurou pelo botão on/off do brinquedo e o acionou. O gato rolou sobre o carpete da sala e depois de alguns miados lamuriosos deitou-se de costas e balançou as patas no ar. Estremeceu o corpo por duas vezes e depois ficou imóvel. "Justamente o brinquedo que a empresa estava precisando", Carter lamentou-se com sarcasmo, "Um gato que se finge de morto". Após abandonar o brinquedo sobre a poltrona, Carter seguiu em direção à cozinha. Depois disso tudo, o que ele mais precisava era de um drinque. E talvez umas férias prolongadas com uma mulher bonita e de preferência em uma ilha deserta. O pior era que o armário onde ele guardava as bebidas estava vazio. O apartamento carecia dos cuidados de uma mulher desde que Cecília saíra apressada na última terça-feira, após saber que as férias que ele lhe prometera estavam comprometidas pelo fato de Carter ter assumido o controle da TweedleDee Toys. O que significara um erro de proporções épicas. Carter não sabia dizer o que se passara na mente de seu tio Harry quando redigira o testamento deixando a fábrica de brinquedos para ele. Seu irmão gêmeo teria sido uma escolha muito mais sábia. Cade era o tipo de pessoa organizada, daquela ...

em quem se pode confiar um projeto e ter certeza de que dará conta do recado. Ele conseguira se sair muito bem na firma de advocacia do pai deles, e agora que havia se casado com Melanie, estava trabalhando com a esposa no ramo de distribuição de café para cafeterias em shoppings. O sucesso que a marca fizera espalhara-se por todo o meio-oeste do país. Muito diferente de Carter, cuja grande façanha na vida tinha sido arrasar a empresa de brinquedos do tio Harry. Sem mencionar o fato de desapontar seu pai inúmeras vezes. — Nos seus quase quarenta anos de vida, Carter só fizera uma coisa de maneira perfeita: a arte de se tornar uma grande decepção para o pai e para ele mesmo. Ele se mudara para aquele apartamento um mês antes, a fim de poder ficar mais próximo da TweedleDee Toys e escapar da constante desaprovação de seu pai, enquanto moravam próximos. Embora o apartamento fosse bonito e limpo, o lugar não parecia acolhedor. Não era o tipo de lar para onde se anseia voltar no final do dia. O apartamento simplesmente existia como se fosse algo inserido em um catálogo. A pintura das paredes, assim como a mobília e a decoração dos ambientes, tinha sido executada por um designer profissional. Carter não tinha nem tempo e nem inclinação para essas coisas. A única coisa que ele fizera fora contratar uma diarista que comparecia uma vez por semana e cuidava de manter o ambiente livre de pó e polia os vidros. Aquele apartamento não parecia diferente dos demais em que Carter vivera nos últimos anos. Frio, impessoal e sempre cuidado por pessoas estranhas. Na verdade, ele nunca parara muito tempo em um mesmo lugar. E nem queria. Até que aconteceu a leitura do testamento deixado pelo tio Harry. Seis meses atrás, o barco de seu tio, The Jokester, fora encontrado à deriva em algum ponto do oceano Atlântico. Após extensas e inúteis buscas, a Guarda Costeira finalmente o declarou como oficialmente morto. Depois de saber da morte de seu ún ...

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