Livro: Um amor para sempre - Carolyn Davidson Página 2

... E o que os dois meninos tinham a ver com ela? — Tenho certeza de que você deve estar muito sur¬presa com a notícia, também me senti assim ontem. Quase vim até aqui, mas o sol já tinha se posto e eu sabia que a pegaria dormindo. Antes fosse! Quando o sol começou a mergulhar no horizonte, Johanna estava ainda separando o leite e batendo a manteiga que iria entregar no armazém ge¬ral da cidade naquele dia. Sem falar da caminhada que a esperava, quase três quilômetros só de ida. Além do mais, sequer havia jantado na véspera. E o pastor, que tinha ido ao seu encontro no celeiro, não lhe dera a oportunidade de tomar o café da manhã. — Sei que lhe faltam palavras, srta. Johanna. Afi¬nal, às vezes ficamos pasmos demais para expressar claramente a alegria que sentimos. Bem, já vou indo. — O reverendo levantou-se. — Estarei de volta em pouco tempo, por volta do meio-dia, e trarei o sr. Mont¬gomery comigo. Estou certo de que Deus abençoará o esforço de vocês. Alimentadas, as galinhas faziam uma tremenda al¬gazarra no galinheiro, enquanto as franguinhas, cis¬cando aqui e ali, desfrutavam seu desjejum. Johanna observava com orgulho aquelas represen¬tantes da raça leghorn saltitando ao sol da manhã. Naquele ano, tinha feito a criação a partir dos ovos que eram postos em sua pequena fazenda, separando as galinhas mais velhas para abatê-las no inverno. Três jovens galos ainda esperavam o abate, os outros já haviam se tornado refeições ao longo do verão. Seu galinheiro agora contava com mais de trinta exemplares para a postura, cujos ovos rendiam uns bons trocados toda semana no armazém-geral da ci-dade, quando eram entregues a Joseph Turner. Essa venda, juntamente com o dinheiro que recebia pela manteiga que batia a cada três dias, tornavam pos¬sível preencher as prateleiras da despensa com re¬lativa fartura. Afastando as barulhentas galinhas que se punham à sua frente, Johanna rumou para o portão do cercado e murmurou ...

— Bem, agora vou tratar de satisfazer o meu estômago. Após limpar os pés na barra de metal que colocara à entrada do galinheiro, ela se dirigiu com determi¬nação para a casa. Na cozinha, ao ver que a água fervia na antiga pa¬nela, concluiu que uma tigela de mingau de aveia podia ser um manjar dos deuses quando se estava faminta. Sem perder tempo, derramou flocos do cereal na água, adicionando uma pitadinha de sal, em seguida, pen¬sativa, cortou uma boa fatia do filão de pão que estava sobre a mesa, cobrindo-a totalmente com uma generosa camada de manteiga. Seu pai costumava lhe dizer que ela sempre acertava o ponto do mingau. Johanna remexeu o conteúdo da chaleira e deu um suspiro. Talvez aquela fosse sua única qualidade aos olhos do velho Patterson. Ele não perdia a opor¬tunidade para afirmar que sua mãe preparava um pão mais leve e macio e tortas bem mais crocantes, assados e bolinhos de carne de dar água na boca. Ela, porém, passara os últimos dez anos ouvindo o pai que tanto tentava agradar apontando defeitos em tudo o que fazia. Como se sua mente tivesse viajado para um outro mundo, Fred Patterson havia feito coisas estranhas naqueles últimos meses. Vender o cavalo fora uma das mais absurdas. Mas talvez a pior fosse mesmo ter fi¬cado na cidade numa certa ocasião; ali, ignorando o fato de nunca haver jogado pôquer por dinheiro, des¬conhecendo dessa forma o macete de jogadores profis¬sionais, ele perdera até o último tostão que trazia nos bolsos para uns desconhecidos que moravam num ou¬tro condado. Fred voltara para casa a pé naquela noite de sex¬ta-feira. Cansado pelo trajeto de quase três quilô¬metros, deixara-se adormecer na varanda. Johanna o tinha encontrado na manhã seguinte, o corpo frágil destituído do mais suave sopro de energia, era como se o vento oeste tivesse carregado consigo o último vestígio da débil vontade de viver que o habitara desde a morte da esposa Mary. Fazia três meses que ele se tinh ...

Comentários:

Deixe aqui seu comentário sobre este livro: