Livro: Vizinha Tentadora Página 2
Autor - Fonte: Lass Small
...
escuras e os olhos cas-tanhos.
Com sua voz naturalmente rouca, Salty perguntou:
— Sente-se culpado?
— Não. Ela estava um pouco diferente, mas parecia satisfeita.
— Mas você já havia percebido que ela piorava dia a dia?
Rod abriu os braços num gesto de impotência:
— Foi muito lento. Eu já estava habituado a vê-la sempre diante da televisão, quieta, e nós nunca conversávamos. A tevê era tudo o que ela tinha na vida.
— A polícia o pressionou?
— Sim. Pat explicou a situação e eles desconfiaram de nós. Chegaram a insinuar que ela e eu havíamos planejado a morte de Cheryl. Um crime passional.
— E como livrou-se da acusação?
— Fiquei tão perplexo, que não consegui raciocinar. Pat tomou todas as providências. Conseguiu o depoimento do médico, de duas enfermeiras, e todos os vizinhos testemunharam a nosso favor. Foram maravilhosos, mas Pat foi simplesmente perfeita. Ela é tão lógica. Ninguém poderia pensar numa vizinha melhor.
— Como ela é?
Rod suspirou:
— Pat cuidou de Cheryl durante muito tempo. Elas cresceram juntas naquela vizinhança e, com a ajuda da amiga de infância, Cheryl pôde ficar em casa. Pat era a única capaz de convencê-la a levantar-se daquela cadeira para tomar banho, trocar de roupa e engolir os remédios. Nunca serei capaz de retribuir o que ela fez por nós.
Tentando encontrar a essência do problema do filho, Salty comentou:
— Deve ter sido terrível descobrir que sua esposa estava morta há tanto tempo.
— Sim, foi horrível. Pat havia sofrido um acidente com o carro e foi levada para o hospital. Ela estava aflita, resmungando coisas estranhas sobre Cheryl, e a enfermeira noturna decidiu prestar atenção aos delírios, porque sabia que Pat cuidava de uma amiga de infância com problemas mentais.
— Então, como os policiais imaginaram que.?
— Havia uma enorme diferença entre o que Pat dizia em seus delírios e a pessoa em que Cheryl transformara-se — e passou a mão pelos cab
...
los num gesto de desânimo.
— Está se lamentando?
— Por mim? Não. Já não existia nada entre nós. Mas a vida dela foi tão. desperdiçada!
— Se ela quisesse, poderia ter mudado tudo.
— No início, talvez.
— Não podemos usar padrões pessoais para julgar o uso que uma pessoa faz da própria vida.
— Eu sei. Cheryl era uma pessoa difícil, e Pat cuidou dela com carinho, dedicando todo o tempo de que podia dispor.
— Foi você quem protegeu Cheryl e a manteve em segurança.
— Isso não me custou nada. Foi Pat quem fez todo o trabalho.
— Você tem trinta e oito anos de idade, e passou onze casado! Perdeu os anos durante os quais deveria ter construído uma fa¬mília, e dedicou-se tanto que só veio nos visitar duas vezes em todo esse tempo. Quantas pessoas conheceu? Quantas vezes foi visitar um amigo ou convidou alguém para ir visitá-lo? Você permitiu que as circunstâncias o transformassem num prisioneiro daquela casa, da rotina de sua esposa. Agora está livre, e tem uma oportunidade de reconstruir sua vida.
Rod virou-se para a janela e observou a paisagem que cercava a casa dos Brown. As folhas haviam recuperado o verde intenso da primavera, e a grama crescia forte e renovada.
Em voz baixa, comentou como se falasse para si mesmo:
— Depois de tudo o que aconteceu, foi estranho entrar numa casa cheirando à limpeza e ver aquela cadeira vazia. Estava acos¬tumado a encontrá-la sempre no mesmo lugar, e acho que foi o silêncio que me perturbou. A televisão estava desligada. Comentei com Pat o quanto era estranho entrar numa casa silenciosa, e ela programou o rádio para funcionar no horário em que eu costumava chegar. Na primeira noite eu quase morri de susto.
— Teve a impressão de que não estava sozinho?
— Exatamente.
— Então acredita em fantasmas!
— E claro que não! Ou melhor. nunca pensei no assunto.
Salty respirou fundo e levantou-se:
— Você já tomou muito café. Vamos ver se ainda sabe como se limpa um ...
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Comentários:
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Raymunda: Lindo demais
.
minuche: simplesmente sensacional.linda e única..
Mary Santos: muita boa a historia gostei.
Nina: É linda!.
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