Livro: Amor sem Preço - Sandra Marton Página 5

... Jansson. — Volte à sua mesa — ele disse. — E não me interrom¬pa novamente ou terminará o dia nos Recursos Humanos, pegando seu pagamento final. Entendeu? Aparentemente ela entendera. Denise, Elise, ou seja, lá como se chamasse, fechou a porta. Lucas ficou olhando para a tal porta por alguns segundos. Depois se jogou na cadeira, inclinou-a e ficou olhando para o teto. Ótimo. Em poucas horas, estaria com um homem que mal fala inglês e sua mulher, cujo único objetivo era meter a mão na braguilha de Lucas. Estaria sem tradutor, e a sua vida particular era tópico da fofoca entre os empregados. Como poderia ser diferente? Elin montara um escândalo, entrara ali como um vendaval, exigia explicações sobre a "mocinha loira" e atirou uma foto na mesa de Lucas. A foto aparecera na internet, em algum site de fofocas, foi o que ela disse. Em apenas uma olhada, Lucas notou que se tratava de um milagre do editor de imagens, mas a verdade é que a tal "moci¬nha loira" — uma atriz, como dizia o site — parecia estar debruçada em sua direção, mas seus pés estavam alguns centímetros fora do chão. Ele ergueu os olhos, já sorrindo, pronto para dizer a Elin exatamente isso, mas viu aque¬les olhos raivosos, aquela boca carrancuda e foi tomado por várias lembranças das menores chateações que aquela mulher lhe causava. Lembrou-se da pequena bolsa de ma¬quiagem de Elin, deixada numa gaveta da casa de Lucas. De sua calça jeans, camiseta e tênis no armário. Segundo ela, deixando tudo aquilo na casa de Lucas, poderia descer de um táxi na porta de sua casa, às sete da manhã, com uma cara ótima. Idiota, ele pensou, mais que idiota! Elin não ligava para isso. Na verdade, metade das mulheres de Manhattan era capaz de sair de um táxi, de manhã, usando a mesma roupa do dia anterior. Talvez a parte mais ób¬via dessa mentira era que ele poderia contar nos dedos as vezes que Elin, ou qualquer outra mulher, passara a noite inteira na sua cama. Para Lucas, ...

sexo era sexo, e sono era outra coisa. Caso dormisse com uma mulher, outra ficaria sozinha. — Você acha engraçado ficar dando voltas por aí? Chifrando-me? — Ela passou as mãos sobre os lábios. — Estou esperando uma explicação. Certo. Lucas se levantou. Elin era alta, mas Lucas era bem mais. — Eu não chifro ninguém — disse ele friamente. — E não fico dando voltas por aí. E não tenho que explicar nada para você nem para ninguém. A mulher ficou paralisada. Um progresso, ele pensou, calmo, lembrando-se dela e de como as coisas estavam en¬tre eles dois. Lembrou-se de que tinham um caso, que era bom, mas. Elin gritava alguma coisa, em finlandês, e ele poderia jurar que não seria um elogio. Um segundo mais tarde, ela já desaparecera. Tudo bem pensou. Na verdade, já passara da hora de dizerem adeus. Porém, de repente, Lucas se lembrou do que teria pela frente: o jantar. Leonid Rostov. Liana. Por um maldito segundo, pensou em correr atrás de Elin e perguntar se aquilo significava que não o acompanharia à noite. Foi até o armário de madeira brasileira que havia do ou¬tro lado da sala, passou pela bruxa Denise-Elise, abriu a por¬ta, pegou uma fina taça de cristal Baccarat e uma garrafa de uísque Macallan. A culpa era dele. Deveria saber que mistu¬rar prazer e trabalho nunca dá certo. Aquilo parecia perfeito. Uma mulher linda e sofisticada, que saberia que talher usar ao mesmo tempo em que traduziria do russo para o inglês e do inglês para o russo. Onde poderia encontrar uma mulher como aquela, na última hora, mesmo em Nova. — Se. Senhor Vieira? — Merda — disse e girou o corpo para a porta. Sua se¬cretária tremia. Ao seu lado, estava Jack Gordon. Lucas o contratara há um ano. Gordon era inteligente e criativo. Ainda assim, em alguns momentos, preferia nunca mais ter de olhar nos seus olhos. Lucas moveu a cabeça. Denise-Elise deu um passo atrás e fechou a porta. Lucas olhou para Gordon, impassível. — Espero qu ...

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