Livro: A noite dos mascarados Página 3

... pôde ver, apesar de as lojas ainda estarem fechadas, as peças e roupas bonitas de suas vitrines. Logo adiante, estava instalado um luxuoso e completo salão de beleza. Gaby continuou seu passeio, encantada com tudo o que via: teatro, salão de ginástica, sauna, capela. Agora enten¬dia por que os cruzeiros marítimos eram tão caros! Tinha que aproveitar ao máximo aquelas férias, pois dificilmente teria condições de realizar uma viagem com tantas mor¬domias. Gaby entrou na grande e bem provida biblioteca. Ficou ali mais do que esperava, impressionada com o número de títulos e a qualidade das obras. Soube logo que este seria um dos seus lugares preferidos, sobretudo por ser uma das raras pessoas que viajara sem companhia. Retirou alguns livros e voltou para a cabine. Mal come¬çou a arrumar as roupas nos armários, ouviu baterem na porta. — Precisa de alguma coisa, senhora? Meu nome é Linda. — Não, Linda, obrigada. Acho que poderei me arranjar sozinha, ao menos por enquanto. — Pois não, senhora, caso necessite, é só tocar a campai¬nha — a moça ofereceu dando um sorriso cativante. — Já fez a reserva de lugar para o jantar? — Devia? — Sim, é melhor. Estive várias vezes aqui antes, mas não a encontrei. Pode escolher a primeira ou segunda ala de me¬sas. Entretanto, se preferir ficar ao lado de alguém em es¬pecial. — Não. Ainda não conheço ninguém. Creio que terei que tentar a sorte quanto às companhias. — Às vezes é até melhor — retrucou a camareira, anima¬da. — Estão dizendo que o dono da empresa está a bordo, incógnito. Quem sabe você tem sorte e acaba sentando ao lado dele? Gaby imediatamente se interessou. "Quer dizer que o am¬bicioso sobrinho da sra. Franklin está a bordo." — Você o conhece, Linda? A jovem riu. — Não, eu não. E, aliás, acho que ninguém aqui jamais o viu, para ser bem sincera. Em todos os cruzeiros em que trabalhei desde que estou na companhia, sempre dizem isso, qu ...

ele está a bordo. No final, sempre descobrimos que tu¬do não passou de história. Penso que talvez seja mais um dos recursos para a gente trabalhar direito e tornar a viagem ainda mais interessante para os passageiros. Todo mundo fica curioso. — Por quê? Ele é estranho? — Realmente não sei. Nunca o encontrei e, entre os funcionários comuns, jamais soube de alguém que o tenha co¬nhecido. Desta vez, estão dizendo que a informação veio do próprio comandante. — A moça arregalou os olhos, entusiasmada. — Talvez tenha algum fundo de verdade, não é mesmo? — Sim, pode ser. Na verdade, Gaby achou que tudo não passava mesmo de boataria. Se soubesse que o sobrinho estaria no navio, sem dúvida a sra. Franklin teria lhe dito isso. E, com sincerida¬de, preferia que não estivesse. Não seria nada fácil mostrar-se gentil quando o conceito que formara a seu respeito não era dos melhores. Seus pensamentos foram interrompidos pela chegada de um comissário com o croquis das mesas do restaurante. Ele abriu-o gentilmente para Gaby escolher o seu lugar. — Eu lhe indicaria esse canto — sugeriu ele. — Que tal acha a mesa trinta? — Para mim está ótimo, obrigada. O rapaz se retirou, seguido por Linda, e ela ia fechar a porta, quando uma jovem surgiu no corredor, saindo do ca¬marote ao lado e cumprimentou-a, sorrindo. — Olá! — Olá! — respondeu Gaby, retribuindo-lhe a simpatia. — Estou em um camarote um pouco mais ao fundo. Meu nome é Sheila, Sheila Farley. Nós nos encontraremos mais tarde, não é? E foi saindo, sem ao menos esperar que a outra lhe disses¬se o nome. Era muito bonita e atraente, e Gaby concluiu que se tratava da noiva ou namorada do vizinho de olhos azuis. Achou-a simpática e com certeza uma boa companhia. Depois de arrumar as roupas e colocar suas coisas nos de¬vidos lugares, Gaby pegou o folheto do navio com a lista dos passageiros a bordo e localização de suas cabines. Descobriu, então, que o homem ...

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