Livro: Amante Secreto Página 2

... sava se animar. Afinal, aproveitar a vida ao máximo não tinha sido uma das suas resoluções de Ano-Novo? Talvez devesse dançar com as garotas que conhecera no albergue na noite anterior. Divertidas e animadas, elas poderiam ensinar-lhe alguns truques novos. E, se não dançasse, Sienna pelo menos poderia observá-las. Mas era disso que estava cansada. De ser a pessoa que sempre ficava de fora, incapaz de participar das atividades porque não era aceita. Bem, agora ela era aceita. E ali não havia ninguém para dizer o que ela não poderia, não deveria ou não pre¬cisaria fazer. Mas, também, não havia ninguém para lhe dizer o contrário. Sienna desejou que Lucy estivesse ali. A amiga possuía o dom tanto de incentivá-la como de compreendê-la. Era a pessoa que durante todos esses anos mostrara a ela alguma diversão, apesar dos limites de Sienna. Contudo, ela teria que se desprender e conti¬nuar sozinha no seu caminho. Precisava provar a si mesma que era capaz de seguir em frente. Sienna olhou as horas no relógio de pulso. Passava das 15h, o horário de almoço havia terminado e as pessoas já tinham retornado ao trabalho. Exceto os turis¬tas, como era o caso dela. O bar e restaurante que fica¬va a algumas quadras do albergue estava com as portas da frente escancaradas. Fazendo circular o ar abafado do dia quando a umidade estava alta e o temporal se aproximava. Ela esperava que isso acontecesse logo; não estava acostumada com o calor abafado e úmido de Sidney. E, então, começou a ouvir o toque inconfundível de uma bateria. O barulho parou por um instante e depois recomeçou. Em seguida, ela ouviu o som agudo de uma guitarra e uma voz masculina: "Um, um. Dois. dois." Teste de som. Repentinamente, Sienna se sentiu em casa e, antes que pudesse perceber, dirigiu-se para o local de onde vinha o som. Um bar que no momento se encontrava fechado para clientes e onde a banda estava ensaiando. No palco, havia quatro homens vestidos com shorts e camiset ...

s; o vocalista era magro com cabelos rebeldes, típico de um astro do rock. Sienna dirigiu-se para trás do palco, apreciando a brisa dos ventiladores, ao mes-mo tempo que invejava o baterista tocar, sentindo os dedos formigarem. — Desculpe, mas você não pode ficar aqui. O bar ain¬da não está aberto. Relutantemente, ela desviou o olhar da bateria e fitou o homem ao seu lado. Sienna piscou. Uma. Duas vezes. Depois, mais algumas vezes até conseguir focar direito o olhar. Meu Deus. Um homem como esse realmente existia? O tipo de homem que faria qualquer mulher enlou¬quecer de desejo. Sienna sentiu o corpo inteiro ficar tenso. Olhos num tom cinza levemente esverdeado adorna¬dos com cílios longos e espessos deixaram-na fascinada. Era uma combinação perfeita. Porém, os lábios dele fo-ram o que mais lhe chamou a atenção. Eram os lábios masculinos mais sensuais que ela já vira. Sienna piscou novamente, quebrando a conexão entre eles. Fitou as próprias mãos, e naqueles segundos absor¬veu mentalmente a aparência arrebatadora daquele ho-mem. Ele vestia shorts de grife, uma camiseta de algo¬dão e sandálias de couro. Os cabelos escuros eram curtos e brilhantes. Mas a atenção de Sienna ficou concentrada nas mãos bronzeadas dele, repousadas sobre os braços, enquanto ele os mantinha cruzados frente ao peito. As palmas eram largas e os dedos longos. Ele não deveria ter problemas em tocar piano. As unhas eram tão limpas e bem tratadas que seria fácil pensar que eram cuidadas por uma manicure. Ele devia ser gay. Sienna notou que ele percorreu o olhar por toda a ex¬tensão do corpo dela. E pôde notar que o olhar de censu¬ra que ele havia lhe dado momentos antes se transforma¬ra em outra coisa. O verde dos olhos dele se intensificou. Era um sinal. Atração. Não era gay. Sienna inspirou profundamente e lembrou-se do que desejava perguntar. — Você se importa se eu assistir ao ensaio? — Seu tom de voz soou fraco e patético, e a forma ...

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