Livro: O estrangeiro
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... The man from nowhere Rebecca Stratton A primeira vez que Viviane viu Jean-Pierre Chardin, detestou suas maneiras prepotentes. Apesar disso, aquele estrangeiro misterioso a fascinava, especialmente quando o via cavalgar seu magnífico puro-sangue árabe pelos vinhedos do vale do Loire. Mas Viviane estava noiva de André Denis e precisava se manter afastada daquele homem sensual que fazia de tudo para seduzi-la! Além disso, Jean-Pierre não iria casar com a sofisticada Marie du Lau? Pelo menos era o que Marie dizia. Viviane estava confusa: como podia se tornar esposa do pacato André, se todo o seu corpo ansiava pelas carícias envolventes e audaciosas de Jean-Pierre? Digitalização: Valéria O. Revisão: Geórgia CAPÍTULO I Viviane levantou-se da cadeira junto à janela o mais silenciosamente possível, para não acordar seu avô. Atravessou o quarto na ponta dos pés e observou aquele rosto cansado e enrugado que parecia muito mais velho do que há pouco mais de um ano. Muitas vezes, ao vê-lo como agora, ela era tomada por uma compaixão quase insuportável, especialmente ao lembrar que há apenas alguns anos Henri Picará era um verdadeiro gigante, um homem cheio de vigor e de alegria. Viviane o adorara toda a vida e cuidaria dele para sempre. Como por instinto, inclinou-se e beijou a fronte do avô, onde os cabelos escassos revelavam uma pele mais escura. E embora o beijo tivesse sido muito breve, ele acordou. As mãos magras cruzadas no colo se agitaram levemente e suas pálpebras se abriram, revelando olhos surpreendentemente vivos para um rosto cansado. — Oh, vovô, desculpe. Não queria acordá-lo. O francês de Viviane era quase tão bom quanto o seu inglês. O velho sorriu para ela revelando vestígios do antigo brincalhão. — Sou como a Bela Adormecida, chérie. Acordo com um beijo. — Seus olhos dirigiram-se para o lado de fora da janela, onde o sol brilhava. — Você não deveria estar dentro de cas ...

num dia como este. Não é sempre que temos dias assim, você sabe. Viviane alisou os cabelos do velho, afastando-os da testa. — Não prefere que eu fique com você? — ela perguntou, e o sorriso dele demonstrou que sabia como a neta se sentia. — Eu preferiria que você estivesse lá fora, tomando sol — insistiu Henri. — Isso era o que você estaria fazendo se não estivesse tentando me animar. Um sorriso travesso iluminou as feições dele, fazendo Viviane lembrar do avô que conhecera um dia. Seu rosto ainda tinha traços fortes e bonitos que apareciam brevemente em alguns momentos como, por exemplo, quando ele sorria e tentava brincar com ela. Como agora. Os olhos cinzentos, hoje tão fundos, ainda brilhavam apesar das marcas que a dor e o cansaço haviam imprimido ao seu redor. — O que é que você tem, chérie? Não tem coragem de me deixar sozinho com madame Fouquet. — uma risada sarcástica explodiu em sua garganta, provocada pela simples idéia de que a magra e respeitável governanta pudesse correr algum risco perto de qualquer homem. Mas Viviane balançou a cabeça, sorrindo. — Você é um velho perigoso. — Yvonne Fouquet? — o velho fez uma careta. — Costumávamos dizer, lá na aldeia, que nenhum homem seria capaz de olhar para ela se estivesse sóbrio e que Bertrand Fouquet devia estar completamente bêbado na noite em que lhe propôs casamento! Viviane, que gostava da governanta apesar de seus modos sombrios, fez um sinal de reprovação. — Vovô! Ele provavelmente encontrou nela mais do que uma simples boa aparência. Ela é trabalhadora, uma pessoa muito boa à sua maneira e jamais reclama de coisa alguma. Temos muita sorte de contarmos com ela, vovô. — Eu sei, eu sei — o velho deu uma palmadinha na mão da neta e o sorriso que acompanhou o gesto revelava o quanto ele reconhecia o carinho e os cuidados de Viviane. — Ela é uma boa alma, eu sei petite. E estarei em boas mãos até você voltar. Você vai se enco ...

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