Livro: Bem me quer Página 2

... ntia absurda. As montanhas, o lago e o Cruzeiro do Sul, enfeitando o céu da Nova Zelândia, eram reais e zombavam do brilho passageiro da sala. Tudo lá dentro era falso. De dia, o pavilhão era um restaurante no alto de uma estação de esqui. Os homens e as mulheres elegantemente vestidos, que bebericavam cidra imitando champanhe, tinham sido contratados em razão dos rostos nobres e dos corpos esbeltos. Tal como Danielle. Essa era a vida da moça. Recebia um bom dinheiro para sorrir, parecer altiva, sedutora; tão cara e inatingível quanto as jóias que usava. — Perfeito! Isso! Olhando para o lago! Depois, vire-se e veja o seu príncipe. Quero um tipo de admiração atordoada, depois, um sorriso melancólico, porém sedutor. Acha que pode fazer isso? — perguntou Zoltan. A jovem sabia que Zoltan tinha sido convencido a dirigir o comercial devido à enorme quantia em dinheiro e à promessa de uma campanha de prestígio. Danielle, cansada de todos se dirigindo a ela como se fosse uma criança de cinco anos, resolveu mostrar-lhe que as modelos sabiam alguma coisa sobre como representar. — Acho que sim. — disse ela, em voz baixa, virando a cabeça para ver se estava agradando ao diretor. — Tudo bem. Vamos ver como fica na câmera. — falou Zoltan. Ignorando o ceticismo do diretor, a modelo passou a dar atenção para a vista magnífica, afastando a cortina de tafetá. Lembrou-se se como fora olhar para outras famílias quando era pequena, como se sentia vendo as crianças brincarem com os pais, e se perguntava o porquê de não ter um pai. — Maravilha! Agora, perceba algum movimento no outro lado da sala e observe-o. Devagar, agora. A voz do diretor irritava Danielle. Enquanto isso, os figurantes desempenhavam seus papéis, conversando e rindo. Ignorando a câmera, a modelo desviou a atenção para a porta e deparou-se com um homem que acabara de entrar. Não deveria haver ninguém ali. Sean Abbot, o ator que fazia par romântico com Danielle, ...

estava confinado no hotel com gastroenterite. Decidiram filmar sem a presença dele, usando um dublê que dançaria com a moça. Porém, os olhos assustados de Danielle encontraram os daquele homem encantador. Com a cabeça girando, a moça ignorou o arrepio que percorreu toda a sua espinha, enquanto os dedos agarravam a cortina. Aquele não era o dublê! Alto, elegante bem-vestido, o recém-chegado movia-se com uma energia intensa que atraía estranhamente Danielle. A jovem ficou sem ar ao mirar o belo rosto de traços mediterrâneos a pele morena contrastando com os olhos claros. Os sons do ambiente desapareceram. Tudo o que a jovem ouvia era a batida acelerada do próprio coração enquanto o príncipe Marco Considine da Ilíria caminhava decidido em direção à modelo. Em um gesto instintivo, a mão do diretor cobriu-lhe o peito, protegendo-o do esmagador impacto de um homem que a moça evitara nos últimos dez anos. —Brilhante! Isso mesmo! Corta! —elogiou Zoltan. Depois, Zoltan ficou com uma expressão séria. — Que droga é.? O diretor começou de forma explosiva, mas conteve o jeito agressivo quando reconheceu o homem que vinha na direção deles. O tom de voz passou a ser agradável. — Príncipe Marco! Que surpresa! — comentou Zoltan. Não seria prudente contrariar um dos homens mais poderosos do mundo. Principalmente se esse homem era o dono do enorme conglomerado de cosméticos que estava gastando milhões em publicidade para o primeiro perfume deles. Danielle dava a impressão de ser orgulhosa, distante. Ficou quieta, tentando ser o mais discreta possível. O que era difícil para uma mulher de cabelos cor de fogo, um metro e oitenta de altura de salto alto e usando um vestido chamativo além das jóias. A modelo conteve o riso nervoso. E concentrou-se na conversa entre os dois homens. — Estou no hotel, em Shipwreck Bay. Então, pensei em aparecer e ver como as coisas estavam indo. — disse o príncipe. O estômago de Danielle d ...

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