Livro: Os Riscos do Amor Página 2

... , pela primeira vez na sua vida, Eve agradeceu que lhe tivessem ensinado a receber os clientes do seu pai, que a sua educação sulista lhe tivesse ensinado a ser uma senhora. - É cliente do senhor Coleburn? - inquiriu a recepcionista com as sobrancelhas arqueadas. - Não, não sou uma cliente - respondeu sem dar mais explicações. - E qual é a natureza da sua. visita? - Isso depende de Hunter - respondeu com doçura e com todo o seu encanto sulista. A recepcionista mostrou-se sobressaltada por um momento, mas recuperou em seguida. - Vou ver se tem um momento - indicou com educação. Embora Eve se sentisse aliviada, ainda não podia felicitar-se. Tinha investigado e tinha encontrado um artigo recente sobre Hunter na secção de sociedade do Denver Chronide do mês anterior. Aparecia numa fotografia com uma loira bonita de braço dado com ele. Ainda não se casara, o que não significava que não estivesse comprometido com alguém. talvez até com essa mesma loira, cuja empresa de roupa o tinha contratado para que tratasse de todos os assuntos legais na Europa. A recepcionista levantou o auscultador e carregou num botão. - Está aqui uma senhora para o ver, senhor Coleburn. Chama-se Eve Ruskin - passados uns momentos, a mulher franziu o sobrolho e desligou. - Pode entrar. É a última porta à esquerda. Depois de lhe sorrir e agradecer, Eve apertou a mala com força e avançou pelo corredor. Na decoração do escritório predominavam o verde e as tonalidades castanhas. Na primeira porta, que estava aberta, viu uma rapariga com uns auscultadores na cabeça, enquanto transcrevia um texto. A segunda exibia uma placa que dizia "Sala de Conferências". A seguinte era de uma casa de banho. Finalmente, chegou ao escritório de Hunter. Tinha ficado desesperada depois do aborto acidental. Todavia, a morte do seu pai tinha-a obrigado a reorientar a sua vida. Ia mudar de direcção. A questão era se teria coragem de o fazer com Hunter e se tinha passado o tempo suficiente ...

para que ele a perdoasse. A porta estava entreaberta, por isso, entrou. Ele estava sentado numa secretária enorme, rodeado de pastas e papéis. A poltrona de pele preta tinha as costas altas, fazendo com que a sua camisa branca ressaltasse. Ao levantar a cabeça da pasta que tinha em frente, o coração de Eve sobressaltou-se. Tinha o cabelo preto como o carvão e o rosto atraente bronzeado. Eve recordou-se que gostava de esquiar sempre que podia. Também era possível que se bronzeasse na Riviera francesa. Mas o que mais lhe chamou a atenção foi a distância que percebeu nos seus olhos azuis e o seu rosto inexpressivo. - Olá, Hunter. Ao vê-lo empurrar a poltrona e levantar-se, Eve pensou que talvez fosse dar a volta à secretária para ir cumprimentá-la. Mas não foi assim. Hunter olhou para ela do alto da su estatura. - Olá, Eve. - Imagino que te estás a perguntar o que faço aqui - comentou depois de um silêncio prolongado. Apontou para uma das duas poltronas de madeira e pele diante da mesa e aguardou que se sentasse antes de voltar a deixar-se cair na sua poltrona. -Sim. Mesmo com a distância imposta pela secretária, conseguiu sentir a atracção que provocava nela. Tinha-a sentido desde que o conhecera. Naquele momento eram ambos pessoas diferentes. No entanto, a única mudança que percebia em Hunter eram as linhas finas em redor dos seus olhos e as que sulcavam a sua testa. Ao pôr-se de pé, tinha-lhe parecido tão esbelto e musculado como sempre, talvez mais. Com trinta e dois anos que devia ter naquele momento, encontrava-se no melhor da vida. - Queres casar-te comigo? - perguntou com coragem renovada. - Acho que é melhor explicares-te - replicou com voz sossegada. - O meu pai morreu há três meses - começou com precipitação. - Estabeleceu uma cláusula no testamento dizendo que se eu não me casasse dentro de um ano, toda a sua herança se destinaria a instituições de caridade. - E por que me escolheste a mim? - inquiriu ele, depois de ...

Comentários:

Deixe aqui seu comentário sobre este livro: