Livro: Uma questão de escolha - Sylvia Andrew Página 2

... apessoado dos dois: com feições clássicas e cabelos de um castanho tão escuro que beirava o ébano. Também possuía um ar de confiante autoridade, mas havia traços intrigantes de vivacidade ao redor dos olhos e da boca e, notaram as damas que lhe cativaram a atenção, que também tinha um sorriso encantador e olhos azul-escuros languidamente contemplativos. Os dois homens conversavam com o bem-estar das velhas amizades, e suas risadas ressoaram conforme deixaram a praça e dobraram numa das ruelas. — Então você tomou mesmo uma decisão, Adam? Esta campanha será a última? — A voz do hussardo era grave, com um ligeiro vestígio de sotaque. — Mal posso acreditar nisso após todos esses anos. — Como queira, Ivo. Sou necessário na Inglaterra. A propriedade dos Calthorpe foi terrivelmente negligenciada por alguns anos, e há muito que fazer. Ivo Trenchard balançou a cabeça. — Não importa. É difícil imaginar Adam Calthorpe do 52° Regimento afeito a uma vida pacata em Somerset. — Asseguro-lhe que irei apreciá-la! — Suponho que pretende casar-se, também! —A voz de Ivo soou tão pessimista que Adam gargalhou de novo. — E por que não deveria? Após todos esses anos de patuscadas ao redor da Europa, o que poderia ser melhor do que me adaptar a uma época de calmaria com uma moça gentil, amante do lar? Sem tumultos, sem discussões, apenas uma vida confortável, rotineira. — Desejo-lhe sorte. se é isto o que realmente quer. — Por que não faz o mesmo? Logo que Napoleão for derrotado, é provável que haja anos de paz. A vida no exército não será muito interessante. Que tal encontrar uma esposa e acomodar-se também? Ivo Trenchard parou e encarou o amigo. — Adam! Você enlouqueceu de vez? Conhece minhas opiniões sobre as mulheres! — Pensei que gostasse delas. — E gosto! Mas não para casar. Esta é a última coisa que quero delas! — Mas. Ivo ignorou a interrupção. — Veja, Adam, se deseja casar-se, o pr ...

blema é seu. Mas isto não me conviria. — Por que não? — Meu prezado camarada, espero que não vá negar que possuo certa experiência com o belo sexo. — Eu não sonharia em negá-lo, Ivo — assegurou o amigo. — Ninguém ousaria. — Pois bem, ao longo dos anos cheguei à triste conclusão de que existem apenas duas espécies de mulheres: as exuberantes com quem se flerta e as enfadonhas com quem não. As enfadonhas tornam-se melhores esposas, contudo não são exatamente divertidas. — Você só pode estar enganado, Ivo! Minhas perspectivas de felicidade mostram-se bastante escassas em caso contrário. — Devem existir poucas exceções. Vamos torcer para que você encontre uma, embora não me pareça plausível! — Você me subestima. Mas o que há de errado com uma esposa exuberante? — Olhe à sua volta! Aposto o soldo do último mês que para cada bela mulher feliz por estar na companhia do marido no baile desta noite haverá cinco nos braços de um velho rabugento cujo único atrativo é ser rico! — Você está sendo muito severo! — É verdade! E a sociedade encoraja isso. O único objetivo da vida de uma mulher é casar bem. A idéia é martelada dentro delas desde o berço, e podem ser muito implacáveis na sua perseguição. Creia-me, eu sei. — Por um momento Ivo pareceu desolado. Depois deu de ombros e prosseguiu. — Mas uma vez que um marido conveniente é encontrado e o nó é amarrado com segurança, então elas procuram entreter-se. Aceite a minha palavra, Adam. Para a maioria das mulheres, o casamento é um pacto comercial. Lealdade, amor e respeito representam um papel muito insignificante nisso. — Não ouvi você falar assim antes. Você não costumava ser tão crítico. — Não? Ora, se agora sou, tenho minhas razões. as quais não examinaremos no momento. Pretendo divertir-me esta noite. Não precisa mostrar-se tão apreensivo, Adam! Não estou inteiramente perdido. por certo já percebeu que sou rigorosíssi ...

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