Livro: A Mulher Ideal Página 2

... que papai não andava se sen¬tindo bem e que ia ser submetido a exames aqui no hospital? - perguntou ele aos gritos, antes mesmo de dizer boa-tarde. Ben correu os dedos pelos cabelos negros e encaracolados. - Sinto muito, Marc, mas foi papai quem quis assim. Apesar de eu trabalhar ao lado dele diariamente, só vim saber depois que ele marcou a consulta. Você sabe muito bem como papai é. Ele se recusou terminantemente a mandar chamá-lo antes do re¬sultado dos exames. Teimava que só estava um pouco cansado e que precisava apenas de alguns dias de repouso. Ele não queria preocupá-lo à toa. - Pelo amor de Deus, Ben, eu não mo encontrava na China! Estava em Duluth, a poucos quilômetros daqui! Vociferou Marc. Em seguida, respirou fundo para se acalmar e segurou amistosa¬mente o ombro do irmão. - Desculpe. No seu lugar eu teria feito o mesmo. Aos olhos de papai, nenhum de nós tem idade ou tamanho suficiente para contradizê-lo, quando ele mete alguma coisa naquela cabeça du¬ra. Mas vamos lá, quero que me conte como tudo aconteceu. Ben sorriu frouxamente c passou o braço pelo ombro do Irmão. - Eu conto, mas antes vamos tomar um cafezinho. Você está com cara de quem precisa de uma bebida mais forte, mas na lan¬chonete do hospital não servem uísque. Foram até a lanchonete e se sentaram em uma das mesas mais afas¬tadas do balcão, para tomar o café. - Agora comece a me contar tudo, desde o início - pediu Marc. - Bem, eu não tinha a menor idéia de que papai não estava bem de saúde. Ele continuava trabalhando um mínimo de oito ho¬ras por dia, fazia sua ronda costumeira pelos supermercados, con¬trolava a admissão e demissão de funcionários e aquela loucura toda. Ben encolheu os ombros. Você o conhece bem, e sabe que ele faz questão de se inteirar de tudo o que se passa em cada um dos estabelecimentos. Marc assentiu com um gesto de cabeça. - Se conheço! - Ele teve um desmaio no domingo, mas eu só tomei conheci¬mento disso n ...

segunda, de manhã, quando ele marcou consulta com o médico. O Dr. Leo Tornatori pediu que ele se internasse pa¬ra se submeter a vários testes e exames, e eu telefonei a você assim que soube os resultados. O Dr. Leo não tem dúvida de que seja mesmo leucemia. Marc esfregou o rosto com as mãos e endireitou o corpo na incomoda cadeira. - Provavelmente, papá teve outros sintomas antes do desmaio de domingo. O que não entendo é por que ele não disse nada, nem procurou logo um médico. Ben suspirou. - Ele jura de pés juntos que não se sentia doente, apenas can¬sado. Porém, com o Dr. Leo ele se abriu, e disse que nos últimos tem¬pos tinha uma febrezinha constante e andava sentindo dores nas juntas, mas que atribuiu isso à velhice. E agora que já sei, olhan¬do melhor para ele, pude ver que andou perdendo peso e que sua fisionomia está bastante abatida. Bateu com os punhos na me¬sa, frustrado. Maldição! Eu deveria ter notado antes! Mas é que ele parecia tão enérgico e vigoroso! - Não se culpe Bem, ponderou Marc. Nesse caso, eu tam¬bém deveria ter ficado mais atento. Depois de fevereiro, quando me mudei para Duluth, para supervisionar as obras do novo su¬permercado, acabei perdendo a noção do que se passava por aqui. No mês passado eu estava tão ocupado em pressionar os empreiteiros, para que a obra fosse concluída dentro do prazo e coordenando o projeto da inauguração, que achei mais prático resolver tudo por telefone, em vez de ficar viajando para cá e para lá. Até a hora em que você me telefonou, eu não tinha me dado conta de que não vejo papai há mais de um mês. Os dois irmãos acabaram de tomar o café em silêncio, cada qual remoendo suas culpas. Com uma pontada de arrependimento no coração, Marc se lem¬brou de que havia passado o último fim de semana ali em Minneapolis, no apartamento de Hilary. Tivera momentos tão alegres e divertidos com a charmosa e bela ruiva que nem telefonara ao paizão. Se o tivesse fe ...

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