Livro: Apaixonados Página 3

... muita gente me atrapalhando, em vez de ajudar, hoje. — É um prédio muito bonito este. — Um atentado à segurança, isso sim. Está caindo aos pedaços. — Então, por que você vive aqui? — Não tenho escolha. Brenda não respondeu; apenas observou-o pensativa, lembrando-se da época em que também não tivera esco¬lhas na vida. Mas isso já fazia parte do passado. Michael notou que ela era muito interessante. Possuía uma beleza delicada, cabelos curtos, que delineavam bem seu rosto, e lindos olhos azuis. Ficou curioso de saber quem aquela mulher teria vindo visitar no edifício. — E então? Vai chamar alguém para abrir a porta ou não? — perguntou Brenda, tentando disfarçar o cons¬trangimento que os olhos cor de mel lhe impunham. — A maioria dos interfones está com defeito. Os que estão funcionando bem são de apartamentos onde moram pessoas idosas, que só respondem às vezes. Michael sentia-se culpado por referir-se a eles dessa maneira. Sempre procurara respeitar os idosos, mas a experiência que estava tendo com seus vizinhos o deixava sem muita paciência. — Bem, se o interfone não funciona, coloque a maça¬neta de volta na porta — Brenda sugeriu e, vendo que ele a olhava desconfiado, acrescentou: — Sei o que estou dizendo. Estou aqui para ser entrevistada para a vaga de zeladora. — O quê?! Quero dizer, bem. Você é uma mulher! — Que eu saiba, sim. — Mas coloquei um anúncio requisitando um profis¬sional experiente. Um zelador. — E não poderia contratar uma zeladora? Michael estava perplexo. Não queria parecer machista, seria antiquado de sua parte. Mas o que menos esperava era uma mulher! — Poderíamos continuar a entrevista lá dentro? — Brenda sugeriu, com ironia. — Vai me entregar a ma¬çaneta para que eu conserte a porta de uma vez ou não? — Não! — Por quê? — Porque as coisas já deram errado o suficiente hoje. — Sei. E se você mesmo consertar? — Brenda pro¬nunciava as ...

alavras com a paciência que teria com uma criança de dois anos que se recusasse a comer verduras. — Tenho uma pequena chave de fenda em meu canivete que talvez ajude. — Eu posso fazer isso. Dê-me aqui. Como é mesmo o seu nome? — Brenda Munro. — Você é o candidato "B. Munro"? Por que não assinou seu nome todo? — perguntou, enquanto entregava-lhe o pacote para girar o trinco. — Porque já tenho experiência em inscrições para em¬pregos, e sempre há uma grande chance de encontrar um empregador machista e cheio de preconceitos, você sabe como é. — Ah, sim. Imagino. — Michael estava envergonhado e confuso. Ao mesmo tempo, sentia-se orgulhoso por estar conseguindo consertar aquele trinco. "Estes consertos não são tão difíceis, quando se tem a ferramenta certa", pensou. — É necessário girar a chave de fenda para a direita, com firmeza — Brenda ensinou. Michael, na realidade, também tinha separado seu car¬tão de crédito e, encaixando-o entre o batente da porta e a fechadura, conseguiu abrir. — Nossa! Foi fácil, nem precisou de minha ajuda — Brenda disse, com malícia. — É por isso que chamei também um chaveiro. Preciso trocar a fechadura ou qualquer um pode acabar entrando sem ser convidado. — Posso trocá-la para você. — Diga-me: você sabe consertar um aquecedor de água? — Depende do problema. — Se eu soubesse qual é o problema, teria consertado: — Michael percebeu que fora ríspido, mas estava cansado e com frio, sem saber ao certo como lidar com aquela mulher intrigante, que abalava suas estruturas. Procurou retomar a linha de pensamento, enquanto dirigiam-se para o seu apartamento: — Você tem experiência como zeladora? — Não. Mas fiz cursos de especialização e tenho jeito para consertos. Quando era criança, em vez de brincar com bonecas, me divertia com as ferramentas de meu pai. Gos¬tava de desmontar as coisas para montá-las em seguida. Michael envolveu-se no clima e esboçou ...

Comentários:

Deixe aqui seu comentário sobre este livro: