Livro: Verdadeiro amor Página 2

... da um armário cheio de roupas exóticas cuidadosamente rotuladas e uma penteadeira com todos os produtos de maquilagem possíveis e imagináveis. O homem era mesmo um fotógrafo de moda muito estranho. Não dispunha sequer de um assistente para ajudá-lo em alguma coisa! Stevie encolheu os ombros e, seguindo a lógica, retirou o traje do primeiro cabide numerado. — Ridículo! — murmurou, enquanto examinava o cintilante conjunto de calça preta e blusa da mesma cor com mangas delicadas e um decote profundo nas costas. — Nenhuma mulher sensata gastaria dinheiro com uma coisa dessas! Entretanto, obedientemente, trocou sua confortável calça caqui e jaqueta em estilo militar pelo “item número um”, como intitulou a vestimenta. Após ajustar o enorme cinto preto em volta da cintura, olhou-se no espelho cercado de lâmpadas. Sorriu ao lembrar que a irmã não se conformava por ela não ter escolhido a carreira de modelo, com suas pernas longas, os cabelos dourados como o mel, os olhos castanhos grandes e expressivos. Fez uma careta de desprezo, diante da própria imagem refletida no espelho. Não era aquilo que a interessava. Sempre tinha sido considerada bonita e nada podia fazer para alterar essa situação. O que a irritava, porém, era que quase todo mundo acreditava que a aparência física fosse suficiente, como se o fato de ser bonita preenchesse todos os aspectos da vida. Sentia isso nos olhares que recebia, geralmente lisonjeiros, invejosos, ou no mínimo surpresos. Escovou os cabelos até deixá-los brilhantes, pintando o rosto e os olhos levemente, com toda a perícia que aprendera da irmã. Nesse ponto até que não podia criticar Gênghis Khan… O homem se mostrara totalmente indiferente à sua beleza. O que não era de admirar, pois como fotógrafo de moda devia estar mais do que acostumado a essa classe especial: “mulheres bonitas”. Riu baixinho ao pensar outra vez em seu rosto quando lhe revelasse finalmente quem era e o que fazia ...

li. Agora estava pronta para ser fotografada. Instintivamente, abriu a porta do lado oposto ao que entrara, a qual dava para um aposento amplo, repleto de formas geométricas ricamente coloridas. Por um instante, Stevie teve a nítida impressão de se encontrar numa galeria de esculturas contemporâneas. Cubos, triângulos e retângulos enormes espalhavam-se pelos vários recantos da sala. Gênghis Khan estava atrás de um isósceles. “É um maluco”, disse ela para si mesma, embora exibisse o sorriso mais suave. Ele a olhou de forma crítica, mandando-a em seguida postar-se diante de um triângulo vermelho luminoso, enquanto acendia dois holofotes fulgurantes. Quando Stevie passou perto dele, parou-a para ajeitar a blusa preta, com a segurança de quem sabe o que faz. — Um momento, Gênghis! — reagiu ela, escapando do seu toque. — Diga o que quer e eu o obedecerei. Mas fique distante de mim! — Já sei que me mandaram mais uma daquelas temperamentais! — Suponho que sim. — Está bem. Passe os braços em volta do triângulo — ordenou ele. Stevie fez o melhor possível, ainda que se amaldiçoando pela situação ridícula em que se envolvera. — Droga, mulher! Mexa-se, se descontraia, solte o corpo! — Nenhum palavrão, por favor. Lembre-se de que está diante de uma dama. — Então veja se consegue ficar em harmonia com a figura. Ela se esforçou um pouco mais, enquanto a câmara fotografava incessantemente. De repente, James estava perto dela, segurando-lhe o rosto, a voz ameaçadora. — Agora quero que fique tão rígida quanto uma estátua. Entendeu? — Seu animal! — As palavras escaparam antes que pudesse controlá-las, e Stevie empalideceu ao encontrar os olhos dele, cortantes como uma navalha. — Cuidado, mocinha, não se esqueça de que está diante de um cavalheiro! Mas logo em seguida Reid sorriu com uma expressão divertida, e voltou a se concentrar nela, examinando-a como a um objeto inanimado. Passou a mão pelos c ...

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