Livro: Renascer do Desejo Página 4

... fundido. Antes de abrir as portas, Warin ordenou que dois guardas fossem na frente para buscar Sir Hubert. Ao ver a entrada do grande salão, Guy sentiu um nó na garganta. O impacto do alívio e da gratidão por finalmente ter conseguido chegar em casa ameaçaram derrubar sua já desgastada compostura e fazê-lo cair de joelhos. O guarda atrás dele empurrou-o para que entrasse. Ao entrar, deparou-se com cheiro de fumaça, capim seco no chão e um cômodo quase vazio. Não fora isso o que imaginara encontrar. Mais uma vez Guy perguntou-se onde estariam os habitantes do lugar e o que ocorrera durante a sua ausência. Ele franziu o cenho, confuso, e perguntou a Warin: — Onde estão todos? Por que Hartford parece estar quase abandonada? Warin ignorou-o e caminhou a passos largos para a mesa no meio do salão. Depois de servir-se de um pouco da comida e bebida disponíveis, o guarda limpou a boca com as costas das mãos e disse, finalmente: — Para alguém tão estranho a nós, você faz perguntas demais. — O grito de uma mulher ecoou pelas escadas. Todos os homens recuaram. O pulso de Guy acelerou. Ele reconheceria o grito de Elizabeth em qualquer lugar, não importava quanto tempo tivesse ficado fora. Seu único pensamento foi salvar a esposa. Começou a dirigir-se para a escada, mas, antes que desse o segundo passo, foi derrubado no chão. O ataque foi tão forte que rapidamente o deixou com o rosto no capim. — Deixem-me levantar! — ordenou Guy, mas continuou sendo ignorado. Pela primeira vez em meses, o impulso da violência e da batalha voltou a redemoinhar em suas veias. Sentiu a fúria nublando a sua visão, os músculos tensos, a boca seca. Mas a culpa, sempre presente, combinada com sua força de vontade, afastaram a nuvem de ódio. Ele controlou seus impulsos e guardou-os novamente nos recessos sombrios de sua alma. Não importava qual fosse a provocação, ele não batalharia com seus homens. Eles estavam apenas cumprindo a sua obrigaç ...

�o de proteger Hartford e sua senhora de um intruso que não reconheciam. Warin cutucou o ombro de Guy com a ponta da bota: — Isso não foi esperto da sua parte. — Parece que a mulher precisa de ajuda! Vocês não a ouviram gritar? Os homens gemeram em uníssono: — Ouvi-la gritar? Não ouvimos outra coisa desde a noite passada. — O quê? — Quando Guy tentou levantar o olhar para o guarda, o homem que o segurava enfiou sua cabeça no capim novamente. Quando Elizabeth gritou de novo Guy precisou se controlar para não berrar de frustração. Ele precisava ir ao encontro dela, descobrir o que havia de errado. Por que todos permaneciam ali, parados, ao invés de tentarem descobrir o que estava acontecendo com a Lady de Hartford? Era óbvio que ela estava precisando de ajuda. — Eu juro que realmente sou o Lorde de Hartford — disse ele, cuspindo o capim que entrara em sua boca. — Deixem-me ir até a minha esposa! Warin bateu em seu ombro com a lateral da bota: — Se é mesmo o Lorde de Hartford, porque seu cabelo está grisalho? Ele era negro. Por que seu rosto está cheio de cicatrizes, quando antes não possuía nenhuma marca? E você não carrega uma espada. Lorde Guy jamais seria tão tolo. Arriscando-se a encher novamente a boca de capim, Guy respirou fundo. Mas antes que pudesse começar a responder a pergunta de Warin, a porta do salão abriu e voltou a fechar com um som surdo. — O que significa isso? Por que me chamaram? — Os passos do recém-chegado pararam no meio do salão. — O que temos aqui? Guy respirou aliviado. Sir Hubert. O homem que fora capitão da guarda de Hartford por quase 12 anos. Certamente ele reconheceria o homem a quem servia. — Este patife alega ser Lorde de Hartford — disse Warin, afastando-se e deixando Hubert tomar seu lugar. — Ah, é isso o que ele diz? Só o que Guy pôde fazer foi ficar olhando para os pés de Hubert. E permaneceu em silêncio enquanto o homem andava ao seu redor. — Ele n� ...

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