Livro: Aliança de cristal Página 2

... exposição ao sol. Entretanto, seria preciso muito mais do que um par de olhos inesquecíveis para afastar Ashley do caminho escolhido: tornar-se sócia do escritório de advocacia Begley, Henderson & Howe quando fizesse trinta anos. E homem nenhum, por mais saúde, charme ou belos olhos que tivesse, poderia oferecer-lhe algo que a atraísse mais. Ela deixou o escritório, pensando no que Tasha lhe reservara para aquela noite. Adorava sua gata siamesa, mas tinha que admitir que, às vezes, o animalzinho lhe dava muito trabalho. Tasha detestava ficar sozinha à noite. No geral, Ashley não precisava se preocupar com isso, pois raramente ficava fora até tarde; mas, aquela semana fora- uma exceção. Na segunda, assistira a uma apresentação da Sinfônica do Oregon com um amigo e, quando chegou em casa, foi ignorada pela gata que, normalmente, a recebia com grande festa todos os dias. Na quarta, depois de um longo e penoso dia, encontrou sua sala inundada de papéis e revistas que deixara empilhados sobre a mesa do café. Em vez da pilha, sobre a mesa estava a gata, lambendo o pêlo, toda lânguida, passando a língua pelas patas. O que a aguardava desta vez? Ashley mal podia esperar para tirar os sapatos, tomar um bom copo de vinho e relaxar num banho bem quente. Enquanto isso, iria planejar o que fazer mais tarde. Num outro escritório do mesmo andar, Raphael McCord tinha outros problemas. No momento em que dava instruções por telefone 6 ao seu assistente em San Francisco, foi interrompido por um homem estranho que entrou na sala de forma intempestiva, chegando até a assustá-lo. McCord manteve os olhos sobre o homem enquanto despedia-se do colega, e notou uma profunda ruga em sua testa. — Isso é tudo, Jim. Devo chegar aí na segunda-feira de manhã, no voo das nove horas. Vá me buscar no aeroporto. — McCord desligou o telefone e estudou a figura que tinha à sua frente. — Em que posso servi-lo? — Seu nome é McCord? — Exatamente. — Sou ...

Pete Wilson. Virgil Tysinger mandou-me aqui. — Para quê? Devia ter feito a pergunta errada, pois o rosto de Wilson ficou ainda mais vermelho e as veias lhe saltaram no pescoço. — Não brinque comigo, McCord. Tysinger quer que você e sua esposa jantem com ele hoje à noite. Mandou-me aqui para apanhá-los. Vocês jamais encontrariam o lugar sozinhos. McCord franziu as sobrancelhas ao ouvir a palavra ”esposa”. Lançou um olhar rápido ao sofá sob as janelas, para certificar-se de que a criança ainda estava dormindo. — Onde está sua mulher? — perguntou Wilson, nervoso. McCord precisava de tempo para pensar e não tinha muito. Tentou ganhar alguns minutos caminhando lentamente em direção ao homenzinho ranzinza que tinha diante de si. — Está fazendo compras. Combinamos de nos encontrar mais tarde. — Apontou para o bebê e acrescentou: — Como vê, estou cuidando da criança. — E a que horas vão se encontrar? McCord olhou para o relógio: sete e quinze. Mais tarde do que pensava. — Sabe como são as mulheres. . Isso é imprevisível. — Então é melhor tentarmos localizá-la. Leva tempo para chegar à casa de Tysinger. Em que direção ela foi? — Não tenho certeza. Acho que ficamos de nos encontrar no carro. — Pegou a criança no colo e pendurou a sacola de fraldas no braço. 7 Então vamos descer. Quanto mais cedo a encontrarmos, mais cedo poderemos partir. — Olhe, sr. Wilson, apreciei muito o convite, mas vamos deixar para um outro dia, está bem? Tirou o homem do escritório e trancou a porta atrás de si. Depois caminharam até os elevadores. Não sabia ainda o que fazer quando Wilson descobrisse que não havia mulher nenhuma no carro. Pensaria em algo, com certeza. Não era a primeira vez que conseguia se safar de situações inusitadas. Ashley ouviu o som de vozes masculinas ao se aproximar dos elevadores. Ficou um pouco surpresa, pois sabia que o prédio já estava quase vazio. Dois homens se aproximaram. U ...

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