Livro: A praia dos mil amores Página 3

... tinham enfraquecido os laços familiares. Só percebeu como estava afastada deles depois das duas últimas cartas preocupadas da mãe. Alguma coisa perturbava o paraíso dos dois e tinha relação com a presença incômoda de um tal Brad Sheridan. Foi então que Kate decidiu passar três meses em casa. Para isso, precisou recusar dois ricos contratos. Quando desembarcou em Maho-re, no tão conhecido calor tropical, em meio aos cheiros inconfundí¬veis do Oriente, soube que tinha valido a pena. Era uma delícia estar de volta. Na noite seguinte, o pai a levou até o clube "para exibir minha filha bonita", e encontrou Brad Sheridan. Se o tivesse conhecido em Londres, seria seu tipo de homem e até gostaria de um namorico sem consequências. Mas não aqui. O envolvimento dele nos negócios de seu pai cortava qualquer possibilidade. E ainda mais: Brad era um conquistador. Kate pensou em Elaine e na jovem viúva Fay Slessor e não teve a mínima vontade de entrar na lista. Nunca mais cairia na conversa de um homem assim. Tinha aprendido a lição há dois anos, quando Ken Lester entrou em sua vida e em seu coração. Era pare- cido com Brad Sheridan: cheio de charme, arrogante e especialista em dar o fora, levando o coração de uma mulher, sem deixar nada em troca. Olhou para cima e viu que Brad a observava. Ficou desconcertada. — O que há, Kate? — Nada. Por quê? — Estou perguntando. — O quê quer que eu diga? Que confie meus problemas ao mais novo bruxo de Mahore? — Não seja infantil nem injusta. É meu serviço, como o trabalho de qualquer outra pessoa. Há alguma coisa errada com o setor de látex de Mahore. Sunai Batang suspeita e tenho que esclarecê-la. Simples. — Bem, não tenho absolutamente nada a ver com os problemas de Mahore, imaginários ou verdadeiros. — E jamais pensei que tivesse. Mas acho que tem medo de sair de sob as asas de seu pai. Afinal, já está bem crescidinha, Kate. Fulminou-o com o olhar. — Isso é rid ...

�culo demais para merecer uma resposta. — Acha? Talvez eu esteja enganado. Você é que o protege. . . — O quê? Outra suposição ridícula. Idiota, mesmo! Não tenho nada a ver com a vida de meu pai, nem ele com a minha. Pôs o copo na mesa. Como ele conseguia irritá-la! Disse, gelada: — Escute: minha mãe foi à Inglaterra, na semana passada, para uma delicada operação nos olhos. É a primeira vez em vinte e três anos que se separam. E a primeira vez, em cinco, que passo férias com meu pai. Temos um monte de coisas para conversar e pôr em dia, o que é muito natural, nas circunstâncias. Já pensou nisso? — Pensei. É claro que pensei. — E daí? O que você tem com isso? — perguntou ela, em tom de desafio. — Eu me importo com tudo que se relaciona com as pessoas da minha companhia. — Mas eu não trabalho nem para sua firma nem para você! — Acontece que seu pai trabalha. E Walt Marlow também. Kate mordeu o lábio. Como é que Walt tinha entrado na conversa? Cansada, levantou e o encarou. — Qual é o sentido dessa inquisição? Além de estar se metendo na minha vida. . . É tão importante assim, que não pode esperar pa¬ra discutir com meu pai? Por que não vai à casa de Walt Marlow e resolve lá com eles? — Boa idéia. Quer ir comigo? — Não, não quero. — Você não gosta de Marlow, não é? — Isso é comigo. — Desviou os olhos. Será que nada lhe escapava? — Acredita em usar os privilégios femininos, heim, Kate? — Por que diz isso? Por que recuso convites que não tenho von¬tade de aceitar? — Os meus e os de Marlow, pelo que sei. Ela balançou a cabeça, abandonando a luta. — Por favor, Brad, estou cansada. Acho que é uma reação ou coi¬sa parecida. Talvez precise me aclimatar outra vez, mas alguma coisa está acontecendo comigo. Queria dormir cedo, e é por isso que não estou sociável. Nada pessoal, garanto. Ele apertou os lábios, observando seu rosto pálido. Abrandou a expressã ...

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