Livro: Um castelo na Córsega Página 2

... Saks comprar um enxoval inteiro para usar na Riviera Francesa, mas então os arranjos para a viagem já haviam sido feitos. E agora, lá estava ela, indo e vindo de almoços, chás da tarde, coqueiéis e jantares, sorrindo por suges¬tão e dando o melhor de si para ser aquilo que, de modo caçoísta, Charles chamava de a arma secreta da Spencer lnvestments. — Você é o nosso melhor trunfo. Deixe-me exibi-la. — Vivia dizendo ele, e quando Francesca protestava alegando não se sentir confortável agin¬do desse modo, Charles suspirava. — Eu sei disso, querida, mas um sorriso seu em uma só noite poderá nos proporcionar negócios incríveis, alguns que normalmente eu levaria um ano de trabalho árduo para conseguir. Como protestar quando devia tanto a ele? Charles a amparara desde a morte de seus pais num acidente aéreo, sempre gentil e atencioso, mesmo eles não sendo irmãos verdadeiros. E tampouco protestara ao ter de cuidar sozinho da empresa quando Francesca mostrara interesse pelas artes, não pela economia. E Charles cuidara muito bem dos negócios, tanto é que a empresa come¬çou a prosperar como nunca, e isso logo após os dois herdarem a mesma quantidade de ações. Atualmente, o sucesso da empresa era fenomenal, mas Charles era por demais modesto para lhe contar mais sobre seu trabalho, Francesca sabia apenas que ele fora o responsável por uma série de inovações nos investimentos estratégicos da Spencer, algo que a posicionara mui¬to acima de seus competidores. Para alguém que jamais fora um aluno brilhante, chegando mesmo a ter de virtualmente repetir todos os cursos de matemática e economia que fize¬ra na universidade, aquilo era um verdadeiro feito. Francesca estava muito orgulhosa do irmão e, tendo a oportunidade de colaborar com ele, não he¬sitaria em se vestir bem e em ser gentil com os demais participantes da con¬ferência. Porém, não naquela noite, aquela noite seria a última deles em Mônaco, e Francesca a queria pa ...

a si, apenas. Ela não usaria um vestido longo, jóias nem maquilagem. Não jantaria lagosta no La Coupole, tampouco caviar e champanhe no Louis XV. Francesca sorria ao vestir um conjunto de calça comprida e top de cot-ton. Depois escovou vigorosamente os cabelos loiros, que ela usava à altura dos ombros. Naquela noite ela pretendia fazer tudo que andara sonhando nos dois últimos dias. Visitar o topo do Tete de Chien para apreciar a vista de lá de cima, que soubera ser fenomenal, comer pizza no Pinocchio\\\'s. Ela riu ao imaginar Charles comendo pizza. Após calçar sapatillias baixas, estava pronta para sair. Em seguida à piz¬za, ela pretendia tentar convencer Charles a levá-la no Mercedes alugado até Juan-les-Pins, ou talvez até Nice. Francesca riu suavemente, para ser sin¬cera, duvidava que ele fosse concordar em fazer isso, o que não a desagra¬daria de todo, pois assim teria oportunidade de dirigir na legendária estra¬da que ligava Mônaco a Nice. — Francesca? Ela ergueu a cabeça, assustada, até que a porta da suíte se abriu e Char¬les entrou, o rosto iluminado pela luz do luar que se infiltrava através da terraço. — O que está fazendo aqui no escuro? Você está bem? — questionou ele. — Sim, estou bem, é claro. — É de se estranhar. Primeiro você abandona a convenção pela metade e depois a encontro aqui no escuro. — A luz do luar não poderia ser mais apropriada à minha disposição de espírito. — Ela ouviu o ruído do interruptor e fechou os olhos quando a luz a cegou. — Hei, você está tentando me cegar? Charles arqueou as sobrancelhas. — É desse modo que você pretende ir vestida à festa da marquesa, que¬rida? Dificilmente combinaria com meu smoking — Charles riu com prazer. — Que festa? Charles, você prometeu que esta noite estava reservada só para mim. — Eu sei disso, mas acabam de nos convidar. — Ele caminhou até o armário e olhou para dentro dele. — Normalmente eu não aceitaria ...

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