Livro: Agora ou nunca Página 2

... que você está aqui? - Caroline continuou. Nós chegamos ontem, mas essa minha pele demora um tempão para bronzear. Venha comigo para conhecer meu irmão e alguns amigos. - Eu bem que gostaria, mas infelizmente não posso. Tenho de voltar. Provavelmente nos reencontraremos enquanto vocês estiverem aqui. Enquanto isso, divirtam-se. - Annabel pegou suas coisas e foi embora rapidamente, - Por que você não a trouxe? - perguntou Peter Mostyn, quando sua irmã voltou. - Ela não quis vir. Disse que não tinha tempo, mas acho que foi desculpa - respondeu Caroline. - Annabel mudou muito. Nem parece a mesma. - O que você quer dizer? - perguntou Lucy, que tinha estudado na Suíça, mas cujo irmão, Rollo, tinha frequentado a mesma escola pública de Peter. Caroline refletiu por alguns segundos, tentando definir a mudança que sentiu em sua amiga de escola. - Na escola, ela sempre foi muito divertida. Todo mundo gostava de Annabel porque ela era muito agradável e amorosa. Mesmo quando ficava nervosa, jamais era indelicada. E estava sempre fazendo as pessoas rirem. Agora, parece tão deprimida. - Onde ela mora? - perguntou Lucy. - Oh, por toda parte. Sua mãe morreu quando Annabel ainda era bebé, e ela passava as férias com o pai. Não sei bem o que ele era. . um diplomata, eu acho. De qualquer forma, Annabel correu o mundo com ele. Hong Kong, Cingapura, Sri Lanka. . todos os lugares. - Eu não gostaria disso - disse Lucy. - Quero dizer, nunca ter um lar definido. - Annabel parecia não se importar. Ela possuía uma mala de pêlo de camelo persa que levava consigo a todos os lugares. Guardava nela todos os seus pertences especiais. Um bichinho feito de pedra-mango e uma xícara chinesa numa sacola de vime. . coisas assim. Dizia que enquanto tivesse sua mala de pêlo de camelo se sentiria em casa em qualquer lugar que estivesse. - Ela parece ser justamente a garota que estou procurando disse Rollo, cuja maior ambição era percorrer o mundo num barco. ...

- Se ela está vivendo aqui agora, será que não poderíamos descobrir onde, e então lhe telefonar? - Não depois de uma descartada dessas - disse Caroline. Não posso entender. Nunca fomos amigas íntimas, apenas informais. Mas senti prazer em vê-la. Então, por que ela quis me evitar? Enquanto falavam nela, Annabel caminhava rapidamente pela estrada que levava à cidade. Se não fosse o infeliz encontro com Caroline, teria permanecido na praia até que seu biquini estivesse seco, mas teve que vestir a saída de banho mesmo com ele molhado. Sua resposta brusca à gentileza de Caroline a preocupava, mas ela sabia que não teria se sentido à vontade tentando conversar alegremente, como se ainda pertencesse ao mundo dos Mostyn. Se eles soubessem a verdade, jamais quereriam revê-la. Já tinha percorrido quase um quilómetro quando seus pensamentos foram interrompidos por uma buzina, seguida de ranger de freios. Ouviu então um grito e o impacto de metal com metal. Um minuto depois, enquanto corria pela estrada, quase foi atingida pelo carro que já tinha deixado uma forma inerte sobre a estrada poeirenta. Mais tarde, pensou no que teria feito naquelas circunstâncias caso não soubesse nada de primeiros socorros, pois a criança hindu atropelada pelo carro não só estava inconsciente como também sangrava em profusão. Por falta de uma toalha, Annabel teve de rasgar sua saída de banho e retalhá-la em tiras para fazer ataduras que controlassem a hemorragia. Quando colocava a atadura na posição, rezando para que fosse grossa o suficiente, ouviu o som de outro carro que chegava. O motorista, um homem alto e moreno, percebeu a situação no mesmo instante. - Alguma fratura? - ele perguntou, ajoelhando-se ao lado dela. - Não, acho que não. - Neste caso, vamos levá-lo ao hospital o mais rápido possível. Mantenha sua mão sobre a atadura enquanto o levanto. O carro era grande e tinha espaço suficiente para ela e a criança no banco traseiro. - ...

Comentários:

Deixe aqui seu comentário sobre este livro: