Livro: Amor Secreto Página 3

... ew começou a comer, com grande ape¬tite. Fitzwilliam observou-o durante alguns minutos. Por fim, indagou: — Não está se esquecendo de nada? — Ah, sim, eu deveria ter pedido mais geléia ao nosso amigo Simms. Empurrando o pequeno pote de geléia em sua direção, Fitzwilliam esclareceu: — Não era disso que eu estava falando e sim da novidade que você ia contar. — Ah, sim, claro. Mas posso terminar de comer, antes? Fitzwilliam riu: — Há quantos dias você não come, Drew? — Há algumas horas, apenas. Mas a paixão causa profun¬das alterações em nosso metabolismo, não é mesmo? Há pes¬soas que chegam a perder a fome. Mas, para mim, ela re¬dobrou de intensidade. — Drew voltou a observar atenta-mente o olho esquerdo de Fitzwilliam. — Se o golpe fosse um pouquinho mais forte, você teria perdido a visão. — Obrigado por suas palavras encorajadoras — Fitzwilliam agradeceu, com amarga ironia. — Você é, realmente, o melhor dos amigos. — Ora, não se lamente. Você é o homem mais cobiçado de Londres. As mulheres simplesmente se atiram a seus pés. E não será esse olho roxo que irá fazê-las mudar de idéia. Fitzwilliam meneou a cabeça, enquanto dizia: — Então era isso? — Isso o quê? — Drew interrompeu o gesto de levar uma torrada à boca. — Você se apaixonou de novo. Grande novidade! Você troca de amores como quem troca de roupas. — Desta vez é sério — Drew afirmou, num tom quase solene. — Já ouvi esta conversa, antes. Em muitas outras ocasiões. — E sério mesmo — Drew replicou. — Tal como da última vez em que você ficou louco de amo¬res por. — A última vez não significou nada — Drew o interrom¬peu. — Foi apenas uma euforia passageira. — E a penúltima vez? — Também. — E a antepenúltima vez? — Ora, pare com isso, amigo. Desta vez a paixão é pra valer, juro! E você está sendo injusto. — Por quê? — Porque está jogando o passado em minha cara. E i ...

so não se faz com ninguém, principalmente com um homem que acabou de descobrir o verdadeiro amor. — Verdadeiro amor? — Fitzwilliam repetiu, com ar de dúvida. — Acho que você anda lendo romances demais, meu caro. — Não tenho tido tempo para ler, nem para qualquer outra coisa, ultimamente. Já que ela ocupa todos os meus pensa¬mentos, vinte e quatro horas por dia. — Minha nossa. Parece que o caso é sério, mesmo. — É o que estou lhe dizendo, amigo. Sinto-me um novo homem. E você deveria fazer o mesmo. — Sentir-me um novo homem? — Fitzwilliam ironizou. — Procurar seu verdadeiro amor — Drew sentenciou, ig¬norando a provocação. Fitzwilliam sorriu, mas havia um toque de amargura em seu semblante: — Sinto muito, mas já faz muito tempo que desisti dessa ilusão. — Você está enganado. O verdadeiro amor existe, de ver¬dade, meu caro! — Drew sentenciou, com veemência. — O mais incrível é que passei a vida inteira procurando-o, em toda parte. Quando, na verdade, ele estava tão perto de mim! Estava bem diante dos meus olhos! — Não diga! — Fitzwilliam comentou, sarcástico. — Pois é. Finalmente encontrei a deusa dos meus sonhos, a mulher da minha vida, a senhora do meu coração. Aquilo era demais. Fitzwilliam desatou a rir. Drew reagiu, ofendido: — O que mais você quer que eu diga, para fazê-lo acreditar em mim? — Desculpe. — Fitzwilliam tentava conter o riso. — Mas é engraçado ver um grande conquistador, como você, portan¬do-se como um herói de romance. — Bem, temos de amadurecer, algum dia, não é mesmo? — E para que isso aconteça é preciso se apaixonar? — Entre outras coisas, sim. — Nesse caso, prefiro permanecer imaturo. — Você não sabe o que diz — Drew retrucou, fitando-o como se ele fosse uma criança. — No dia em que encontrar sua alma gêmea. — Espero que esse dia esteja bem longe, meu caro — Fitzwilliam o interrompeu, servindo-se de uma xícara de chá. � ...

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