Livro: O beijo de judas Página 3

... durante várias semanas, juntou-se a um grupo de rapazes e moças, na escola de treinamento, para aprender a executar com perfeição as mil e uma obrigações de uma comissária de bordo. Terminando o treinamento, ela começou a trabalhar em pequenos vôos entre países europeus, para se adaptar ao serviço. Algumas semanas mais tarde, porém, recebeu a incrível notícia de que iria trabalhar na linha Londres — Miami, que a compartia tinha inaugurado recentemente. Lyn mal podia acreditar. As rotas transatlânticas são sempre as mais cobiçadas, já que a tripulação tem a chance de aproveitar o sol, nos três dias de folga. Além disso, segundo disseram colegas mais antigas, os pilotos costumavam ser mais jovens e mais sociáveis do que os das outras linhas. Ela conheceu Eric logo no primeiro vôo. Lembrava-se perfeitamente daquele primeiro encontro, quando o comandante apertara sua mão e a apresentara a dois auxiliares. Primeiro, a um sorridente engenheiro de vôo, e, depois, a Eric, muito alto e atraente, naquele uniforme de primeiro-oficial. Ele apertara a mão de Lyn com um leve sorriso e um brilho intenso naqueles olhos incrivelmente azuis. Ela não se lembrava de ter visto antes um homem tão atraente. Alto, de cabelos muito negros e pele bronzeada, ele a fizera corar violentamente. Achando que estava fazendo o papel de uma perfeita idiota, Lyn puxara a mão e afastara-se depressa. Certamente foi aquela atitude que despertou o interesse de Eric. A princípio, ela ficou apreensiva e nervosa achando que ele a consideraria inexperiente e que logo a trocaria por uma mulher mais sofisticada. Mas Eric foi muito paciente, fazendo tudo para que ela se sentisse à vontade. Assim, Lyn passou a agir com maior segurança, embora não conseguisse entender por que Eric a tinha escolhido. Está certo que era alta e certinha de corpo, mas ninguém podia dizer que era uma beldade. Achava até que tinha o nariz grande demais, mas Eric a tranqüilizava, dizendo que is ...

o lhe dava um certo ar aristocrático ao rosto. Durante seis maravilhosas semanas eles se encontraram e saíram juntos. Nesse período, Eric conseguiu fazer despertar em Lyn uma alegria e uma serenidade que ela desconhecia. Quando estava com ele Lyn parecia estar nascendo para uma vida radiante; exultava de felicidade. Por outro lado, quando estava longe dele, mesmo que fosse por pouco tempo, sentia-se num mundo onde faltava alguma coisa. Pensava apenas na hora em que se encontrariam novamente. Pela primeira vez na vida estava realmente apaixonada, e achava que não poderia haver um sentimento mais fantástico do que aquele. Um sentimento que a enchia de ternura e de desejo. Cada beijo, cada caricia dele despertavam-na para um mundo onde não havia limites nem preconceitos. Quando o calor do corpo dele envolvia o seu, Lyn abraçava-o com força e sentia aumentar o fogo que lhe queimava as entranhas. Aquela paixão a enlouquecia, e ela gostava disso. Ia pensando naquelas coisas, enquanto caminhavam para o hotel. Pararam para um último beijo, em frente a uma galeria. Depois, olhando para a vitrine de uma loja de brinquedos, Erìc sorriu. — Espere aqui — disse ele. — Não vou demorar. Lyn obedeceu, embora um pouco espantada. Ficou observando um grupo de crianças que disputavam uma partida de telejogo, no interior da loja, muito concentradas. Eric logo voltou e ela não pôde conter um grito de surpresa e alegria. Ele carregava um enorme urso de pelúcia, branco de orelhas pretas e olhos negros, muito brilhantes. — Tome — disse Eric, entregando o urso. — Isto é para você abraçar na cama… enquanto não puder arranjar um substituto mais interessante. Lyn pegou o brinquedo, com um sorriso de alegria quase infantil. — Oh, querido, mas ele é tão fofinho! É focinho demais! Tanto que eu posso até… não querer um substituto! Imediatamente, Eric tentou pegar o urso. — Nesse caso, vou pegá-la de volta. — Não senhor! — gritou ...

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