Livro: A Professora da Ilha Página 3

... eira vez que alguém a elogiava nesse sentido. — Fica horrível quando está molhado — lamentou, desalentada. — Oh, não diga isso! Não sabe o que é ter um cabelo ralo e escorrido como o meu! Kathy abriu uma gaveta no armário do banheiro e entregou o secador a Oriel, desaparecendo em seguida no corredor. Voltou poucos minutos depois, trazendo uma bandeja com um prato de sopa e algumas torradas. — Voltarei daqui a pouco — disse, antes de tornar a sair. — Procure comer tudo. Você está precisando. Subitamente, Oriel deu-se conta de que a dor de estômago que sentia era fome. Engoliu a sopa avidamente e, depois de colocar a bandeja na mesinha ao lado da cama, recostou-se nos travesseiros e suspirou profundamente. Examinou o pijama verde-claro que Kathy arrumara para ela. O tamanho estava bom, com exceção do comprimento. A calça chegava-lhe até pouco abaixo dos joelhos. Oriel sempre se julgara desprovida de atributos femininos; seus quadris eram estreitos e quase não tinha busto. Para compensar isto, desde cedo se empenhara em andar sempre bem arrumada, quase sofisticada. Mas em algumas ocasiões de estresse, como a que passava naquele momento, sua autoconfiança a abandonava e ela sentia-se infeliz e miserável. Qualquer coisa no ar fez com que ela abrisse os olhos. Seu coração deu um pulo quando ela viu Blaize Stephenson parado no umbral da porta, os cabelos dourados ainda molhados depois do banho e os olhos cinzentos bastante atentos. Ele aproximou-se, movendo-se com uma graça felina. O andar de um animal predador, pensou Oriel. — Como está se sentindo? — Bem melhor, obrigada. Ele parou ao lado da cama de casal e Oriel sentiu-se subitamente exposta, apesar do lençol que lhe cobria as pernas. Ignorando as pontadas de dor que pareciam retorcer-lhe os músculos quando se movia, ela sentou-se ereta e abraçou os joelhos. — Acabei de falar com a Defesa Civil — informou ele. — Seu amigo está a caminho do hospital. Você agiu ...

de modo certo, imobilizou a perna dele, arrastou-o para um local abrigado do vento e da chuva. A perna está quebrada mesmo. Mas aparentemente ele não sofreu nenhuma outra lesão. Oriel baixou a cabeça sobre os joelhos, com um longo suspiro. — Oh. que alívio! — sussurrou, dando vazão às lágrimas que a custo reprimira. Sentiu a beirada da cama ceder sob o peso de Blaize. Ele sentou-se e puxou-a para si, fazendo-a apoiar a cabeça em seu ombro. Oriel tentou afastar-se, mas ele segurou-a com firmeza, fazendo-a sucumbir ao aconchego masculino. Soluçou à vontade, no calor daquele ombro. Quando as lágrimas finalmente cessaram, ela tentou mais uma vez libertar-se, evitando olhar para aquele homem que a perturbava de uma maneira incrível. Ele, porém, segurou-lhe o queixo e fitou-a tão intensamente que Oriel sentiu seu rosto enrubesceu — Me parte o coração ver esse rostinho tão machucado! — exclamou ele, penalizado. — O que aconteceu, afinal? Oriel balançou a cabeça. — Nunca vi nada parecido! Começou a chover de repente e, num minuto, estava tudo inundado. E, no instante seguinte, foi aquela torrente de água, toras e pedras vindo em nossa direção! Foi horrível! Dave estava na barraca. — E você, onde estava? — Eu tinha acabado de subir nas pedras para dar uma olhada. Eu estava preocupada. Queria ver se o riacho estava transbordando. Parecia um trem, uma locomotiva se aproximando. E então. aquele estrondo, como se o inferno tivesse explodido. A barraca foi arrastada, com Dave dentro. Até que ele teve sorte! Se tivesse rolado pela ribanceira, com certeza teria morrido afogado. Mas ele bateu a cabeça, porque estava inconsciente quando o encontrei. Parecia que nunca mais ia acordar! Oriel não queria falar sobre os minutos de tortura, enquanto procurava pelo primo, convencida de que ele estava morto. — E enquanto corria em busca de socorro, você também se arrebentou inteira. Bem. Mas agora está tudo acabado. Podia ter si ...

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