Livro: Aliança de cristal Página 3

... m pequeno, um pouco gordo, falava quase o tempo todo. Ela se sentiu mais aliviada ao reconhecer o outro. Era o moço que encontrara pela manhã naquele mesmo elevador, o dono dos inesquecíveis olhos azuis. Notou que ele tinha as mãos ocupadas. Numa delas carregava uma criança e, na outra, uma sacola de fraldas. O elevador chegou e ela se aproximou da área mais iluminada, onde eles estavam. Exausta, não via a hora de chegar em casa. Entrou e cumprimentou o homem que reconheceu com um sorriso. O outro virou-se em sua direção no momento em que o primeiro falava: — Oh, você já chegou, querida! Pensei que tínhamos combinado de nos encontrar no carro. Ashley olhou em volta para ver a quem ele se dirigia de modo tão familiar, mas não viu ninguém. Então, se deu conta de que ambos olhavam para ela. Talvez fosse um mal-entendido. Mas a brincadeira estava apenas começando. O desconhecido passou a criança para o seu colo e inclinou-se para beijá-la, falando baixinho: — Josh deve estar sentindo tanta saudade de você quanto eu. Ela olhou para o bebê em seus braços. Agora o homem a abraçava pelos ombros e a atraía para si. — Quero que conheça minha esposa, Sr. Wilson. Querida, este é Pete Wilson. — Ashley ouvia, incrédula, à conversa absurda entre os dois, enquanto o estranho acrescentava: — 8 Ele veio nos convidar para jantarmos com Virgil Tysinger esta noite, mas já expliquei que tínhamos planos para hoje. — Num tom cordial, ele se dirigiu mais uma vez a Wilson. — Talvez possamos jantar com Tysinger na próxima semana. ”Meu Deus, talvez estejam filmando alguma série de televisão aqui no prédio e eu peguei o elevador errado”, pensou Ashley. Só que, com certeza, deveriam saber que ela não fazia parte do elenco. Ou será que não? Gravou o nome Virgil Tysinger. O que o famoso vereador teria a ver com tudo aquilo? Ashley tentou desgrudar a língua do céu da boca: — Acho que deve haver algum engano. O homem apresentado ...

como Pete Wilson interrompeu: — Olhe aqui, McCord, eu já lhe disse: Tysinger não se importa a mínima com os planos que possa ter. Ele quer ver você. O elevador abriu a porta no andar térreo. O braço de McCord envolveu a cintura de Ashley e conduziu-a ao saguão de mármore. Ela olhou ao redor, tentando atrair a atenção do guarda. Logo alcançaram a porta de entrada e seu suposto marido cumprimentou-o sem muita convicção: — Boa noite, Sam. Tenha um bom fim de semana. — Você também, McCord. — O sorriso do guarda não registrava surpresa ante a despedida dos três adultos e da criança. A adrenalina correndo no sangue de Ashley começou a agitar a inércia causada pelo choque: — Espere aí! O que pensa que está fazendo? Ela fincou os pés no chão, determinada a não dar mais nenhum passo. Os dois homens pararam, com a mesma expressão de impaciência, até que McCord falou: — Já expliquei a Wilson que não poderemos comparecer ao jantar esta noite, querida. Entendo a insistência dele tanto quanto você. Sacudindo a cabeça na tentativa de tirar algum sentido daquela explicação tão absurda, Ashley procurou falar num tom de voz mais calmo e impessoal: — Não tenho a menor idéia do que o senhor esteja falando. Na verdade, é a primeira vez que o vejo. — Não era uma afirmação tão verdadeira assim, mas, no momento, servia para se fazer entender. 9 - Como nunca me viu antes? Que bobagem é essa? Casou-se comigo, não foi? Ou teremos que discutir também isso? — Casar? Está ficando louco? Tenho certeza absoluta de que não sou casada. — Será que também vai negar que Josh é seu filho? — E apontou para o bebê que estava no colo dela. — Meu filho! As respostas de Ashley degeneravam em meras repetições das frases de McCord. Olhou com certo horror para a criança em seus braços e o bebê lhe esboçou um sorriso que mais parecia ser uma indireta. ”Wilson parou diante deles, sacudindo a gordura do corpo”. ...

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