Livro: Barco das Ilusões
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Autor - Fonte: Jo Ann Ferguson
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TÍTULO ORIGINAL: Lady Capitain
© 2007 Editora Nova Cultural Ltda.
Resumo:
Estados Unidos, século XIX Amor ou desejo?
Ao subir a bordo do barco a vapor, com o intuito de fazer uma intimação ao comandante, o sargento Fletcher Campbell se surpreende ao descobrir que o "capitão Roberts", a quem foi orientado a procurar, é uma mulher! Tão encantadora quanto corajosa, Eden Roberts realiza com orgulho a profissão que o pai lhe ensinou, e está decidida a não permitir que a turbulência da Guerra Civil interfira em seu trabalho de transportes de carga. Mas outro tipo de turbulência abala Eden, quando o sargento Campbell sobe a bordo, com uma solicitação absurda. e um sorriso irresistível! A viagem rio acima promete a ambos tentações e prazeres a cada dia. Até a embarcação ser atacada por um bando de rebeldes. O perigo pode levar Fletcher a descobrir até que ponto é capaz de se sacrificar pela mulher que deseja. E Eden a descobrir que seu desejo por aquele homem se transformou numa paixão arrebatadora!
Autor:
Jo Ann Ferguson é autora de romances históricos, que estão sempre presentes nas listas de mais vendidos. Já recebeu vários prêmios, inclusive o de honra ao mérito pelo trabalho voluntário na Associação de Escritoras de Romances da América, da qual é presidente nacional Jo Ann também instituiu a disciplina Redação de Romances na Universidade Brown, na Pensilvânia.
Barco das Ilusões
Jo Ann Ferguson
Capítulo I
- Este rio fede como um depósito de lixo!
Os dois homens à beira da água viraram-se para Fletcher Campbell, que não só insultava o rio deles, mas ainda ostentava o odiado uniforme azul dos ianques.
De botas enterradas na lama, Fletcher ignorou o olhar hostil dos estranhos, observou as águas turvas do rio Cumberland e tirou o quepe impróprio para clima quente, mas que usava por causa da importância do encontro que o esperava.
Ele odiava Nashville. Talvez apreciasse visitar a cidade em o
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tra situação e quando não fizesse calor, mas tudo que desejava agora era nadar na lagoa límpida do sítio da família em Vermont. Nashville se tornara uma cidade agitada, com escravos livres an¬dando por toda parte e prostitutas trabalhando ao lado do acam¬pamento de soldados.
Ocupada pelo Exército da União, a cidade havia perdido o en¬canto que outrora a tornara famosa.
Fletcher resolveu inquirir os homens que o fitavam com ani¬mosidade.
- Procuro o capitão Roberts, do barco a vapor Leão do Rio. Sabem onde encontrá-lo?
- Mais rio acima. O capitão fica perto do barco por causa dos ladrões - respondeu um deles, dando a entender que os ladrões a que se referia eram os ianques.
Fletcher se conteve para não retrucar o insulto e preferiu não perguntar como era o barco, mesmo porque os homens já lhe davam as costas. Praguejando, recomeçou a caminhar pela lama pensando que era dia de inspeção e o tenente Atkins lhe passaria uma reprimenda pelas botas sujas.
A ordem que o pomposo tenente Atkins lhe dera parecia sim¬ples: encontrar o barco Leão do Rio e avisar ao capitão Roberts que teria de fazer um trabalho para o Exército da União. Contudo, depois de horas procurando, ele ainda não o encontrara. Fletcher tomou a tirar o quepe e limpou o suor da testa com a manga do casaco de algodão grosso: aquele uniforme não era apropriado para o clima do Sul, e ainda por cima o tenente o enviara para procurar o capitão na hora mais quente do dia.
Fletcher passou por vários barcos rio acima, mas nenhum deles ostentava o nome Leão do Rio. Agora chegava a um casebre que se equilibrava à beira da água, tão pobre quanto às casas semi¬destruídas de Nashville. Uma embarcação grande, porém deca¬dente, flutuava defronte à choupana.
Enterrando ainda mais os pés na lama, Fletcher bateu na porta do casebre, mas ninguém atendeu. Se o capitão Roberts morava ali, não devia estar em casa. Não adiantaria deixar uma mensagem, pois não tinha cert ...
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LINDOMAR: FALTA O FIM
Subitamente, Eden compreendeu o que acontecera: Fletcher havia chegado com reforços e atacara o barco, conseguindo ven¬cer. Seu barco estava em chamas, mas ela estava viva e ele a tinha em seus braços!
— Obrigada — disse Eden.
— Eu é que agradeço a Deus por ter conseguido chegar a tem¬po, minha querida.
— Estamos realmente a salvo? — perguntou ela.
— Sim, meu amor. Metade dos soldados seguiu para a Fazenda Devon e já não corremos mais perigo. Ordman está morto. E você está viva.
Fletcher tornou a abraçá-la e a beijou com suavidade nos lábios. Em seguida, ajudou-a a se levantar sustentando-a pela cintura, e Eden notou que o fogo crescia.
— Onde está Jubal? — ela perguntou, sentindo o terror voltar a correr nas veias.
Fletcher fez um gesto indicando que ela devia se virar: Jubal soluçava nos braços de Hudson, que tentava confortá-la com ca¬rinho e compreensão. Ao vê-la, Jubal se desprendeu dos braços de Hudson e correu para abraçá-la.
— Perdão, Eden. Ao ver o que lhe faziam, eu compreendi quem Ordman realmente era e como me manipulou — disse a jovem num tom desesperado que mal vencia os soluços. — Será capaz de me perdoar? Jamais me deixarei iludir outra vez, e nunca me afastarei de você.
— Acalme-se, querida. Tudo passou, e agora estamos livres. Eu a amo como sempre, e jamais terá de me pedir perdão por nada que tenha feito.
Eden a abraçou com força, sabendo que protegeria a irmã para o resto da vida; jamais deixaria de aceitá-la, ainda que cometesse tolices. Jubal não era culpada por ser como era.
Fletcher se aproximou e abraçou as duas por um instante, e em seguida avisou:
— Temos de sair daqui, o fogo está tomando conta do convés.
Os cadáveres dos confederados ficaram para trás, pois não havia tempo para carregá-los até a margem. Em breve todos se aglo¬meravam na beira do rio, observando as chamas tomarem conta do barco.
Em pouco tempo o Leão do Rio deixaria de existir, pensou Eden. Mas eu tenho o mais importante: Fletcher e Jubal.
Fletcher dera ordens aos soldados para que cortassem a corda da âncora, e agora a correnteza puxava o barco para o meio do rio. A madeira crepitava queimando e a fumaça se erguia no ar enquanto o Leão do Rio se afastava mais e mais.
— O Exército não me pagará por um serviço que não consegui completar — disse Eden observando desaparecer o barco que fora sua vida.
Jubal continuava ao seu lado, mas não chorava mais. Hudson se aproximou e a abraçou com ternura, enquanto Fletcher puxava Eden para si.
— O Exército não a pagará — concordou ele -, mas pagará a mim, e poderemos recomeçar e comprar outro barco se quiser¬mos. Agora somos dois a lutar e construiremos uma vida juntos. Sabe que estou apreciando a vida no rio? — declarou Fletcher com um largo sorriso.
— Não sei se gosto disso — falou Eden em tom de brincadeira. — Creio que jamais conseguirei deixar de ser a capitã.
— Não se preocupe, querida, não terei problemas em obedecer ao seu comando.
Ele a beijou nos lábios e então a fitou com olhar sério.
— Mas terá de concordar com uma coisa. Afinal, você é uma capitã, mas eu sou um oficial.
— O que é? — perguntou Eden.
— Ordeno que se case comigo.
— Ah! — ela exclamou, sabendo que as guerras continuariam existindo, mas os dois saberiam proporcionar paz e prazer um ao outro.
FIM
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