Livro: Bastidores de uma vida Página 3

... interpretar. E, mais ainda, sentira-se deliciada pelo fato de ele ganhar o Oscar de melhor ator, justamente por seu trabalho no filme que estrelara com Anne Coeur, Na manhã seguinte, os jornais haviam noticiado com estardalhaço a vitória de Tom Benedict. Ele aparecia, na primeira página, mais atraente do que nunca, usando black-tie e segurando o Oscar, enquanto abraçava Anne Coeur. Um jornal de grande circulação fora o responsável pelo apelido que até hoje o acompanhava. O repórter havia se baseado numa declaração de David Carrington, que poucos dias antes fora apontado como forte candidato ao Oscar. David dissera que “punha todo o seu ‘coração’ na estatueta dourada, que significava a maior glória para qualquer ator”. E a perdera para Tom Benedict. Além do mais, o sobrenome de Anne, Coeur, em francês, significava “coração”. Assim, o jornal dera a Tom o título de “Ladrão de Corações”, referindo-se não apenas às suas duas vitórias sobre David Carrington, mas também ao fato de que Tom era conhecido como um conquistador incorrigível. O apelido permaneceu, mesmo depois de Tom e Anne terem declarado à imprensa que eram apenas bons amigos. Mas não era em Anne Coeur que Jassy estava pensando, quando Sarah voltou a perguntar: — E então, Jassy? Você não vai cometer uma besteira dessas, jogando fora a oportunidade de trabalhar para um homem como Tom Benedict, não é? Pense no que poderá aprender com ele, você que ama tanto o teatro. Pense que talvez possa conseguir um papel em seu próximo filme. De fato, trabalhar com Tom Benedict podia significar muito para uma atriz iniciante, mas Jassy não queria sequer pensar nessa possibilidade. — Será que Francesca não poderia me arranjar outro emprego? — indagou, num tom tímido. — Acho que não. Jassy, você não vê a grande oportunidade que está perdendo? Não percebe que Francesca relegou todas as outras garotas inscritas na agência, para favorecer você? Claro ...

ue, sendo uma atriz, você tem esta vantagem sobre as outras. Mas pode ter certeza de que elas ficariam furiosas com Francesca se soubessem que ela lhe deu este privilégio. De fato, qualquer garota da agência de Francesca ficaria maravilhada com a oportunidade de trabalhar para um homem que era considerado o mais belo e talentoso ator dos últimos tempos, Jassy pensou. E então sua mente trouxe- lhe de volta os acontecimentos de dois anos atrás, quando estava quase terminando o curso de Arte Dramática. Para a conclusão do curso, os alunos haviam resolvido montar Romeu e Julieta, sob a direção de Benjamin Carstairs, um professor muito simpático que todos chamavam carinhosamente de Benjy. Para total felicidade de Jassy, ele a escolhera para desempenhar o papel de Julieta, ao qual ela se entregara com todo amor e dedicação. A estréia causara tanto sucesso, que a própria direção da escola convidara o elenco para fazer uma temporada de um mês, cuja renda reverteria para os próprios alunos. Benjy, o professor de interpretação, era um homem bastante conhecido no meio artístico. Assim, durante a temporada, fizera questão de convidar vários atores famosos e até mesmo jornalistas para assistirem ao espetáculo. Sabia que isso seria um grande incentivo para os alunos, além de uma boa promoção para a escola. Certa noite, Jassy estava se maquiando no camarim, quando ouviu alguém dizer que Tom Benedict viria assistir à apresentação daquela noite. O ator mais famoso da atualidade, o homem cuja carreira ela vinha acompanhando desde que chegara a Londres estaria sentado na platéia, Jassy pensava, emocionada, enquanto concluía a maquiagem. Tom Benedict não era apenas famoso por seu talento ou sensualidade. Considerado um crítico feroz e implacável, uma palavra sua poderia destruir ou erguer um ator novato, no meio artístico. E ele estaria lá! E se gostasse de seu trabalho?, Jassy se perguntava, eufórica e um tanto assustada. Se Tom a apontas ...

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