Livro: Chuva de brilhantes Página 3

... ro? — De certa forma. foi. Francesca verificou que o vestido precisava de uns pequenos ajustes para ficar perfeito e, enquanto anotava as alterações, perguntou: — Nas suas jóias de família, há algo como uma chuva de brilhantes, lady Cornwall? — Não creio. Por quê? — É a jóia perfeita para essa roupa. — Não estou bem certa do que seja. Você disse chuva de brilhantes? — É. Nunca vi uma assim, mas me descreveram uma vez e eu tinha em mente, quando desenhei o modelo. É uma jóia vitoriana, talvez um tanto rara hoje em dia. — Sei que minha sogra tinha uma coleção de jóias que pertencera à avó dela. Mas mandou reformar quase toda, porque as peças vitorianas eram consideradas antiquadas e pesadonas. Foi uma pena, porque os clips e pulseiras estão voltando à moda. — Ficou pensativa por um momento. — Talvez eu encontre uma chuva de brilhantes na Sotheby ou no Harvey & Gare. Vou procurar. E os sapatos? O que você acha? Francesca deu várias sugestões. Inclusive mandar fazer sapatos especiais, com o mesmo bordado da roupa. Depois que a condessa saiu, colocou o vestido diante do corpo e olhou-se no espelho, — Fica melhor em você do que nela — comentou Susie. — Lady Cornwall é loura demais para ele. Combina mais com o seu colorido. O cabelo de Francesca era de um castanho-escuro maravilhoso. — Eu o desenhei para mim. Quer dizer, pensando em mim. Nunca pretendi usá-lo, realmente. Onde iria com uma roupa dessas? Percebeu a cara de censura da assistente. A garota não conseguia entender por que a patroa não aproveitava sua posição para ter unta vida social. Mas Francesca tinha razões para evitar todo tipo de publicidade pessoal. Pouquíssimas pessoas, inclusive alguns de seus amigos, sabiam que usava pseudónimo e que o sobrenome Rímini não tinha nada a ver com seus antepassados italianos. Ela o escolhera em homenagem a uma outra Francesca, que vivera há setecentos anos, em Ravena. Uma mulher cujo destino tr ...

�gico sempre a impressionou: obrigada pelos pais a se casar com um homem que não amava, apaixonou-se pelo cunhado, Paolo, e foi assassinada junto com o amante, pelo marido traído. Não que Francesca tivesse passado por nada parecido. Mas sabia que, por amor, seria capaz de enfrentar qualquer perigo. Arriscaria tudo por uma noite nos braços do homem que amasse. — Preciso trabalhar — disse, devolvendo o vestido a Susie. Quando saía da loja em direção da escada dos fundos, alguém abriu a porta. Olhou por cima do ombro. Era um homem alto, de cabelo preto e pele tão queimada como a de lady Comwall. Ele se dirigiu a Susie. — Boa tarde. Esperava encontrar uma amiga aqui. Aquela voz. Francesca arregalou os olhos verdes. Pensou estar enganada. Não podia ser ele. Notara a semelhança, mas a voz profunda e envolvente. — Não há mais ninguém aqui, no momento, mas fique à vontade, senhor. — Posso? Obrigado. — Não quer sentar? De onde estava, Francesca não via sua assistente, mas pelo espelho tinha uma boa visão do visitante. Agora, ele se virava de frente e sentava no sofá. Seu coração começou a bater tão violentamente, que levou as mãos ao peito, como para abafar aquele som que poderia chamar a atenção. Como ele mudara pouco, comparado com ela! As rugas na testa estavam mais marcadas, mas o corpo ainda era musculoso e flexível e a postura, elegante, quase arrogante. Ouviu Susie perguntar: — O senhor está certo de que é esta a loja? — Estou. Minha amiga me deu a impressão de que é uma das clientes especiais de vocês — respondeu, com um sorriso. Francesca observou que o tempo não havia diminuído seu magnetismo nem seu interesse por mulheres. Susie era atraente, e o sorriso que ele lhe deu provava que também achava isso. — Oh, não sou uma das donas. Apenas trabalho aqui. — Existe realmente uma senhora ou senhorita Rímini? Seu tom não era de quem estava mesmo interessado. Perguntara só para puxar conversa. ...

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