Livro: O Feitiço de Ellen - Lois Greiman Página 3

... e. — Estou apenas me divertindo em sua festa — murmu¬rou, relanceando um olhar sobre o ombro para o pequeno lorde, que parecia ainda estar dando tratos à bola para des¬cobrir como terminar sua frase sobre o farol. — Milt? — perguntou May com voz sufocada. — Está pensando em Milt? — Não sei do que está falando. — Quer que sua filha seja careca? — inquiriu May. — Não tenho filha. — E nem terá. Pelo menos não com um tipo sem graça como Milton — sentenciou May, arrastando Ellen para a varanda. — Acontece que lorde Milton. — É um bêbado com metade da sua altura, e eu diria que inadequado para procriar, sendo feio como é. Ellen abriu a boca para protestar, mas calou-se, reconhe¬cendo que, de fato, os olhos de lorde Milton ficavam na altura de seu busto, o que talvez favorecesse a tendência dele de fi¬car olhando para seus seios, mesmo quando ela estava vestida com simplicidade. O que, aliás, não acontecia naquela noite. A renda no decote do vestido verde-claro não escondia a generosa curva dos seios; as mangas eram longas e justas, e a bainha mal encobria os sapatos de baile, exibindo os tornozelos bem-torneados quando ela dançava a quadrilha. Afinal, nem todos os seus encantos eram produzidos por en¬cantamentos, pensou Ellen com bom humor. — Eu sabia que não devia ter confiado em você — mur¬murou para May. — Claro que devia — contestou a anfitriã. — Senão como eu poderia dissuadi-la de seus planos imbecis? — Ter um filho não é uma coisa imbecil — defendeu-se Ellen. — Bem, fora do casamento, é. — É algo aceitável, e você bem sabe. Eu poderia mencionar várias damas que têm filhos ilegítimos, e ninguém as julga mal por isso. — Só que elas têm marido, e nenhuma teve um bastardo com lorde Milton — insistiu May. Lady Shirling passou por elas de braço dado com o mari¬do, e Ellen sorriu, cumprimentando-a discretamente. — Não me casarei de novo — disse com o canto da boc ...

para a amiga, que riu. — Bobagem! Quem falou em casamento? Ellen olhou para May, imaginando se estaria bêbada. — Creio que foi você — rebateu — quem falou que gosta¬va de ver suas amigas bem casadas. May fez um gesto displicente com a mão. — Isso foi antes de perceber como o seu primeiro casa¬mento foi desastroso. Com um gesto de cabeça, Ellen agradeceu a um criado que lhe oferecia vinho, enquanto May perguntava: — Aliás, pode me dizer o que deu tão errado? Ellen percorreu o olhar pela profusão de vestidos que pa¬reciam centenas de borboletas voejando, e ouviu as risadas se misturando às exclamações e comentários, em meio ao som da orquestra. — Eu não disse que deu errado — murmurou por fim. — Então, se o seu casamento foi feliz, por que não quer se casar de novo? — Talvez eu não queira manchar a memória de meu querido marido, trazendo outro homem para a minha vida — sugeriu Ellen. May fez uma careta. — Muito bem. Não confie em mim, sua amiga mais sin¬cera, mas se pretende ter um romance, pelo menos que seja com alguém não tão. — Relanceou um olhar para o pobre lorde Milton, que ainda parecia atarantado, sozinho no sa¬lão, e concluiu com um muxoxo: — .repugnante. — Existem coisas muito mais importantes a considerar além da beleza física — replicou Ellen. — Ah, então é a inteligência de Milton que acha irresis¬tível? — perguntou a anfitriã com ironia. — Sim, isso mesmo. — Ellen endereçou um olhar para o pobre lorde, que parecia resmungar consigo mesmo. — Não tenho a menor intenção de me sentir atraída fisicamente. May agarrou duas taças da bandeja de um criado que passava, e vendo que Ellen já segurava uma na mão, ficou com as duas. — Então seu ex-marido era demoniacamente lindo, certo? — A aparência física do homem não importa em nada — comentou ela. — Bem. — May tomou um gole de uma das taças. — Sem dúvida, então arrumou o homem certo para a ...

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