Livro: Tudo ou nada - Julie Elizabeth Leto Página 2

... ou mais uma vez para a carta sobre sua mesa, e então para o jornal aberto ao lado desta. O artigo de primeira página, como não poderia deixar de ser, com a manchete Praticamente Virgem, aparecia logo abaixo da foto de Miranda. Sentiu um aperto no estômago ao se dar conta de quan¬to sua boa intenção fora mal interpretada. Com um gemido de frustração, jogou o jornal em sua caixa de saída. Ninguém havia lhe dito que o jornal da universidade iria realizar aquele tipo de avaliação com as candidatas. Também não haviam dito que fariam citações a respeito de sua participação na indicação e nem que Teri, irmã de Miranda, iria revelar o conteúdo do diário de Miranda aos vinte mil estudantes do campus de Tampa. Talvez ela até ficasse lisonjeada ao ver sua vida ser revelada aos alunos como um exemplo em primeira mão do que era ser uma pessoa virtuosa. Com sorte, talvez ela até visse aquilo como uma recompensa por haver colocado a carreira, os alunos e a família antes de suas necessidades pessoais. Com um suspiro, guardou a carta no bolso, juntamente com a barra de chocolate que seria seu almoço e com o cigarro que estava guardando para depois do almoço. Não teria muita escolha a não ser procurar a dra. Carpenter, antes que ela saísse para a aula seguinte. Precisava tentar se explicar de alguma maneira, antes que a situação piorasse ainda mais. Diria a verdade, claro. Havia endossado a indicação de Miranda como a Mulher Mais Virtuosa do Campus com uma carta de recomendação e a melhor das intenções. Ele sabia que Miranda apoiava o CISS. A iniciativa do grupo de exaltar a moralidade e a virtude à luz do novo milênio era admirável e até corajosa. Além disso, Teri sabia ser bem convincente quando queria. — Quero apenas mostrar à minha irmã quanto a postura dela serve de bom exemplo para os estudantes — dissera ela. — Miranda é muito diferente de mim. Mas nem todos têm de ser \\"viciados em festa\\", como eu. Ou como você ...

certo? Viciado em festa? Só faltava mesmo ele acabar com essa reputação ridícula. A verdade era que depois de dois relacionamentos complicados, um deles envolvendo um pedido de divórcio e o outro até a intervenção da polícia, ele havia preferido deixar qualquer tipo de festa ou de relacionamento afetivo de lado. Depois de tudo aquilo, seu único comprometimento era com a reputação de que era um homem sem comprometimentos. Em um gesto automático, abriu o chocolate e começou a comê-lo. Fora ingênuo ao acreditar que Teri Carpenter não criaria nenhum problema. Miranda havia usado sua considerável influência para conseguir um cargo de artista residente para a irmã mais nova e Teri retribuíra contando os segredos de Miranda a uma repórter que evidentemente não havia comparecido às aulas sobre ética no curso de jornalismo. Agora a universidade inteira estava sabendo que Miranda não tinha um encontro desde 1996, quando comparecera a um casamento em família acompanhada pelo irmão gay da noiva. O público também podia ler, com cruel detalhamento, como fora a tímida adolescência de Miranda, sua paixão pelo professor de biologia no colégio e seu primeiro e, segundo os registros, também último relacionamento sexual com um namorado adolescente tão apto a oferecer prazer a uma garota quanto Noah em querer ter um relacionamento duradouro. Por mais que fosse cruel, aquela horrível manchete descrevia com exatidão a experiência de vida de Miranda. Ainda comendo o chocolate, Noah olhou mais uma vez para a primeira página do jornal. Pelo menos a repórter tivera a decência de usar uma bela foto, embora a imagem ainda não fizesse justiça total à beleza de Miranda. Seu rosto era delicado, quase etéreo, e aqueles olhos de um inusitado tom de cinza-liláceo eram o que mais chamavam a atenção em seu semblante, formando um belo contraste com os longos cabelos cacheados e avermelhados. Porém, a admiração de Noah por ela ia além disso. T ...

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