Livro: Memórias da Rua do Ouvidor
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Autor - Fonte: Joaquim Manoel de Macedo
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Joaquim Manoel de Macedo
CAPÍTULO 1
Como a atual Rua do Ouvidor, tão soberba e vaidosa que é, teve a sua origem em um desvio,
chamando-se primitivamente Desvio do Mar, e começando então (de 1568 a 1572) do ponto em
que fazia ângulo com a Rua Direita, neste tempo com uma só linha de casas e à beira do mar.
Como em 1590, pouco mais ou menos, o Desvio do Mar recebeu a denominação de Rua de
Aleixo Manoel, sendo ignorada a origem dessa denominação; o autor destas Memórias recorre a
uns velhos manuscritos que servem em casos de aperto, e acha neles a tradição de Aleixo
Manoel, cirurgião de todos e barbeiro só de fidalgos; começa a referi-la, mas suspende-a no
momento em que vai entrar em cena a heroína, que é mameluca, jovem e linda, e deixa os
leitores a esperar por ele sete dias.
A Rua do Ouvidor, a mais passeada e concorrida, e mais leviana, indiscreta, bisbilhoteira,
esbanjadora, fútil, noveleira, poliglota e enciclopédica de todas as ruas da cidade do Rio de
Janeiro, fala, ocupa-se de tudo; até hoje, porém, ainda não referiu a quem quer que fosse a sua
própria história.
Se tão elegante, vaidosa, tafulona e rica no século atual, por ventura lhe apraz esquecer o
passado, para não confessar a humildade de seu berço, pois que é do Ouvidor, cerre bem, os
ouvidos; porque tomei a peito escrever-lhe a história, mas com tanta verdade e retidão que se
lembrando-lhe seus tempos primitivos ela tiver de amuar-se pelo ressentimento de sua soberba
de fidalga nova, há de sorrir depois a algumas saudosas e gratas recordações que avivarei em
seu espírito perdidamente absorvido pela garridice e pelo governo da moda.
As Memórias da Rua do Ouvidor têm, em falta de outras, um incontestável, grande e precioso
merecimento, pois começa já e imediatamente, sendo os seus hipotéticos leitores poupados aos
tormentos do prólogo, proêmio, introdução, ou coisa que o valha, em que, de costume, o autor,
abismado em dilúvios de m
...
déstia, abusa da paciência do próximo com a exibição de sua
própria pessoa afixada no frontispício do monumento.
*
Salvo o respeito devido à sua atual condição de rica, bela e ufanosa dama, tomo com a minha
autoridade de memorista-historiador, e exponho ao público a Rua do Ouvidor em seus
coeirinhos de menina recém-nascida e pobre.
A atual rainha da moda, da elegância e do luxo nasceu.
É indeclinável principiar por triste confissão de ignorância: não sei, não pude averiguar a data do
nascimento da rua que desde 1780 se chama do Ouvidor, do que a ela disso não resulta
prejuízo algum, e pelo contrário ganha muito em sua condição de senhora; porque, isenta de
aniversário natalício conhecido, não há quem ao certo lhe possa marcar a idade, questão
delicadíssima na vida do belo sexo. Que afortunada predestinação dessa Rua do Ouvidor!
São menos felizes que ela as próprias senhoras nascidas no último dia de fevereiro ano
bissexto, as quais têm o condão de aniversário natalício só de quatro em quatro anos.
Mas memorista-historiador que sou, não hesito em atraiçoar o segredo da idade aproximada da
Rua do Ouvidor, que tão louçã, namoradeira e galante conta com certeza mais de trezentos
janeiros.
Sabem todos que a cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, fundada por Mem de Sá em
1567, teve o seu assento sobre o monte de S. Januário (depois chamado de Castelo); mas,
perdido o receio de ataques inopinados dos Tamoios, começaram, logo, os colonos a descer do
monte e a estabelecer-se na planície.
Primeiramente levantaram à beira do mar casas e choupanas com uma só linha, formando o
que alguns anos mais tarde recebeu o nome de Rua da Misericórdia; em seguida foram
adiantando suas rudes construções pela praia de Nossa Senhora do Ó, que a mudar de
denominação se foi chamando Lugar do Ferreiro da Polé, Praça do Carmo, Terreiro do Paço,
Largo do Paço, e enfim Praça D. Pedro II.
Da praia de Nossa S ...
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