Livro: Anjo Loiro Página 3

... batida na porta o trouxe novamente à realidade. Dominando a ansiedade, atravessou a sala com passos largos e abriu a porta. Mas parou, atônito, quando uma mocinha de uns dezesseis anos adiantou-se risonha para ele, e, apoiando-se na ponta dos pés, plantou um beijo em sua face. Pouco acima da altura mediana, esguia e frágil, tinha longos cabelos loiros, que caíam até os ombros. Seus olhos, com reflexos violeta, eram protegidos por longos cílios castanho-dourados. A boca risonha era suave e bem-feita. — Jason! — falou, em voz baixa e ligeiramente rouca. — Tem que ser você! É mesmo como papai me descreveu! — Papai?! Jason estava realmente confuso, principalmente porque a jovem entrou na suíte sem ser convidada, olhando à sua volta com evidente fascinação. — Escute. quem é você? — Mas mesmo enquanto estava perguntando, já sabia a resposta, e sentia um vazio no estômago. — Você. não pode ser! — Alex Durham, sim. — A mocinha voltou-se para ele, inconsciente do encanto que transmitia. — Não estava me esperando? Os lábios de Jason se movimentaram, mas sem que ele pudesse falar. Depois repetiu, incrédulo. — Alex Durham? — O sorriso que iluminava aquele rostinho delicado, transformou-se em uma máscara de incerteza. — Sim. Na verdade, meu nome é Alexandra — explicou. Depois, com um ar de desafio, acrescentou: — Todos me chamam de Alex. — É mesmo? — Percebendo que a porta continuava aberta, Jason a fechou, relutante. — Mas você sabia que eu pensava que você era um rapaz, não sabia? — Você pensava isso? — Ela levantou os ombros, num gesto de desconsolo. — Sinto muito. Não sabia que faria muita diferença. Jason afastou-se da porta, aborrecido por perceber que quem estava desconcertado agora era ele. A correspondência trocada com os advogados de Durham não tinha sido explícita. Obviamente, dentro das circunstâncias, tinham calculado que ele saberia a idade e o sexo da criança. Criança? Seus l ...

�bios se apertaram. Mesmo depois de tão breve tempo, podia ver que Alexandra Durham não era uma criança. Que idade teria? Charles nunca havia mencionado uma esposa, durante todo o tempo em que o conhecera, e, conseqüentemente, Jason tinha concluído que ele se casara depois de voltar definitivamente para a Inglaterra. Isto faria com que o garoto. ou garota, não tivesse mais do que uns doze anos, no máximo. Mas aquela jovem tinha no mínimo uns quinze ou dezesseis anos! Sua responsabilidade como tutor seria por bem menos tempo, é verdade, mas que .complicação! — Você mora aqui? — a mocinha perguntou, e Jason esforçou-se para se concentrar no que ela dizia. — Não, é lógico que não! — respondeu, impaciente. — Você sabe que a minha casa fica no Uruguai. — Minha pergunta se refere ao tempo em que você ficar na Inglaterra — explicou polidamente, e sua lógica irritou Jason ainda mais. — Eu nunca me hospedei em um hotel. As freiras não aprovavam este tipo de coisa. Algumas das minhas colegas costumavam passar as férias com seus pais. Mas eu não. Papai estava sempre num ou noutro lugar, fazendo escavações. — Espere um pouco — Jason exclamou, interrompendo. — Não acha que deveria me explicar por que me deixou na ignorância quanto ao fato de você ser uma mulher, e que diabo espera que eu faça com você, neste caso? — O que eu espero que faça? Por que pergunta? É o meu tutor, não é? Tanto faz que eu seja mulher ou homem! — Não acredito que seja tão ingênua. Sabe muito bem, Srta. Durham, que eu esperava um rapaz! — Você não se cansa de repetir isto, mas não posso fazer muita coisa, quanto a isto! — respondeu, meio risonha, e seu divertimento foi a gota d\'água para Jason. — Pois eu lhe digo — falou, muito zangado. — Seu pai foi um grande amigo, quando eu realmente precisei de ajuda, e isto eu nunca esqueci. Quando soube que ele morrera deixando um. filho. sob a minha guarda, estava preparado para ...

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