Livro: Boa noite Cinderela Página 2

... ito, inteligente, honrado e rico o bastante para evitar as desconfianças de seu pai. Cyrus Culpepper só aprovara Neville Barton depois de receber um relatório completo das finanças de Neville. Cyrus sempre fizera tudo para proteger Cecília de caça-dotes e golpistas. — Quantas pessoas ainda teremos de cumprimentar, querida? — Neville indagou. — Quero dançar com minha mulher. — Creio que logo estaremos livres. Não fui esperta ao reduzir o número de convidados? Se eu tivesse deixado você e papai cui¬darem da lista, não haveria lugar para todos na igreja. —Muito esperta. Cyrus e eu erramos ao considerar o casamento uma oportunidade para tratar de negócios. — Exato. — O nervosismo de Cecília começou a diminuir. — É bom saber que você admite seus enganos. Neville apertou-lhe a mão. — Gostou mesmo do presente? — Ele dera a Cecília uma tela a óleo de um artista quase desconhecido. — Adorei. Era mentira, mas Cecília apreciara o gesto. Já que se especia¬lizara em arte e trabalhara na Objet d\'Art, o noivo na certa imagi¬nara que uma pintura dessa galeria seria o mimo perfeito. Além disso, não podia condená-lo pela indiscrição de seu ex-patrão ao empurrar para Neville um dos quadros mais deprimentes de Diego Alejandro. — Não o reconheço, senhor. Foi convidado? — Cyrus falou em voz alta. Cecília notou um homem de terno aproximar-se de seu pai, seguido de dois policiais uniformizados. — Não, sr. Culpepper. No entanto, tenho o direito de estar aqui. — O homem parou diante de Neville e mostrou-lhe o distintivo. — Detetive Adkins, do Departamento de Polícia de Houston. Ne¬ville Barton, você está preso. Tem o direito de permanecer em silêncio. Capítulo I Três anos depois — Não sou uma órfã! — Hannah Barton exclamou. Nancy Phillips, a assistente social do Serviço de Pro¬teção ao Menor, saiu do carro e pegou uma valise no porta-malas. — Vamos, Hannah. Por enquanto, é aqui que ...

vai morar. — Nancy indicou o prédio do outro lado da rua. — Você não me engana! Sei que lugar é este. É um orfanato. Não sou uma órfã, já disse! Tenho um pai. Ele se chama Neville Barton. — Sim, sabemos disso. Mas ele desapareceu. Hannah recusava-se a olhar para Nancy. — Não me importo. Não vou morar num orfanato. —Acalme-se. Faremos tudo para encontrar seu pai ou qualquer parente que você possa ter. O departamento possui um grupo es¬pecial de pessoas cujo trabalho é procurar o ente mais próximo que poderá cuidar de seu bem-estar. Mas, até lá, terá de ficar aqui. Hannah morava em Katy, Texas, desde que nascera. Era na¬quela mesma cidade que seu pai iria procurá-la. Relutante, desceu do carro. — Não quero ficar aqui. E não preciso ser adotada. Meu pai não tem de me adotar. Ou tem? — Não. A agência primeiro tentará encontrá-lo. Mas, pelo que sei, você não o vê há muito tempo. Ainda se lembra dele? — Não muito. — Hannah, na verdade, jamais o conhecera. A primeira foto que vira dele saíra nas manchetes do jornal, três anos atrás. — Mas ele se recorda de mim. Quero esperá-lo na casa de minha avó. — Não pode morar sozinha, querida. Lamento, mas sua avó não voltará mais para casa. Ela agora mora com os anjos. Por já ter onze anos de idade, Hannah sabia muito bem o que as pessoas queriam insinuar quando diziam que alguém vivia com os anjos. — Minha mãe morreu quando eu tinha cinco anos, e vovó tam¬bém está morta. Mamãe falou para eu ficar em casa até meu pai aparecer. Preciso voltar para lá, senão ele não me encontrará. — Já informamos seu novo endereço à regional do correio. Assim, se alguém escrever para seu antigo endereço, o carteiro trará a carta até aqui. — É mesmo? Nancy parecia uma boa pessoa, Hannah concluiu. Mas os adul¬tos mentiam. — Tem certeza? — Tenho. Pode escrever para ele, se quiser. Tem o endereço? — Não. — Tudo bem, Hannah. — Nancy le ...

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