Livro: Bastidores de uma vida Página 2

... ais calma, um trabalho no teatro. Bem, de fato ela afirmara que estava disposta a qualquer tipo de emprego. Mas por que Francesca lhe oferecia justamente esse?, ela pensou. Quando o telefone tocou, um pouco antes do jantar, Jassy percebeu que Sarah falava com entusiasmo. Minutos depois, a amiga entrou na cozinha com uma expressão de triunfo no rosto simpático e sardento: — Eu não lhe disse que podia confiar em Francesca? Um largo sorriso iluminara a face de Jassy: — Ei, não me diga que. Que ela me arranjou um emprego! — E que emprego, menina! — Sarah respondera, no auge da excitação. — Você é uma garota de sorte, sabia? — Ora, pare de fazer suspense e conte tudo de uma vez. — Tom Benedict! — Sarah anunciou, num tom dramático, e então, ao ver a expressão confusa de Jassy, indagou: — Ei, não ouviu o que eu disse? — Tom Benedict — Jassy havia repetido, em voz baixa. — O que tem ele.? — Ora, vamos, amiga. Você é atriz. Será que nunca ouviu falar em. — Tom Benedict? Mas é claro que sim. Não é preciso ser atriz para saber quem ele é. Mas você não está querendo dizer que. — Estou, sim. Tom Benedict, o “Ladrão de Corações” — Sarah afirmara, citando o apelido do grande ator, que era um dos mais famosos da atualidade. — O que eu não faria para vê-lo de perto, ao menos uma vez. E você vai vê-lo sempre, pois será sua secretária. — Espere, não tenha tanta certeza — Jassy protestara, com veemência. — Afinal, eu ainda não aceitei o emprego. Mas por que raios Tom Benedict precisa de uma secretária temporária? — Para cuidar da correspondência de seu fã-clube, que deve ser o maior do país, senão do mundo. A secretária de Tom está internada, pois teve apendicite. E ele precisa de uma substituta, até que ela volte. Mas há um outro motivo também. Pelo que Francesca me disse, Tom Benedict está muito ocupado com as negociações de seu próximo filme. Parece que além de ator, ele s ...

rá também diretor. E, mais do que nunca, precisa de uma secretária eficiente para cuidar disso tudo. — Sarah deu um sorriso maroto, e concluiu: — Mas acho que a correspondência do fã-clube é mais interessante. Já pensou, Jassy, como deve ser emocionante ler todas aquelas cartas de mulheres apaixonadas, revelando suas mais loucas fantasias? — Ora, isso me parece detestável — Jassy replicou, de mau humor. Na verdade, o mito chamado Tom Benedict causara uma espécie de histeria geral, afligindo a população feminina de toda a Grã-Bretanha e América, nos últimos cinco anos. Jassy não se sentia nem um pouco atraída, na verdade, sempre nutrira um certo desprezo por aquele tipo de adoração desenfreada. As pessoas se apegavam à beleza física e à imagem pública de Tom Benedict e não em seu trabalho artístico, que, aliás, era supreendente. Tom era um belo homem, disso não havia dúvidas. Loiro, olhos verdes, um físico que chamava atenção, e uma sensualidade latente. O apelido “Ladrão de Corações”, dado pela grande imprensa, surgira de uma série de fatos bastante curiosos. Tom estrelara um filme ao lado de Anne Coeur, uma bela e famosa atriz, casada pela segunda vez com outro ator, David Carrington, que também trabalhava no filme. Ainda durante as filmagens correram boatos sobre um possível envolvimento amoroso entre Tom e Anne. Meses depois, David Carrington pedira o divórcio, acusando a esposa de ter um caso com Tom Benedict. Jassy lembrava-se de todos aqueles fatos com incrível nitidez, pois tudo ocorrera na época em que entrara na Escola de Arte Dramática de Londres e sentira, pela primeira vez, que o teatro era a coisa mais importante de sua vida. Assim, ela praticamente devorara jornais e revistas especializados no assunto e, como toda atriz novata, interessava- se pela vida de seus astros preferidos. Desde a primeira vez em que vira Tom Benedict nas telas do cinema e da tevê, ficara fascinada com sua capacidade de ...

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