Livro: Altar das Ilusões Página 2

... rar. — Por favor, Brent. Preciso casar com você. Ele parou e olhou fixamente os dedos sem anéis pre¬sos ao seu braço, sem revelar, nem por um instante, o que o toque dela fazia com ele. Como seus nervos se tensionavam e sua pulsação se acelerava. Como o que ele mais desejava era mergulhar os dedos naqueles ca¬belos sedosos, e encostar a boca em seu pescoço liso. Mesmo depois desse tempo todo, ela ainda provocava esse efeito sobre ele. Em vez de soltá-lo imediatamente, ela apertou mais forte o braço dele antes de largá-lo. Não sabia o que ela pretendia, mas de uma coisa ele tinha certeza. Não queria nem um pouco. — Amira, mesmo que eu estivesse disposto a discu¬tir o assunto, agora não é a hora, nem o lugar certo. — Olhe, Brent, sei que existe alguma amargura entre nós. Alguma amargura? Essa mulher o deixara plantado no altar diante de mais de duzentos convidados, com apenas uma mensagem de texto para o padrinho dele. É, havia mesmo "alguma amargura" entre eles. Brent se esforçou para reprimir a risada debochada que lhe subiu à garganta. — Por favor. Não quer me ouvir? A voz de Amira tremia um pouco. Mais um deslize na calma incomparável dos Forsythes. Se a avó dela ainda fosse viva, sem dúvida estaria profundamente decepcionada com sua única neta, sua única descendente direta, por demonstrar tal fraqueza. — Se bem me lembro, você já teve sua chance de se casar comigo. E estragou tudo. Não temos nada a di¬zer um ao outro. — Brent falou entre dentes, reprimindo tudo o que gostaria de dizer. Com dois passos largos, saiu do toalete masculino. — Você é o único homem confiável para fazer isso. Ele estacou, a mão ainda apoiada na porta. Confiar? Isso era ridículo, vindo dela. — Acho que você vai descobrir que se enganou. Se eu fosse você, não confiaria em que eu não lhe roubasse até o último tostão. Afinal, trata-se de dinheiro, não é? — Como . como sabe? Brent suspirou por dentro, antes de encon ...

rar o olhar estressado dela. — Por que, com pessoas como você, sempre é assim. Ele devia ter continuado andando. Ficar conversan¬do com Amira era a última coisa de que precisava. — Espere. Pelo menos, me dê a oportunidade de ex¬plicar o porquê. Sinceramente, vou fazer valer a pena para você. Prometo. — Como se sua palavra valesse alguma coisa. — Preciso de você. Houve tempo em que ele teria atravessado um prédio em chamas para ouvi-la dizer isso novamente, mas já era passado. Os Forsythes deste mundo não precisavam de ninguém. Ponto final. Eles usavam as pessoas. E quando acabavam de usá-las, se descartavam delas. Mas havia algo no tom de sua voz e nas linhas de estresse em volta dos olhos que aguçaram o interesse dele. Era evidente que existia um problema. E também era evidente que Amira achava que ele poderia ser a solução do problema. — Está bem. Mas não agora. Vou trabalhar em casa amanhã. Me encontre lá, às nove e meia. — Nove e meia? Tenho. — Ou então nunca. — não ia se dobrar aos compro¬missos sociais dela. Seria nos termos dele, no território dele, ou então, nada feito. — Está bem. Nove e meia será ótimo. Amira virou-se para partir. Típico, pensou Brent. Ela conseguiu o que achava estar querendo. Então dispen¬sava-o sumariamente. Porém, ela parou e voltou-se. — Brent? — O quê? — Obrigada. Não me agradeça, acrescentou Brent silenciosamen¬te. Seguiu-a através da capela e no Saião Acadêmico de Ashurst, onde ela desapareceu na multidão. Ocorreu-lhe que devia ser ela a mulher que telefonava insisten¬temente para o seu escritório na cidade todos os dias, recusando-se a deixar recado quando foi informada de que ele ainda estava no exterior, a negócios. Como foi que ela o seguira até ali? Ele regressara tarde da noite na véspera, numa corrida louca para chegar a tempo para a cerimônia. Participar da cerimônia em memória da Sra. Woodley era uma questão profundamente pes¬soal ...

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