Livro: Verdadeiro amor Página 3

... abelos de Stevie, afastando-os do rosto. Ela recuou, como se tivesse sido picada por uma cobra. — Olhe para a câmara, mulher, e brinque com os cabelos! Ela já estava saturada e não conseguia entender por que não acabava com aquele jogo de uma vez. Ah, sim, queria ver a estupefação dele quando anunciasse seu nome. Bem, faria isso agora mesmo. — Sr. Reid, eu não sou… A campainha da porta a interrompeu nesse instante. — Diabos! — exclamou ele, enquanto se afastava para atender. — Essa maldita campainha não pára de tocar toda vez que meu assistente está fora. — Ê a sua modelo que deve ter chegado — comentou ela, exultante. E esperou com impaciência que ele voltasse, querendo observar seu embaraço. Para sua surpresa, James regressou visivelmente mal humorado, sem, no entanto, dar mostras de desapontamento. Apanhou a câmara mais uma vez, e disse: — Vamos continuar. Stevie tinha quase certeza de que ele descobrira a verdade, mas não queria admitir o engano. Sua raiva deu-lhe coragem suficiente para enfrentá-lo. — Sr. Reid, não foi a sua modelo que acabou de chegar? — Uma delas — ele respondeu, ainda com os olhos no visor da máquina. — Pois eu não sou modelo. Meu nome é Stevie Henderson, da agência fotográfica Donne & Brewster. Finalmente, ele baixou a câmara, furioso, o verniz superficial de polidez mal disfarçando a profunda irritação. Ficaram em silêncio por alguns instantes, a atmosfera carregada de eletricidade. — Bem, srta. Henderson, não é fácil evitar um mal-entendido quando uma moça se esconde atrás de um nome de homem. — Estou acostumada a que as pessoas esperem por uma apresentação em vez de me forçarem a entrar num estúdio para trocar de roupa. Falou friamente e desejou ouvir uma retratação qualquer, mesmo em se tratando do seu primeiro cliente. Entretanto, já acreditava que o seria por muito tempo. — Sim, sim. Hoje é um dia muito agitado. Tenho um programa intenso a cumpr ...

r e ninguém para me ajudar. Stevie compreendeu que isso era o máximo que podia esperar de um tipo como aquele e ficou sem saber exatamente que linha de comportamento adotar a partir de então. James Reid a examinava, balançando a cabeça, o ar crítico. — Está claro que você não podia ser uma modelo. É muito impulsiva para isso. Antes que ela pudesse dizer alguma coisa, uma jovem alta e esguia entrou na sala, os cabelos pretos e longos caindo sedutoramente sobre os ombros nus. — Por que não se senta ali naquele sofá, srta. Henderson? Poderemos conversar depois que eu terminar de fotografar. A contragosto, Stevie encaminhou-se para o canto da sala e fez como tinha sido mandada. Decididamente, James Reid não tinha semelhança com o homem descrito pelo seu chefe. O sr. Brewster a prevenira de que iria encontrar um fotógrafo que lutava por um lugar ao sol no mundo da moda e da publicidade. Como tinha a missão de entrevistá-lo e observar seu trabalho, presumira que se tratava de alguém bastante jovem e com um enorme potencial: exatamente como ela própria, com um longo caminho a percorrer e um grande desejo de se firmar profissionalmente. Só que Gênghis Khan devia ter uns trinta e dois anos, e aparentava a segurança de quem vivia há muito tempo no ramo. Quanto mais o observava, mais ela admirava a concentração e a energia que pareciam emanar dele ao dirigir os movimentos graciosos da modelo, criando uma perfeita integração entre os dois. Era quase como um bale. Essa harmonia certamente não existira enquanto a fotografava, o que não a incomodava em absoluto. Ao contrário, até se congratulava. Mesmo assim, não deixou de sentir uma certa inveja ao ver a absorção dos dois, a ponto de nem perceberem sua presença. Quando a campainha tocou novamente, James praguejou baixinho e gesticulou em sua direção para que atendesse a porta. Dessa vez era uma loira alta e esbelta, o rosto bonito quase encoberto por uma montanha de cabelos. Ela o ...

Comentários:

Deixe aqui seu comentário sobre este livro: