Livro: Cerejeiras em flor Página 2

... coloridos, refletia nos cabelos loiros e no rosto trigueiro de Adrian, fazendo com que ela o achasse ainda mais bonito e atraente. Só o vira duas ou três vezes desde que ele passara a trabalhar naquele setor da firma, e na verdade nunca tinham conversado. De modo que Aline mal acreditou em seus ouvidos quando o ouviu dizer: — Boa tarde, srta. Marsden. Estive procurando por você. Tenho uma proposta para lhe fazer. — E sorriu, divertido com a forma como acabara de lhe falar. Depois de uma fração de segundo de hesitação, Aline retribuiu o sorriso. A palavra "proposta" tinha muitos significados, mas Adrian Banks era gerente de relações públicas do departamento e por isso devia estar se referindo a negócios. Naquela tarde, no escritório, ele lhe sorrira por trás da imponente mesa de trabalho e perguntara: — Que tal unir-se a minha equipe para ir a Tóquio, Srta. Marsden? Ela sentiu que se não estivesse sentada, suas pernas cederiam com o peso do corpo. — Eu? Mas por que eu? Adrian recostou-se no espaldar da cadeira, ainda sorrindo. Tinha um sorriso intrigante e travesso que desarmava qualquer um. — Por que não? Sam parece gostar muito de seu trabalho. Diz que você é tão competente quanto Rex. ou até mais. Nós precisamos de um quarto membro na equipe, e quem melhor do que Aline Marsden? Estou certo de que nossos amigos japoneses gostarão muito de conhecer uma jovem tão atraente. Bem, o que me diz? — Eu digo sim. E obrigada por me incluir. Levantando-se, ele contornou a mesa. — O prazer será todo meu. Tóquio é um lugar fascinante. Poderemos nos divertir à noite, depois de um dia de trabalho. Que tal jantarmos juntos hoje, a fim de conversarmos sobre a viagem? — concluiu, colocando a mão de leve em seu ombro. Isso acontecera havia menos de três semanas, mas Aline parecia conhecer Adrian há anos. Aquele jantar foi seguido por mais dois, nas semanas seguintes. Adrian, ao que tudo indicava, gostava muito de sua companhia; ...

fazia pouco tempo que fora transferido da matriz, em Birmingham, e não conhecia quase ninguém naquele lugar, como confessara. Morava no Lord Leycester Hotel, em Warwick, enquanto não encontrava uma casa ou apartamento para ficar. Os dois se davam muito bem. Adrian queria saber tudo sobre Aline; onde morava, como eram seus pais. Ela se esquivava das perguntas, como sempre. Não falou sobre seus pais. Os estranhos costumavam achar que era órfã, e de certa forma era mesmo. Só falava sobre o chalé no campo, onde morara com a avó. — Ela era um amor. Tão jovem para a idade. tão alegre. Morreu há três meses. — E se calara, desviando o olhar. Adrian apertara-lhe a mão, solidário, enternecendo-a. Nem todos levavam a morte de uma avó muito a sério, mas Adrian parecia saber como ela se sentia. Talvez também tivesse uma velhinha de quem gostasse muito. Depois de uma pausa, ele quis saber: — Quer dizer então que agora você está sozinha? Aline assentiu. — Vendemos o chalé e fui morar com o sr. e sra. Smithson, amigos de vovó, até encontrar um apartamento. — Precisamos sair juntos à caça de apartamentos, depois que voltarmos de Tóquio. Nunca se sabe. talvez resolvamos até repartir um. Ele não estava falando sério, claro, e os dois riram. Mas havia algo em sua voz, no modo como ele a olhara. — Você é uma garota e tanto, Aline! Mesmo correndo o risco de ser chamado de chauvinista, eu diria que é bonita demais para trabalhar com computadores. Uma covinha aparecia na face esquerda quando ela sorria. — Oh, hoje em dia quase todo mundo sabe trabalhar com computadores. Na verdade, por enquanto sou apenas aprendiz. Preparo café para Sam e Rex, escuto as reclamações quando as programações dão algum problema e recolho montes de papéis inutilizados, que eles jogam por todo canto. — Pensei que a alta tecnologia significasse um escritório sem papéis. — A idéia é essa. Mas a gente precisa de montes de papel para planejar ...

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