Livro: Voz do Coração Página 3

... os suspeitos. O caso era uma fantasia ou extremamente clandestino, com um amante bastante hábil, a ponto de manter completo anonimato. Jacinda continuou a cavar mais fundo, na intenção de en¬contrar algum indício. Foi quando encontrou o arquivo da empresa Blue Magus Investment. Sua irmã estava à procura de novos clientes, dispostos a empregar um capital de risco. Ao escanear o arquivo, um nome chamou sua atenção: o de Gage Lattimer. Havia anotações à mão, escritas na borda da página: bilionário, bem conectado e recluso. Rico, poderoso e solitário. Já era o suficiente. Quando voltou ao hotel, entrou no Google para descobrir o que havia sobre Gage Lattimer. Fisicamente, Gage Lattimer fazia o tipo descrito por Marie, mas como não estava sorrindo na foto, não conseguia discernir se possuía a tal covinha. Ele tinha 35 anos, era divorciado e disponível. Pelo serviço de pesquisa online, descobriu facilmente que Gage morava na cobertura da Park Avenue 721. O último endereço da irmã. Bingo! A coincidência era enorme, pelo menos para ela. Para a polícia já era outra história. Jacinda sabia que teria de encontrar provas mais concre¬tas. Os policiais haviam concluído que a morte da irmã fora suicídio e desconsideraram a informação sobre Marie ter um caso secreto. Iriam achá-la ridícula por acusar de assassinato um pode¬roso bilionário, de vida reclusa. Jacinda desviou a atenção do computador para olhar pela janela do escritório, mas em vez de ver os telhados dos pré¬dios comerciais do distrito financeiro londrino da Canary Wharf, viu a imagem de Marie refletida no vidro. Um rosto bonito a olhava. Tinha olhos verdes de gato, emoldurados por cílios pretos e longos, que combinavam com seu nariz aquilino e lábios grossos. Seus cabelos casta¬nhos, longos e encaracolados estavam presos com uma five¬la. Marie se parecia com Jacinda, mas era cinco centímetros mais baixa que ela. Se a polícia não tivesse interesse em enco ...

trar o assassino de Marie, Jacinda, por si só, teria de desenterrar a verdade. Ela devia isso a Marie. Sua irmã nem tinha tido a chance de embarcar na vida. Nunca viajou pelo mundo, nunca foi madrinha de casamento de Jacinda, nunca conheceu seus filhos, nunca se casou e nem teve sua própria prole. Jacinda percebeu que a morte da irmã havia lhe dado uma sensação de imediatismo na vida. De repente passou a querer todas essas coisas: marido, filhos e uma vida completa. O que ela estava esperando? Quanto tempo ainda teria nesse mundo? Ela pensou muito como seria abdicar da sua posição exe¬cutiva de publicitária na empresa Winter & Baker. E ultima¬mente novos planos começaram a se delinear em sua mente, ela não teria escolha. Precisava encontrar o assassino de Marie, caso contrário, o caso não seria solucionado e ela não conseguiria seguir com a própria vida. Sua família estava despedaçada pela morte de Marie. Seus pais e o irmão Andrew estavam devastados pela dor. Eram uma família de classe média alta e muito unida. O pequeno negócio de seus pais havia gerado uma renda subs¬tancial, a ponto de poderem mandar os três filhos para uma escola de elite. Mas agora Marie havia partido. Jacinda, seus pais e o irmão foram buscar o corpo de Marie no necrotério e o levaram de volta para casa, a fim de enterrá-lo no jazigo da família perto de Londres. Fora Jacinda, o resto da família, mesmo que relutante, havia aceitado o laudo da polícia que considerava a morte de Marie suicídio, não havia qualquer outra evidência que provasse o contrário. No entanto, Jacinda não conseguiu superar a sensação de desconforto dentro dela. Conhecia Marie. Cresceram juntas e inseparáveis, mais do que qualquer outro membro da famí¬lia. Dividiam sonhos e segredos. Sua irmã nunca cometeria suicídio. Jacinda desviou o olhar da janela do escritório e voltou para a tela do computador. Gage Lattimer. Seria ele a chave para solucionar o crime? Sem hesi ...

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