Livro: Cerejeiras em flor Página 3

... uma maneira de se chegar a um escritório sem eles. É engraçado, quando se pensa nisso. O que era realmente engraçado era que eles estavam rindo fazia um bocado de tempo. Jantavam no hotel de Adrian e Aline nem se dava conta de que ele vinha enchendo entusiasmado seu copo de vinho, sempre que se esvaziava. — E o que mais você faz naquele templo da alta tecnologia, além de preparar café? — Oh, ajudo aqui e ali. Sam e Rex me dão uma incumbência ou outra. E também confiro os códigos de dados e assim por diante. — Códigos? Dados? Eu não entendo nada disso. — Mas deve saber alguma coisa sobre computação. — Não muito. por enquanto. Sou apenas um relações públicas, sabe, mas pretendo aprender todo o jargão rapidamente. — Encheu novamente o copo dela. — Talvez você queira me ensinar. Diga-me uma coisa: como começou a trabalhar com isso? Aline deu de ombros. — É que me puseram numa sala onde se estudava computação, na escola. Havia muitos rapazes ali, e acho que o pessoal queria equilibrar as coisas para que a classe não parecesse muito discriminadora quanto a sexo. Mas acho que me saí bem. Adrian olhou-a com admiração. A luz das velas refletia-se naqueles olhos castanhos e risonhos, fazendo com que ela sentisse um leve arrepio de excitação. — Eu diria que sim. Menina inteligente! — A gente não precisa ser tão inteligente assim, precisa é trabalhar muito. — E ter um raciocínio lógico. Vejo que terei que tratá-la com muita cautela. Aline riu, e dois homens que estavam na mesa ao lado os observaram com interesse. — Bem, espero que não se sinta na obrigação de fazer isso. Adrian segurou-lhe a mão, sorrindo. — Tomara que você esteja dizendo isso de coração. Ela o olhou intensamente. Tinha a sensação inebriante de que estava iniciando algo importante em sua vida. Não se sentia assim desde Gerald, mas não queria se lembrar disso. E a primeira mudança era uma semana em Tóquio, na equipe de ...

drian. Mal podia esperar. Tivera muito o que fazer em suas horas livres. No sábado saiu para as compras e gastou o salário de uma semana em dois vestidos leves e várias coisas que achou necessárias. Adrian lhe dissera que o tempo em Tóquio devia estar muito bom em abril. As cerejeiras em flor eram lindas, afirmara. Precisavam fazer uma excursão para fora da cidade, a fim de vê-las. Ele já estivera no Japão e conhecia os lugares mais encantadores. Emprestou-lhe um guia turístico de Tóquio, e ela leu, com grande interesse, sobre a cidade mais colorida do mundo. Durante duas semanas Aline viveu, comeu e dormiu Tóquio. E com Adrian a seu lado! Era bom demais para ser verdade! Mas era verdade, e no dia seguinte eles partiriam. Os quatro. Adrian, que chefiaria a equipe e faria todo o trabalho de relações públicas, reservando quartos em hotéis, providenciando transporte e entrevistas com as firmas japonesas; Sam e Rex, técnicos especializados; e ela, que ainda não sabia ao certo qual seria seu papel, mas se contentava em esperar até que Adrian lhe dissesse. Adrian! Ele era realmente muito especial. Aline teve que parar de sonhar e voltar ao presente quando Sam aborreceu-se, do outro lado da sala. Correndo os dedos pelos já despenteados cabelos castanhos, exclamou: — Droga! Este maldito programa está mesmo azarado! — Apontou um dedo acusador para a pequena tela cheia de linhas e números. — Será que vai dar? Não, não vai. Aline suspirou e consultou o relógio de novo. A dedicação de Sam Gruner era tal que ele perdia toda a noção do tempo quando se envolvia num novo programa. — Os cinco minutos já se esgotaram — afirmou. Sam entendeu o recado. Recostou-se na cadeira, empurrou os óculos para cima do nariz e sorriu. — Está bem, você venceu. É melhor terminar agora. Não tenho nenhuma esperança de deixar este programa funcionando antes de irmos embora. — Tirou o disco e desligou o computador; arrancou um monte de folhas d ...

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