Livro: Amar é viver Página 3

... rvou o rosto. Viu e aprovou os ossos malares altos, o formato perfeito do rosto e o castanho dos olhos. O nariz bem feito tinha dispensado cirurgia plástica, mas a firmeza do queixo fora restaurada cinco anos atrás. Os lábios continuavam cheios e sem o auxílio de botox. Os cabelos fartos, de um castanho-avermelhado, retocados na tonalidade original, caíam sedosos até quase tocar os ombros. Ora, nada de falsa modéstia. Você ainda é uma mulher muito bonita. Em qualquer outro lugar, seria considerada linda, mas a beleza aqui é um jogo de apostas altas, além de a mocidade ser adorada. E você jamais voltará a ser jovem, disse a si mesma. O tráfego recomeçou e Faythe seguiu em frente. Detestava a insegurança sobre a aparência. Ainda mais nesse período em que ela desistira de mantê-la a um preço absurdo. Por que Ray tinha de reaparecer em sua vida e levá-la a pensar como seria um close-up seu na tela? Ao virar na direção de Santa Mônica, ela decidiu encarar o problema verdadeiro e que, sem querer, quase tinha mencionado no escritório de Ray. As más línguas de Hollywood não perderiam tempo em comentar o fato de ele usar uma atriz que não representava havia vinte anos. Eles tiveram um caso anos atrás, não foi? Não iam se casar antes de Cal aparecer? Não existem regulamentos contra a distribuição de papéis firmada na cama? Já entardecia quando Faythe estacionou o carro na entrada de sua casa, alugada, em Santa Mônica. Casey ria da nova moradia da mãe e dizia que a casa inteira caberia na cozinha da de Pacific Palisades, onde ela morara durante vinte anos. A casa não tinha piscina e apartamento para motorista em cima da garagem. A falta disso compensava bem o fato de também não haver Cal Caruso. Faythe foi à cozinha e viu que a luz vermelha da secretária eletrônica piscava. Ouviu as mensagens enquanto se servia de uma taça de vinho branco. — Alô, querida, faz bem tempo, não? Você está livre para almoçar comigo sexta fe ...

ra? Tenho tanta coisa para pôr em dia com você! A voz era de uma mulher que não havia tentado vê-la desde seu divórcio. Sem um bom motivo, Amanda não teria lhe telefonado. Trêmula, Faythe jogou fora o vinho na pia. A maledicência já havia começado. De alguma forma, a notícia de que ela estava sendo convidada para um papel numa importante minissérie tinha escapado e as Amandas deste mundo estavam ansiosas para saborear a novidade. Faythe serviu-se de um copo de suco de abacaxi. Tudo que comesse ou bebesse seu rosto revelaria na tela. Se isso era verdade vinte anos atrás, aos trinta e nove ela teria de ser muito mais cuidadosa. A segunda chamada era de Casey. — Mamãe, precisamos conversar. Ligue para mim assim que puder. Como sempre, a voz de Casey era da mãe severa falando com a filha teimosa. Até parecia que ela é que beirava os quarenta anos e Faythe é que acabava de se graduar na faculdade. — Depois de eu tomar um longo banho quente, querida — respondeu para a cozinha vazia. Precisava de um pouco de mimo antes de falar com a filha. E como não pudesse se deliciar com o vinho branco, levaria o suco de abacaxi e a cópia de A Filha do Senador lá para cima a fim de se distrair por uma hora. Mesmo o ato de tomar banho inspirava um certo medo diante da oferta de Ray. Como havia examinado o rosto no carro, Faythe forçou-se a observar o corpo nu no espelho do armário. Muito bom para uma mulher beirando os quarenta. Mas será que queria se encontrar diante de outras com a metade de sua idade durante a filmagem? Na mocidade, seu metro e sessenta e sete de altura chamava a atenção, mas hoje em dia era comum ver jovens de um metro e oitenta. Regra geral, todas praticavam esportes como se estivessem se preparando para as Olimpíadas. Faythe passou as mãos pela curva dos quadris antes de entrar na banheira. Seu corpo continuava firme. Abriu o livro e, após um segundo, colocou-o de lado, adiando as revelações sobre o caráter de Car ...

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