Livro: Codigo da Paixão Página 2

... veio da porta da biblioteca. Seu agressor sentou-se, passando os dedos pelos cabelos grisalhos. Juliet arregalou os olhos ao deparar com lorde e lady Winslow, os mais infames fofoqueiros de Londres. Mas, o que dilacerou seu coração foi ver a expressão do jovem cavalheiro parado atrás deles: lorde Robert Barksdale. Diante de sua expressão chocada, ela meneou a cabeça: — Robert, não é o que. Ele se afastou, os passos pesados ecoando pelo corredor. Lorde e lady Winslow trocaram um olhar significativo, depois o seguiram, sem dúvida já imaginando como espalha¬riam as notícias daquele flagrante. — Bem. — O homem suspirou ao endireitar o corpo com um sorriso. — Diga a seu pai que lorde Harrington manda seus cumprimentos. Ao vê-lo seguir para a saída da biblioteca, Juliet sentou-se, furiosa. — Era essa a sua vingança contra meu pai? — gritou, inconformada. — Arruinar-me? — Sim. — Ele tornou a sorrir. — Assim como ele me arruinou. Às duas horas da tarde seguinte, Juliet ainda fervia de raiva, sentada na cama com uma travessa cheia de bolinhos. Ou melhor, meia travessa de bolinhos. — Juliet? A voz melodiosa de sua bela prima, lady Felicity Appleton, soou à porta. — O que você quer? — Juliet esbravejou, esmurrando os travesseiros antes de se recostar. — Você recebeu duas cartas, querida. Felicity entrou com as missivas enviadas para a casa dos Appleton, uma vez que toda a sociedade estava ciente de que lady Juliet Pervill ficava com a prima quando vinha à cidade. — Leia para mim. A bela loira sentou-se na cama de Juliet com um suspiro, quebrou o selo da primeira carta e leu em voz alta: — "Lady Spencer lamenta informá-la que o convite para o baile dos Spencer extensivo à senhorita foi. cancelado?" — Felicity ergueu os olhos. — Que audácia. Escreverei a ela declinando de meu convite também. — Você não pode recusar cada convite do qual eu tenha sido excluída, ou se tornará uma velha solteirona ...

como eu. Oh, Deus, isto é deprimente. Leia a outra. Felicity olhou para o selo e sorriu. — É de sua mãe. Juliet cobriu o rosto com as mãos, gemendo. — Oh, leia a carta, por favor. — "Minha querida Juliet. Contaram-me, esta manhã, o que aconteceu na casa de seu tio na noite passada. Quero que saiba: você será bem-vinda caso queira conversar a respeito. Que tal este fim de semana? Com todo o meu amor, Mamãe." Juliet deu uma risadinha e meneou a cabeça. Sua mãe nun¬ca fora tão sutil: resultado de ela ter se casado com um patife como seu pai. — Nesse ínterim. — Felicity levantou-se e foi até a ja¬nela, puxando as cortinas de veludo cor de cobalto. — Acho que poderíamos fazer um passeio pelo parque. — Está louca, Felicity? Ambas sabemos o que me espera lá fora. Serei expulsa de cada casa respeitável de Londres. — O que vai fazer, Juliet? Ficar sentada aí e deixar sua reputação ser arruinada? — Dê-me algum tempo. Não é todo dia que uma moça como eu se vê na boca do povo. Felicity sentou-se na beirada da cama, afastando os cabe¬los dos olhos vermelhos de Juliet, que suspirou, engolindo a autopiedade. — Vou lhe dar dois dias para formular um plano. — Deu-lhe um tapinha no joelho ao se levantar. — Nós duas sabemos que você só está chorando porque acha que deve. Era verdade que Juliet não se importava com a opinião da sociedade sobre ela. Contudo, importava-se muito com os resultados de sua possível ruína. Felicity seguiu para a porta, mas parou, olhando por sobre o ombro. — Você sabe que é bem-vinda aqui por tanto tempo quan¬to queira ficar. Juliet fez que sim, incapaz de falar. Então a porta se fechou, deixando-a sozinha com seus sonhos fenecidos de uma vida que nunca teria. Seamus McCurren lia o jornal Gazette quando deparou com um estranho "E" maiúsculo, que parecia um erro de impressão, no segundo parágrafo do artigo que lia. A única diferença, porém, era que seu escritório já ...

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