Livro: Dama misteriosa
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... Anne Gracie Clássicos Históricos nº 256 Originalmente publicado em: 2002 Título original: An Honorable Thief Copyright para a língua portuguesa: 2003 EDITORA NOVA CULTURAL LTDA. Digitalização: Palas Atenéia Revisão: Palas Atenéia Para se apanhar uma ladra Inglaterra, 1816 Hugo Devenish chegou a Londres e viu-se diante de uma importante missão: impedir que seu ingênuo sobrinho pedisse em casamento a mão de uma jovem herdeira que não estava à altura dele. Ao conhecer a fascinante e enigmática srta. Kit Singleton, porém, descobriu-se totalmente encantado pela jovem. Mas as origens duvidosas e as atitudes dissimuladas dela fizeram Hugo suspeitar de que ela estaria, de algum modo, ligada a um notório ladrão que estava cometendo vários roubos pela cidade. Hugo esperava conseguir desvendar os muitos segredos de Kit antes que a astuciosas beldade conseguisse roubar seu coração! PRÓLOGO Arredores de Batávia, na ilha de Java, Companhia das Índias Orientais. 1815. — P rometa! — O homem moribundo segurou o braço dela com força e desespero. — Prometa-me, maldita garota! Kit Smith contraiu o rosto por causa da pressão em seu braço. Olhou para os dedos finos e elegantes de seu pai apertando-lhe a pele. Os dedos de um cavalheiro. Brancos, suaves, aristocráticos, parecendo delicados demais até para o pesado anel que ele usava. Mãos refinadas, ideais para erguer a mão alva de uma dama e beijá-la. Para gesticular com sofisticação e ilustrar uma história elaborada. Mãos de pele branca e veias azuis. Mãos que nunca haviam se dedicado a um único dia de trabalhado árduo em toda a sua existência. Mãos que haviam se aprimorado na arte de jogar cartas… na astuciosa e extremamente discreta arte das cartas… Kit mordeu o lábio inferior e tentou libertar seu braço. Ele não tinha noção de sua própria força, aquele era o problema de seu pai. As pessoas não a tinham quando estavam m ...

rrendo. — Prometa! Ela não disse nada. Com a outra mão, pegou um pedaço de linho e limpou um filete de sangue do canto dos lábios dele. — Maldita garota, eu quero essa promessa! — O pai observou-lhe o rosto com raiva. — Não é como se eu estivesse lhe pedindo uma coisa que não tenha feito uma centena de vezes ou mais em sua vida! Kit sacudiu a cabeça com gentileza. — Não posso, papai. Ele atirou-lhe a mão para o lado num gesto desgostoso. — Bah! Não sei nem porque me dei ao trabalho de pedir isso a você. Minha filha! — O escárnio em sua voz apertou o coração de Kit. — Minha única filha! Ela, que tem se recusado a ajudar o pai desde que completou treze anos! — Por favor, papai, tente não falar. Poupe suas forças. — Ora, com mil diabos… eu estou morrendo, garota… e não me… calarei. Ao anoitecer de hoje… — Ele cuspiu sangue e esforçou-se para recobrar o fôlego antes de poder continuar. — Oh, droga, estou… morrendo e… sem ter um filho para… — Virou a cabeça para o lado, resmungando: — Não tenho nada… exceto uma filha… uma filha inútil… Kit não respondeu. Disse a si mesma que já estava imune à dor das críticas do pai e de seus comentários sobre a completa inutilidade de uma filha. Ouvira aquilo sua vida inteira. Sua criada pessoal e dama de companhia, Maggie Bone, entrou depressa no quarto, carregando uma pilha de panos limpos e uma tigela de água fresca. Kit meneou-lhe a cabeça em agradecimento e, enquanto a criada removia o pano encharcado de sangue, ela pressionava um outro limpo de encontro ao ferimento no peito do pai. — Estou acabado, maldição. — Ele soltou um riso amargo. — E pelas mãos de um reles mercador! Eu! Em cujas veias corre o mais refinado sangue inglês… Kit aumentou a pressão sobre o pano, ansiando para que o fluxo de sangue cessasse. — Não com tanta força, garota! Ela abrandou a pressão ligeiramente. Numa questão de segundos, o sangue começo ...

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