Livro: Altar das Ilusões Página 3

... , respeitosa. Irritou-o que Amira tivesse azedado um dia já tão difícil. Ele examinou o salão. Não precisava nem fechar os olhos para ainda visualizar as filas de meninos impecavelmente uniformizados, enfileirados para a assembléia a cada manhã, ouvir o tom do diretor, experimentar, no¬vamente, a sensação de não pertencer. Não desejara vir para Ashurst, uma das escolas par¬ticulares para meninos mais conceituadas da Nova Ze¬lândia, mas o tio, irmão da mãe, insistira dizendo que, mesmo que ele não portasse o nome dos Palmers, ainda assim, merecia a educação que fazia parte da tradição familiar. Era esse o problema com fortunas antigas. Todos se achavam no direito de dar ordens, de saber o que era melhor, porque era assim que as coisas eram "feitas". Brent não queria esmolas. Tinha visto o que ser sus¬tentado pelos Palmers havia feito com o orgulho do seu pai. Zack Colby nunca teve uma fortuna como à da fa¬mília da esposa, mas ensinara a Brent o valor de lutar para ter o seu lugar no mundo. Como resultado, Brent trabalhara como um mouro para receber uma das raras Bolsas de Estudo de Ashurst por Excelência Acadêmi¬ca, e tinha reembolsado ao tio cada tostão antes de sair da escola. Porém não fora um aluno irrepreensível. Ele e seus dois melhores amigos tinham aprontado bastante. Ele relanceou um olhar pela multidão irrequieta de alu¬nos atuais e antigos, e pelo corpo docente, procuran¬do seus companheiros: o primo, Adam Palmer, e o amigo deles, Draco Sandrelli. Não se decepcionou, já se encaminhavam para ele. Adam foi o primeiro a chegar. — Oi, primo. Aquela era mesmo quem eu pensei saindo do toalete masculino há pouco? — O quê? Precisa de óculos agora? — Brent repli¬cou, com um sorriso que não chegava aos olhos. Pegou um copo de água mineral de uma bandeja carregada por um garçom e bebeu um grande trago. — Muito engraçado. O que Sua Alteza queria? Brent resolveu contar a verdade. Nunca tiveram se¬gredos a ...

tes. Agora não era o momento de começar a tê-los. — Pediu que me casasse com ela. — Está brincando, né? — Draco riu, o ligeiro so¬taque italiano revelando suas origens, apesar de tan¬tos anos passados vivendo e trabalhando pelo mundo afora. — Antes estivesse. De qualquer jeito, vou saber mais amanhã. — O quê? Está pensando em vê-la novamente? De¬pois do que ela fez? — Adam sacudiu a cabeça. — É. Estou. Mas não se preocupe, Não tenho a me¬nor intenção de dizer sim. Brent examinou a sala, procurando a cabeça louro--dourada, mas não a viu em lugar nenhum. — Sabe por que ela pediu? — perguntou Draco, a voz permeada de incredulidade e desconfiança. — A última vez que tive notícia dela foi naquela maldita mensagem que ela enviou quando estávamos na igreja esperando que ela aparecesse. — acrescentou Adam. Brent contraiu o maxilar com essa lembrança. Esta¬vam ao altar, os três enfileirados e caçoando alegremen¬te sobre a demora da noiva e o fato de que logo Brent seria um homem casado, quando o celular de Adam, aninhado no bolso do casaco, tinha vibrado discreta¬mente várias vezes seguidas. Eles o tinham ignorado. O tempo continuava a passar, sem sinal de Amira. Final¬mente, Adam tinha checado o telefone, empalidecendo diante da mensagem. Diga a Brent que não vai dar. Amira. No princípio, Brent imaginou se teria feito alguma diferença se tivessem recebido a mensagem mais cedo, se ele teria conseguido chegar à casa dela antes de ela desaparecer com a avó, mas já fazia tempo que resol¬vera que seria desperdício de energia. E, depois de o choque ter se transformado em raiva fria e dura, ele tinha se considerado um maldito tolo por ter acreditado quando ela disse que era diferente do molde em que fora criada pela avó. Naquele tempo, ela dizia que o dinheiro não era im¬portante para ela, e ele acreditou. Nos dias que antece¬deram o casamento, porém, ele tinha sofrido um revés catastrófico nos neg� ...

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