Livro: Anjo Loiro Página 4

... fazer tudo o que estivesse a meu alcance para dar ao garoto uma ajuda decente para começar a vida e. — Eu sei — exclamou ela, caminhando até perto dele e segurando a manga de seu paletó, mas ele desvencilhou-se e continuou: — Minha correspondência com você era endereçada ao senhor Alex Durham, e você sabe disto. Todos os meus planos, todas as combinações foram feitas contando com um garoto de talvez doze, treze anos de idade. — Bem, não posso fazer nada, já disse! Eu não pedi para você ser o meu tutor. Nem podia escolher o meu sexo. Se pudesse, pode ter certeza de que eu faria tudo para satisfazer você, em cada detalhe! — Que história é esta? — Sei muito bem que o meu pai nunca quis uma filha, assim como você também não me quer — respondeu, com amargura, e Jason percebeu a profunda angústia nos olhos azuis, sentindo uma ponta de remorso. — Deveria mesmo ter nascido menino. Assim talvez papai tivesse me levado em suas viagens pela Grécia e América do Sul, em vez de me deixar abandonada num convento, a ponto de eu pensar que morreria de tédio. — Qual é a sua idade? — Dezessete. — Dezessete?! — repetiu, espantado. — Mas. mas. — Meu pai nunca lhe falou de mim? — levantou os ombros, com desprezo, mas Jason percebeu que ela lutava contra as lágrimas. — Isto não me surpreende. Ele não queria se casar, como você deve saber. E não teria se casado nunca. Minha mãe morreu quando eu nasci. e ele me pôs sob os cuidados das freiras em Saint Coeur. — Onde fica esse convento? — Fica nos arredores de Paris. Sabe, a minha mãe era francesa, mas muitas freiras eram inglesas e meu pai insistiu que, como ele falava pouco francês, eu deveria ser educada na língua dele. — Compreendo. Como Durham pudera ignorar a existência de sua filha e nunca ter se referido a ela? Era frio e desumano! E não combinava com o homem que ele pensava conhecer tão bem. Mas talvez fosse justamente por causa disto que ele o aj ...

dara. Talvez tivesse um sentimento de culpa em relação a esta filha, que era quase um bebê, enquanto fazia as escavações em Los Lobos. Inseguro, perguntou: — Você disse. que seu pai falou sobre mim? — Falou! — O rosto da jovem iluminou-se novamente. — Não sei se ele lhe escreveu contando sobre suas expedições, mas no fim da vida, quando ficou de cama. — a voz dela tremeu — preso na cama, falou muito sobre você. — Olhe, mocinha, acho melhor que se sente. Temos muito que conversar! Ao se sentar, o casaquinho que vestia se abriu e revelou os seios bem-feitos e redondos, sob a camiseta justa. Jason hesitou um momento e, depois de alguma relutância, escolheu o sofá em frente ao dela. — Agora — disse, enquanto ela erguia para ele os olhos ansiosos — conte-me o que aconteceu com seu pai. depois que ele voltou do México. — Oh, não é muito fácil. Eu não sabia por onde papai andava ou o que estava fazendo. Parece que ele financiou uma expedição ao Egito, mas não tenho certeza. — Mas e o instituto? — Jason perguntou, paciente. — Ele organizou o instituto de pesquisa? — Agora era a vez da mocinha ficar intrigada e ele explicou: — Seu pai pretendia usar o dinheiro que ganhou na expedição de Los Lobos para criar um instituto de pesquisas. Era evidente que Alexandra nunca tinha ouvido falar disto. — Sinto muito — disse ela. — Se. se está pensando que meu pai morreu rico. — Mas eu não perguntei isto! — Jason respondeu, irritado, ferido pela insinuação, e ela continuou: — Ele gastou até o último centavo na última expedição à Turquia, num vale remoto das montanhas Taurus. E foi lá que ficou doente, com uma infecção pulmonar. Eles viviam em tendas, ao lado das escavações e quando o transportaram para um hospital já estava com pneumonia. Ele curou-se, mas nunca mais recuperou as forças para continuar e teve que voltar para Londres. Foi então que mandou me buscar. — E há quanto tempo foi ...

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