Livro: Amor Secreto Página 2

... à mesa de refeições, em sua luxuosa man¬são em Berkeley Square. Preparava-se para tomar o desje¬jum, como sempre fazia, todas as manhãs, às nove horas, quando foi interrompido pela visita de Drew Mannering. — Bom dia, meu amigo — Drew o saudou, num tom cordial. Fitzwilliam deixou o jornal de lado e serviu-se de um copo de suco de laranjas. Naquele momento, sentiu uma forte pon¬tada sobre o olho esquerdo, que ainda trazia a marca do golpe sofrido num treino de boxe, alguns dias atrás. Instintivamente, levou a mão ao olho e, fechando-o, pres¬sionou-o levemente. A seu lado havia um pequeno prato, com uma compressa de água morna, preparada por Simms, o mor¬domo. — A temperatura caiu bastante, ontem à noite — Drew comentou, em voz bem alta, como era seu costume. — Achei que hoje já teríamos neve. Mas, ao contrário das minhas pre¬visões, não caiu sequer um floco. Nem sequer choveu. E se você olhar bem para o céu, verá alguns toques de azul, entre as nuvens carregadas. É um belo começo do inverno, não? — Sem dúvida — Fitzwilliam concordou, pegando a com¬pressa e colocando-a sobre o olho. — Vejo que seu olho ainda o está incomodando, amigo. — Sim, mas o golpe não prejudicou minha audição — res¬mungou Fitzwilliam. — Portanto, se você puder falar um pouco mais baixo, eu lhe serei eternamente grato. — As vezes você parece um velho rabugento — Drew cen¬surou-o, em tom de gracejo. — E você parece um alto-falante desregulado. Santo Deus! Quer acordar o bairro inteiro, com suas observações sobre o inverno? Ambos riram, divertidos. Então Drew perguntou: — A propósito, onde estão suas boas maneiras? — Como assim? — Ora, seu melhor amigo acaba de chegar e você nem sequer o convidou para o desjejum. — Você não me deu tempo de fazê-lo — disse Fitzwilliam, tirando a compressa dos olhos. — Mas sirva-se, por favor. — Puxa, pensei que você pretendia me deixar em pé, aqui, a manhã inte ...

ra. — Drew acomodou-se à mesa, enquanto o mordomo entrava na sala. — Simms, por favor, traga um pouco mais de chá — Fitzwilliam pediu. — E uma jarra de leite. — Sim, senhor — o mordomo assentiu, num tom respeitoso. — E dois ovos mexidos, também — disse Drew. — Certamente, senhor. — Você é o melhor mordomo de Londres — Drew comen¬tou, com um largo sorriso. — Bondade sua, senhor — Simms respondeu, com modéstia. — Meu amigo Fitzwilliam é um homem de sorte, por poder contar com seu precioso serviço. — Já chega, Drew — Fitzwilliam protestou. — Deixe-o providenciar o chá e os ovos, sim? — Ah, e pode trazer também creme de amendoim e mais algumas torradas, por favor. — Certo, senhor. — E o mordomo saiu. Inclinando-se na direção de Fitzwilliam, Drew observou-o atentamente, por alguns instantes. — O que foi? — Fitzwilliam perguntou, incomodado. — Parece que dessa vez seu adversário o acertou mesmo. — Andrew não teve culpa — Fitzwilliam fez questão de esclarecer.—Estávamos treinando um golpe e eu não desviei a tempo. — Quer dizer que você saltou com o olho esquerdo bem de encontro às luvas do seu oponente? — Bem, se você puder poupar-me dessas piadinhas infe¬lizes, serei eternamente grato. — E Fitzwilliam mudou de assunto: — A propósito, você não tem casa, meu rapaz? — Tenho. Mas lá não servem um desjejum tão saboroso quanto aqui. Fitzwilliam riu: — Sei que você é um homem bem-humorado. Mas confesso que, hoje, esse seu ar de felicidade está me deixando curioso. O que aconteceu, para deixá-lo tão eufórico? — Adivinhe — Drew sorria, com ar de alegre expectativa. —Fale de uma vez, amigo. Sou péssimo para adivinhações. — Você tem três chances. — Nem que eu tivesse trinta, poderia imaginar o motivo de tanta felicidade. O mordomo entrou na sala, trazendo o pedido de Drew. — Tenham um bom apetite — disse, antes de sair. — Obrigado. — Dr ...

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