Livro: A Peregrina Página 2
Autor - Fonte: JOHN BUNYAN
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E ocupa sempre preferencial espaço
Em bolsos, corações e em armários;
Porque às suas almas leva seus enigmas
Com tal proveito, em benéficos parágrafos,
Que compensa grandemente a dor de lê-lo,
E mais que o ouro sabem apreciá-lo.
Até os pequenos que andam pela rua,
Ao se encontrarem meu Peregrino ao passo,
O saúdam e alegres cumprimentam,
Dizendo que é o moço mais simpático.
Também o admiram os que não o viram,
Porque souberam de seus feitos algo,
E desejam tê-lo, para que lhes faça
De seus curiosos sucessos o relato.
Os que não o estimavam num princípio,
Acusando-o de simples ou insensato,
Por conhecê-lo já, o recomendam,
E aos seus o enviam de presente.
Assim, não temas, minha Segunda Parte;
Alça tua testa, ninguém te fará dano;
Os que têm amor para a Primeira
Te acolherão com gozo e entusiasmo,
Pelas coisas que dás, úteis e boas,
A pobres, ricos, jovens e anciãos.
OBJEÇÃO III
Mas alguns dirão: Ri tão forte,
Envolve a cabeça em muita névoa,
E são suas narrações tão obscuras,
Que não sabemos como interpretá-lo.
RESPOSTA
Posso pensar que risos e clamores
Advirtam-se em seus olhos quando olhá-los.
Coisas que, talvez, provocam riso,
Um agudo tormento vão ocultando.
Jacó, vendo Raquel com suas ovelhas,
Beijou-a, e à vez vertia o pranto.
Dizem que há uma nuvem em sua cabeça:
A ciência assim se cobre com seu manto,
E estimula à mente a que descubra
O que se pode achar, pesquisando-o.
O que parece envolto em frase escura,
Move a inteligência do cristão,
Para que estude e tome o conteúdo
Do que encerram confusos parágrafos.
Eu sei também que tais obscuros
Não serão compreendidos sem trabalho,
Mas na alma ficarão impressos
Mais facilmente que se fossem claros.
Assim pois, Livro meu, vai adiante,
Não percas nem decaia teu bom ânimo;
Não acharás inimigos, mas amigos,
Que aos viajantes abrirão os braços.
O que meu Peregrino deixa oculto
T
...
vas, oh Peregrina, a revelá-lo.
Doce Cristiana, tu abrirás com chave
O que deixou em encerro meu Cristiano.
OBJEÇÃO IV
Porém alguns desprezam, como ao pó,
O método que tu vens empregando.
Se me encontro esses tais, o que eu digo?
Devo, como desprezam, desprezá-los?
RESPOSTA
Cristiana minha, se aos tais tu achas,
Vas demonstra-lhes o amor mais santo;
Não pagues desprezo com desprezo,
Dai-lhes sorrisos por seu olhar irado.
Talvez sua condição seja informe errado,
E a agir assim comigo o incitaram.
Pessoas assim acharás em todas partes
Que têm, em verdade, gostos bem raros;
Nem seus próprios parentes os estimam,
E menosprezam os melhores pratos.
Deixa-os, minha Cristiana, ao seu arbítrio;
Outros se alegrarão de te ter achado.
Não contendas jamais; humildemente
De peregrina mostrarás os hábitos.
Vai pois, Livrinho meu, mostra para todos
Os que te estendam carinhosa mão
As boas coisas, ocultas para os outros;
E tomara tuas verdades possam tanto
Que façam de teus leitores, peregrinos,
Melhores que tu e eu, como desejamos.
Vai dizê-lhes aos homens quem tu és.
Dize-lhes: Eu sou Cristiana, e agora trato
De mostrar, com meus filhos, como se anda
No caminho do céu, sem desmaio.
Vai dizê-lhes também que são e quem
Os que contigo vão peregrinando.
Diz: Misericórdia é esta amiga
De quem faz tempo eu me acompanho.
Vendo seu rosto distinguir poderão
A diferença entre viajante e vago.
Aprendam, assim, as jovens nela
A estimar as riquezas lá do alto.
As donzelas que vão após de Cristo,
Mundanos amores desprezando,
Ele as defenderá como às crianças
E no Templo com vivas o aclamaram.
Fala depois de Integridade, o velho,
Fiel peregrino de cabelos brancos;
Diz que sua cruz levava em pós de Cristo,
E era homem simples de elevado grau.
Talvez com este exemplo se estimulem
Para seguir a Jesus outros anciãos.
Narra como Receoso caminhava,
Os dias em que andava solitário
Com t ...
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