Livro: O Fogo dos Teus Beijos
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... Anne Mather Sabrina nº. 180 Resumo: Para cumprir uma cláusula absurda do testamento do pai, Lina casou com Alain, um francês de modos rudes que ela odiou desde o primeiro encontro. Viveriam sob o mesmo teto, mas nunca seriam totalmente marido e mulher. Ela mesma fez questão de deixar isso bem claro. Mas o ódio se transformou em amor e, no desespero do desejo, foi Lina quem o procurou. Tola, pensou que aquela noite de paixão seria o começo de um verdadeiro casamento. Em vez disso, Alain perdeu o respeito por ela, expulsando-a de casa.Não sabia que Lina esperava um filho dele. E faria diferença, se soubesse? CAPÍTULOI Uma garoa fina caía por entre os galhos das árvores, molhando os ombros das poucas pessoas reunidas em volta da sepultura aberta. Era um dia próprio para um funeral. Desde cedo, o céu estava encoberto e um vento gelado soprava das montanhas, não muito distantes dali. Lina estremeceu e cruzou os braços sobre o peito, como se quisesse afastar o frio que vinha tanto de fora quanto de dentro dela mesma. Apesar da solenidade da ocasião, do caixão que jazia sobre a terra molhada e do grupo de aparência sombria reunido ali, ainda achava difícil acreditar que aquilo tivesse realmente acontecido. Como é que sua vida pudera mudar de um modo tão dramático, em apenas quatro semanas? Tia Maggie morrera quatro semanas atrás, deixando uma carta em que dava a Lina o endereço do pai dela e lhe pedia, com insistência, que fosse vê-lo. Desde a morte da mãe de Lina, há cinco anos, tia Maggie tinha falado com freqüência do cunhado, tentando fazer a sobrinha entender que Pierre Ferrier não era o único culpado pelo fim de seu casamento, que tinha existido culpa de ambos os lados. E a mais importante de todas fora sua mãe não querer voltar para a França com o marido. Lina refletira durante um longo tempo, antes de entrar em contato com o pai. Fazia dez anos que não o via. Naquela época, era uma criança de nove anos, incapaz ...

e julgar o caráter de alguém. Mas, no fim, o fato de ter ficado sozinha no mundo, depois da morte da tia, levou-a a escrever para ele, comunicando a morte da cunhada. A resposta de Pierre Ferrier foi pedir que abandonasse o emprego de bibliotecária-assistente em uma pequena cidade da costa sul da Inglaterra e fosse morar com ele em Bellaise, no vale do Reno. Era lá que ficavam os vinhedos da família Ferrier, que há muito tempo passavam de pai para filho. Lina pensou bastante antes de tomar uma decisão, pois, embora seu pai fosse francês, ela não era. Deixar a Inglaterra e tudo o que amava e conhecia desde a infância, para viver num país estranho, era um passo difícil de ser dado. Discutiu o assunto com o advogado da tia, e foi o que ele disse que, finalmente, a convenceu a ir para a França. A casa onde morava com a tia era alugada, e os proprietários haviam pedido que a desocupasse o mais rápido possível. O pouco dinheiro que Maggie deixara mal daria para pagar as despesas do enterro, e, com o pequeno ordenado que ganhava, Lina não teria condições de alugar um apartamento sozinha. Se continuasse na Inglaterra, teria que ir morar numa pensão, uma perspectiva na qual nem queria pensar. O padre se calou, e Lina engoliu em seco, sentindo um nó na garganta. Quem poderia imaginar que o destino fosse lhe pregar tantas peças cruéis? Será que teria vindo, se soubesse que o pai ia morrer de um ataque cardíaco, quatro dias após sua chegada? Será que teria arriscado tanto, por apenas quatro dias? Lina não sabia. Encontrar o pai novamente, depois de todos aqueles anos, tinha sido uma experiência agridoce. Ele lhe parecera tão mais velho do que esperava, magro, pálido, sem nada do homem moreno e robusto, do qual se lembrava vagamente. Mas então, ainda não sabia que ele estava doente. A alegria do pai em vê-la tinha diminuído um pouco a mágoa de Lina. Uma afinidade imediata, que com o tempo e a convivência poderia ter aumentado, unira os ...

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