Livro: Suave Feitiço

... Theresa Michaels PRÓLOGO Seana sabia que o desafio seria feito. Ao amanhecer, quando o nevoeiro desapareceu, foi forçada a assistir ao combate pessoal entre seu irmão, Liam, e Micheil Gunn, herdeiro do clã mais po¬deroso da Escócia. O irmão de Seana caiu sobre um joelho, ferido. O chefe da família Gunn ergueu sua espada para o golpe mortal. - Poupe-o! - gritou Seana, correndo pelo portão aberto a fim de implorar pela vida de Liam. - Por onze anos você nos ameaçou com sua vingança! Agora, pare! Micheil, eu imploro! Aquelas palavras, para Seana, tinham gosto de fel, pois jurara jamais implorar-lhe coisa alguma. Reunindo o pouco orgulho que lhe restava, ergueu-se, altiva, até seu olhar encontrar o de Micheil. Os olhos do guerreiro escocês estavam frios, cravados no corpo delgado de Seana. - A criança? - gritou através da distância que os separavam. Micheil endureceu a expressão quando percebeu que ela não estava disposta a responder. Mas, antes que ele tivesse tempo de se mexer, antes que refletisse mais profundamente e analisasse seus sentimentos em relação à jovem, seus dois irmãos adiantaram-se em seus corcéis e aprisionaram Seana. A jovem deu um grito, logo sufocado, e sua luta para escapar foi em vão. Horrorizado, Micheil viu Jamie encostar um punhal na garganta de Seana. Sem pensar um segundo no que fazia, deixou cair a espada, deu as costas a seu inimigo, Liam, e avançou. - Pare, irmão! - ordenou Davey, o caçula dos Gunn. - Esta prostituta gerou um filho seu! Agora, Jamie e eu daremos um fim a seu tormento. Assim falando, Davey, com uma das mãos, segurou firmemente o braço de Seana, enquanto controlava com os joelhos o cavalo irrequieto. Com a mão livre, segurou-a pelos cabelos cor de mel, forçando-lhe a cabeça para trás até que ela fosse obrigada a encará-lo. - Por sua vida e pela vida desse seu irmão inútil, entregue-nos a criança! Seana sentiu a ponta da arma em sua garganta e per¬deu o resto de fôlego ...

ue ainda tinha. Sua boca estava seca; não conseguia falar. Seus olhos se fecharam, derrotados e desesperados. Seria aquela a vingança final? Tinha vontade de amaldiçoar Bridget Gunn MacKay. Por causa dela, irmã de Micheil, os Gunn haviam infla¬mado seu clã contra o dela, destruindo-o. Muito sangue rolara. E, agora, exigiam que ela lhes entregasse o próprio filho! - Ela não vai nos contar onde a criança está, Micheil - declarou Jamie, entre cínico e irritado. - Portanto, não nos deixa escolha. Um dia você vai me agradecer, caro irmão, por libertá-lo dessa bruxa que o atormenta. Micheil não disse uma única palavra. Jamie então prosseguiu: - Este não é o final que nosso pai desejava para esta história, mas é bem merecido. - Relanceou novamente o olhar para o irmão mais velho. - Micheil? - Você está cego, Jamie? - perguntou Davey com voz irônica. - Não vê que ele não consegue nem mesmo falar? - Riu com vontade. - Mas tenho certeza de que irá nos agradecer quando tivermos feito o que deve ser feito. Vamos lá, Jamie, acabe logo com isso! Abra essa garganta mentirosa! Liberte Micheil da feiticeira dos MacKay! CAPITULO UM O Início. Castelo de Halberry, 1372. As vigas enegrecidas pela fumaça estremeceram ao som vibrante das gaitas de fole no amplo salão da fortaleza Gunn. O castelo de Halberry ocupava o promontório que se projetava no mar em Mid Clyth, na costa norte de Caithness. Ingram, chefe do clã dos Gunn e príncipe herdeiro de Caithness, reinava ali. Os servos apressavam-se a manter cheios os cálices de ouro e prata incrustados de pedras preciosas sobre a grande mesa. Movido por seu imenso amor pela filha Bridget, Ingram ofereceu o primeiro brinde de parabéns aos noivos. Beber à saúde de Liam, do clã MacKay, noivo e inimigo, era algo que o amargurava. Porém, ressentia-se do fato de seus homens hesitarem em celebrar a ocasião com alegria. Aquele casamento asseguraria a paz entre os dois clãs. As guerras consta ...

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