Livro: Voz do Coração Página 2

... Cinco meses atrás Ele tinha aquele semblante endurecido de um guerreiro cor¬porativo. O desejo de conquista estampado em seu aspecto sombrio. Mas ele era um assassino? Jacinda Endicott absorveu tudo isso. O cabelo grosso, castanho-escuro, as sobrancelhas intensas e a mandíbula tensa. Ele vestia um terno que delineava seus ombros largos, com a elegância de Cary Grant ou George Clooney. Era sisudo, como se pertencesse a uma raça singular. Ele olhava diretamente para a câmera. Uma distância pequena, mas inevitável, o separava de seus colegas. Com uma altura invejável, sobrepujava facil¬mente o casal à sua direita e os dois homens à esquerda. Jacinda olhava para a foto em seu computador. Gage Lattimer, por si só, disparava o coração de qualquer mulher. Só de pensar o coração dela já batia mais forte. O ousado bilionário, executivo da Blue Magus Investments, não era uma pessoa muito sociável, mas suas poucas palavras e forte autoconfiança eram quase palpáveis. Ele era o tipo de homem que atrairia Marie, a irmã mais nova de Jacinda. Isso, antes de o caso ter virado fatal. Seu coração ficou apertado. Era difícil acreditar que Marie havia partido. Há duas se¬manas. Ela estava esperando que o pesadelo terminasse, mas a cada manhã, mesmo antes de abrir os olhos, uma sensação de pavor lhe dava aquele frio no estômago. Ela se perguntava se as coisas seriam as mesmas nova¬mente. De acordo com a polícia, Marie pulou do telhado de seu prédio, na Park Avenue. Suicídio, concluíram os policiais. Mas Jacinda recusava-se a acreditar que sua irmã linda e vivaz havia tirado a pró¬pria vida. Nenhum bilhete de despedida foi encontrado. Não há sempre um bilhete? Além disso, a autópsia não detectou dro¬gas em seu organismo. Simplesmente não fazia sentido, impulsionada por um es¬pírito aventureiro, Marie mudou-se de Londres para Nova York assim que se formou. Deixou sua família do outro lado do oceano, seduzida pelo glamour que ...

vinha na onda de Sex and the City. Em Nova York sua irmã conseguiu um emprego como corretora de seguros, mas logo depois abriu sua própria em¬presa. Batalhadora e com uma personalidade vibrante, cons¬truiu, rapidamente, uma lucrativa rede de clientes. E agora Marie está morta. Uma vida ceifada aos 25 anos. Apesar do laudo da polícia, Jacinda, no fundo, sabia que sua irmã não havia pulado. Havia sido empurrada. Mas a pergunta era: por quem e por quê? A primeira idéia que ocorreu a Jacinda veio por acaso, quando ela viajou para Nova York com seus pais e irmão, assim que recebeu a ligação do detetive Arnold McGray, do Departamento de Polícia de Nova York, informando sobre a morte de Marie. No escritório da irmã ela conheceu uma corretora que Marie havia contratado e a mulher mencionou que Marie estava tendo um caso com um homem muito rico e pode-roso. Sua irmã nunca quis revelar o nome do homem, mas descreveu o sujeito como alto e moreno, com olhos negros e penetrantes e uma covinha linda. Jacinda agarrou-se àquela informação. Ela também esta¬va magoada pelo fato de a irmã não ter lhe contado sobre o relacionamento. Mas concluiu que Marie achou, por alguma razão, que ela não aprovaria seu caso. Claro que desaprovaria, caso suspeitasse de que o namo¬rado de Marie tivesse algum instinto violento. Marie tinha um espírito aventureiro e por vezes impetuo¬so. Ela namorou um moicano com um piercing no nariz na época da escola. Mas até então, Jacinda nunca achou que a irmã pudesse escolher um namorado tão imprudente como este último. Jacinda foi à polícia com a informação de que a irmã estava tendo um caso, mas disseram na delegacia que precisavam de evidências muito maiores para que pudes¬sem transformar um simples amante em um assassino em potencial. Então decidiu vasculhar as coisas de Marie, mas saiu de mãos vazias. Como a polícia já havia notado, não existiam e-mails estranhos ou chamadas telefônicas para númer ...

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