Livro: O último refúgio - Sara Craven Página 2

... ão de vazio foi reforçada com a chegada do primo Geoffrey, que mal conhecia, e de sua dominadora esposa, que ela conhecia tão bem. Patrícia, que esperava se transformar numa mulher muito rica, ficou bastante decepcionada com a situação. Mas, como Marina imaginara, só o fato de se tornar a nova Lady Kerslake e vir morar naquela mansão magnífica, que datava dos tempos da rainha Ana, já lhe servia de consolo. A princípio ela se mostrou bastante efusiva em relação a Marina, mas, com o passar dos dias, foi ficando fria e distante. Não que tivessem chegado a ser muito próximas. Aliás, nem de Vanessa, por mais que seu pai tivesse insistido para que ambas freqüentassem a mesma escola e, para isso, tivesse pago as mensalidades das duas. Fosse a causa qual fosse, o antagonismo de Vanessa era visível e sua atitude não tinha mudado muito desde que chegara a Carew Priory. Ao contrário, Marina sentia que Vanessa estava mais feliz do que nunca, agora que seus destinos pareciam ter se invertido. Marina tinha que tomar muito cuidado com tudo o que dizia ou fazia, obrigando a Sra. Abbershaw, a governanta, a se dirigir à prima Patrícia para receber as ordens e, ainda, esforçando-se para não esquecer de bater antes de entrar nas salas e quartos onde sua família antes se reunia. De repente, era ela a intrusa em sua própria casa. Só que não era mais sua casa, como Lady Kerslake vinha repetindo com tanta determinação. — Não entendo por que se preocupa tanto com Marina — a discussão continuava — Já que você nunca morreu de amores por ela! — E não é agora que vou morrer — Vanessa retrucou, mordaz. — Mas temos que pensar nos outros. Afinal, o pai dela e o irmão eram muito respeitados e queridos aqui na região. Não vamos ser bem-vistos. — Isto é verdade — Lady Kerslake suspirou fundo. — Isto está se tornando um verdadeiro problema. Não podia imaginar que essa menina horrível ia ficar o dia inteiro zanzando por aqui sem fazer n ...

da. Não tinha uma história sobre uma escola de pintura? — Sempre há histórias cercando Marina. Mas você tem razão… ela devia ir para Carcassonne este mês, para estudar pintura com Lenox Christie. Só que, agora que ela não tem mais como pagar, duvido muito que ele ainda esteja interessado em ensiná-la. Todo mundo sabe que ele enche suas classes com diletantes ricos para poder ensinar de graça aos talentosos pobres. Os dedos de Marina, enfiados no bolso de sua blusa de lã, apertaram trêmulos o envelope que ela tinha acabado de receber. Parecia até que Vanessa tinha poderes de adivinhação. A carta de Lenox Christie era gentil, mas firme. O trabalho que ela mostrou a ele, naquela primeira entrevista em Londres, ele dizia, não justificava uma bolsa de estudos. Mas ele voltaria a Londres na primavera e, então, ela poderia vê-lo novamente se desejasse mostrar outro trabalho mais recente. Aí ele tornaria a estudar seu caso, Isso tinha sido realmente a gota d\'água. Sabia que a oferta dele de reestudar seu caso na primavera fora acrescentada só para amenizar um pouco a recusa. E seu orgulho não engolia aquilo. Verdade que nunca se achou uma artista de grande talento, mas sabia que era capaz de coisas melhores, embora não tivesse o mesmo toque genial de sua mãe, Laura Kerslake. Voltou a ouvir a voz de Vanessa: — E você acha que ela não tem nada em mente? Estava saindo com o Guy, há uns meses, antes do acidente. Talvez ache que ele queira cuidar dela, sustentá-la. — Seu irmão? — Patrícia riu cinicamente. — Não creio que ela seja tão ingênua! Guy se interessava por ela quando Robert e Martin estavam vivos. Agora a situação mudou e Guy não é nada bobo. Ele pode arrumar coisa melhor do que uma prima sem tostão. — Mamãe! — disse Vanessa, rindo escandalizada. Marina não quis ouvir mais nada. Atravessou correndo o luxuoso vestíbulo de madeira escura, e subiu as escadas. Nas últimas semanas, aquele quarto era seu re ...

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