Livro: Música sombria Página 2

... inho do Senhor? A resposta determinaria seus destinos. Foi nesse mesmo momento que nosso bom e sábio rei abraçou a religião. Disse-lhe ao líder do exército que ele e todos seus súditos eram igualmente crentes, e o provaria além de toda dúvida. Convocou às pessoas de Monchanceux e se dirigiu a eles do balcão do palácio. O líder do Exército Cruzado estava de pé detrás dele. — De hoje em diante nosso país se chamará St. Biel em honra ao santo padroeiro de minha família. É o protetor dos inocentes — anunciou o Rei Grenier. — Ergueremos estátuas de São Biel e pintaremos sua imagem nas portas de nossa catedral para que quem quer que chegue a nossa costa saiba de sua bondade, e enviaremos um tributo ao Papa para mostrar nossa sinceridade e nossa humildade. O pedágio arrecadado será destinado a pagamento desse tributo. O líder da tropa viajante se encontrou em um apuro. Se recusava pagar o pedágio — em ouro, é obvio, já que o rei não aceitaria outra coisa — então, estaria negando-se a permitir que o rei rendesse tributo ao Papa? E se o Papa se inteirasse de que o Cruzado se negou, o que faria o pontífice? Excomungaria-o? Executaria-o? Depois de uma longa noite de meditação e de enfurecer-se e destrambelhar em grande medida, o líder militar decidiu pagar o pedágio. Foi um acontecimento crucial porque criou um precedente, e dali em adiante, cada Cruzado que desejava passar através de nossas terras pagou o pedágio sem pôr objeções. Nosso rei foi fiel à sua palavra. Fez que derretessem o ouro e o converteu em moedas, e em cada uma delas estava a imagem de São Biel, com um halo na cabeça. A tesouraria real teve que ser ampliada para dar capacidade a todas as moedas de ouro, e um navio foi preparado para a viagem que levaria a oferenda ao Santo Padre. Um dia, caixas enormes e pesadas foram carregadas na adega do navio e uma multidão de cidadãos se reuniu no porto para observar sua partida para Roma. Pouco depois desse ...

istórico dia, começaram a estender-se alguns rumores. Ninguém podia afirmar que na verdade tivesse visto o ouro ou estimar quanto foi enviado. Vários embaixadores denunciaram que ao Papa só tinha chegado uma quantidade miserável. Os falatórios da vasta fortuna de nosso rei cresceram e logo retrocederam como a maré que lambe nossa costa. Finalmente encontraram uma rota mais rápida para a Terra Santa, e os Cruzados já não viajaram através de nosso país. Demos graças por esse retiro. Entretanto não nos deixaram em paz. A cada ano alguém chegava em busca do agora lendário ouro. Veio um barão da Inglaterra, já que seu rei tinha ouvido o rumor, mas depois de que nosso regente permitiu-lhe fazer uma busca minuciosa no castelo e as suas terras, o barão disse que retornaria a Inglaterra com estas notícias: não havia tesouro que encontrar. Como o Rei Grenier tinha sido tão hospitaleiro, o barão advertiu-lhe de que o Príncipe John da Inglaterra estava considerando invadir St. Biel. John, explicou o barão, queria governar o mundo e estava esperando impacientemente obter a coroa da Inglaterra. O barão não tinha dúvida de que St. Biel logo se converteria em outro senhorio da Inglaterra. A invasão chegou um ano mais tarde. Uma vez que St. Biel pertencia oficialmente a Inglaterra, recomeçou a busca pelo ouro escondido. As testemunhas juraram que não se deixou uma rocha sem remover. Se alguma vez tinha havido um tesouro, desvaneceu-se. Capítulo Um Wellingshire, Inglaterra A Princesa Gabrielle tinha apenas seis anos de idade quando foi convocada ao leito de morte de sua mãe. Escoltando-a ia seu leal guarda, dois soldados situados a cada lado dela, enquanto procediam solenemente pelo longo corredor, andavam devagar para que ela pudesse acompanhar o passo. O único som era o de suas botas ressonando contra o frio chão de pedra. Gabrielle tinha sido chamada ao leito de morte de sua mãe tantas vezes que tinha perdido a cont ...

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