Livro: Aposta na Sedução Página 2

... com gestos sem importância. — Não é desperdício, querida, é um investimento. E, por favor, fale baixo quando me chamar. disso — acres¬centou, com a voz irritada. — Alguém pode ouvir. — E chegar à correta conclusão de que sou sua filha, e não sua suposta sobrinha? Até quando vamos manter essa farsa? — Tem dado muito certo. Em primeiro lugar, porque ex¬plica o mesmo sobrenome em nossos passaportes. E, como expliquei a você no início, não convém a minha imagem ter uma filha de quase 19 anos. E não é conveniente para mim de forma alguma, pen¬sou Joanna, contrariada. Quanto tempo ainda vai demorar para que eu possa ter uma vida de verdade. a vida que planejei? Ela havia pensado em ensinar línguas. E preparava-se para tentar entrar na faculdade quando sua mãe ficou muito doente, com um câncer que não podia ser operado. Dois meses depois, a mãe morreu, e a vida relativamente estável de Joanna também chegou ao fim. Denys fora chamado de volta da América assim que des¬cobriram a doença de sua esposa, e tinha mesmo sofrido. Sua dificuldade em se estabelecer, e não a falta de cari¬nho, havia mantido os dois afastados por um bom tempo do casamento. Gail Vernon queria que sua filha única tivesse uma residência fixa. E Denys precisava apostar tanto quan¬to respirar. No entanto, ele era um provedor generoso, ainda que inconstante. Uma pessoa que distribuía risadas e generosi¬dade, pensava ela, vendo a mala dele repleta de perfumes, jóias e outros presentes exóticos, assim como de roupas elegantes que o pai havia mandado fazer para si no Extre¬mo Oriente. — Se algum dia for parado na alfândega, ele acabará sendo preso — resmungava o irmão mais velho de Denys, Martin. Ainda assim, de algum jeito, isso nunca acontecera. E talvez o tio Martin estivesse certo quando também dizia que Denys tinha uma sorte dos diabos. Mas ultimamente aquela sorte toda não parecia estar ao seu lado. Tinha per-dido muito dinheiro e não ha ...

ia conseguido recuperar tanto quanto precisavam. — Está tudo bem, minha querida — respondia sempre, com ar despreocupado.— Pare de preocupar a sua linda cabecinha com isso e sorria. Uma resposta que deixava Joanna aflita, o que vinha acontecendo muito nos últimos tempos. No começo, claro, tudo parecera uma grande aventura. A última coisa que esperava era ser tirada da escola e leva¬da para fora do país para acompanhar o pai em seu estilo de vida itinerante, viajando de um centro de apostas a ou¬tro, de acordo com o estado de espírito dele. Tio Martin e tia Sylvie protestaram veementemente, dizendo que ela poderia morar com eles até terminar os estu¬dos. Mas Denys fora inflexível. — Ela é tudo o que tenho — dizia repetidas vezes. — Tudo o que me restou da mãe dela. Não conseguem enten¬der que preciso de Joanna ao meu lado? Quando pensava no que havia acontecido, Joanna se per¬guntava com tristeza se ele teria feito tanta questão de sua companhia se ainda fosse a criança quieta e tímida, com aparelho nos dentes. Mas ela havia se transformado numa mulher esguia, de pernas compridas, com cabelos casta-nhos sedosos que chegavam até a cintura e olhos verdes que perguntavam o que o mundo tinha a oferecer. O que, a princípio, parecia ser muita coisa. As via¬gens, as suítes de hotel, a atmosfera contagiante dos cassinos, tudo era muito fascinante para uma garota de quase 18 anos. Nem mesmo o choque ao perceber que Denys não estava preparado para assumir o verdadeiro parentesco entre os dois diminuíra muito o apelo da vida nômade que levavam. Pelo menos não imediatamente. Ela logo percebeu que mulheres de todas as idades acha¬vam seu pai atraente, e tentava, sem muito sucesso, não deixar que isso a aborrecesse. E, apesar de Denys ser sedu¬tor, agradável e lisonjeiro, fazia questão de deixar claro que nada passaria disso. — Preciso de você para ser meu escudo e manter minhas admiradoras a distância — ele dizia a ela, ...

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